Amedeo Modigliani
Sou
uma mulher
que
ninguém chama pelo nome.
Hão-de
nomear-me filha
do
vento e dos caminhos.
Hão-de
ver asas em meus dedos
quando
danço.
Mas
a nenhum lugar pertenço
e
intrusa me sinto do futuro
adivinhado
em minhas mãos.
Quando
embalo o meu filho
antevejo
um estranhamento
gravado
em sua sina
e
um brasido de fogueira em suas veias.
Acoitarei
na água da retina
a
linha inacabada dos seus passos.
Graça Pires
De Fui quase todas as mulheres de Modigliani, 2017, p. 25