Sunday, August 10, 2014

Arrogância

É incrivel a arrogância humana, é incrível a minha própria arrogância. Não é uma arrogância plena e muito menos é uma arrogância consciente ou intencional. Não, é simples, é lógica, é simplista.
Vejo, hoje, que continuo a ser igualmente arrogante porque arrogante é o nome que dão à minha forma de ver o mundo. Não acredito que não precises da solidão quando queres pensar, a única forma de estar sempre junto de movimento contínuo é necessitar de ruído constante. E se precisas de ruído constante bem, então, empurras a tua própria voz para debaixo do pulmão ou não tens voz alguma para empurrar. És oco.  Mas eu tenho e ouço-a, é a minha vivência e a minha sobrevivência, como posso escolher não ouvir? Tenho de ter momentos em que o único ruído são as ondas do mar a rebentarem na areia. E dizes: mas estás só. Como te explicar que não estou? Nunca vais entender, porque não há ruido de fundo e não entendes que ruído não é música. Não entendes que por mais que me digas o que fazer eu tenho as minha própria vontade.
Mas como disse, é incrível a minha arrogância. É absolutamente incrível porque não é arrogância, só quero ter uma vida para viver como toda a gente. Só não a quero da mesma forma que toda a gente. Tenho os meus gestos, as minhas ideias, as minhas paixões, as minhas paranoias, as minhas qualidades, os meus sonhos e não as possibilidades dos outros, as manias dos outros, os amores dos outros, as idiotices dos outros, as oportunidades dos outros e as utopias dos outros. E não os consigo vestir.
Também não consegui vestir os teus embora tenha ficado com algumas das tuas utopias. Espero viver e acarinha-las o suficiente para conseguir antever como se abre a entrada para esse longo caminho.

Como já disse, é incrível a tua arrogância. 

Tuesday, August 05, 2014

Carta de despedida

A minha vida não te interessa e, consequentemente, eu não te interesso. Não faças essa cara que sei que fazes, não podia ter menos interesse, em ti, também. É só a despedida, convém dizer o adeus quando é tempo. Sei bem que dizes ter pena de mim e sei bem que tenho pena nenhuma de ti. Como não tenho pena de mim mas sei que me falta um pedaço de coração. Porque devia lamentar por ti.
Sei que disse que te amava e que teria essa vida e que cruzaria o mundo por ti e contigo. Sei que se te não escrevi poemas é porque não sei escrever poemas. Sei que prometi que estaria sempre lá, sempre aqui, sempre contigo, onde quer que fosses. Sei que prometi o meu ombro e o meu abraço quando precisasses e quando não precisasses. Sei que te prometi o meu tempo. Sei que te prometi o meu amor mas não to dei inteiramente.
E tu sabes que me cansei das minhas promessas. Como dizer? Perdi o amor. Houve um momento em que, quanto mais te dava, menos te queria dar. Como se me sugasses a vida, a minha vida. Não existia para ti. Não te queria contemplar, não tinhas assim tanta beleza. O teu sorriso começou a cansar-me, o teu ser começou a ser enfadonho. Tu tornaste-te aborrecida. Mas eras exactamente a mesma pessoa, dizes. Talvez tivesse sido esse o problema. Não sei e não tenho interesse.
Sei que te prometi e sei que por vezes  cumpri. Sei que durante algum tempo cumpri e que tu eras feliz. Eu também fui. A minha vida agora não te interessa, não é uma vida em que possa parar para ficar a contemplar o teu ser. O teu enfadonho ser. Tenho tanto mais que fazer. Não há lugar para mim aí, não sou um contemplador. E, obviamente, rejeito o lugar que tinhas para mim sem hesitar em hesitar.
Tem pena de mim à vontade. Ate, porque lá bem no fundo consigo reconhecer, que algures essa pena de mim teve um outro nome. Sei que me quiseste de volta. Mas a minha vida não tem interesse por ti. Nada tens a dar. E nada há que te queira dar.

Quase te odeio por me teres feito perder tempo.