correr de marcar um gol
para achar por acaso
os vazios do campo
não enxergar
bola chutada
quando se foi
menino goleiro
para entrever
a sandália dela
sob vestido longo
suar
o tempo
da superfície
como mudas novas
os pés
deixam o hábito
e pisam na terra
como um deus forte
e aspiram
no deserto
vento que move
em promessa
e ávidos
buscam no quarto
outros pés
dispostas na sala
sandálias
esperam
a volta
de sua dona
esperam
no tempo contíguo
um olhar
que lhes contemple
o desenho
a cada dia
renovado
Luiz Fernando Medeiros
Juiz de Fora, 20/10/2015