A cada acontecimento novo que passa e que me faz alterar um pouco o rumo daquilo que traço, sou obrigada a reinventar-me e a criar novamente a pessoa com quem vivo de mais perto, aquela com quem nasci. Eu mesma.
Misturo as tintas da vida e incorporo os novos acontecimentos na paleta das cores desconhecidas com que vou pintando o céu para o qual olho todos os dias a fio que passam.
Faço combinações impossíveis de calcular e olho para o resultado final para saber se a pintura serve ou terei de começar tudo de novo. Quero criar um quadro bonito que esteja presente por cima da lareira dos meus netos.
Gosto das cores garridas e o meu jeito para combinações é indiscutível. Podia ter sido uma série de profissões artísticas quando tive a oporrtunidade de as experimentar.
Agora limito-me a pintar as cores da vida, na memória dos afectos daqueles que me permitem usar a arte do pincel.
Por vezes, borro a pintura e prometo a mim mesma que um dia hei-de voltar aquele quadro e tentar compor aquilo que estraguei. Raramente apago as asneiras que faço, gosto mais de as disfarçar com tintas de acrílico de forma a que jamais se note a borrada.
A água das tintas é também um bom material para utilizar. Tem o cor mais esbatida mas não menos intensa e por vezes a pintura é apenas mais suave e não menos bonita por isso.
O único problema que tenho é que não sei desenhar. Limito-me a fazer um amontoado de rabiscos que não apago por pura teimosia.
Mas o teu rascunho até saiu bem...