quinta-feira, 30 de julho de 2015

Um ano e meio num dia

Ainda está escuro e ela sai de casa.
Sai sabendo que assim será o dia todo: na escuridão.
Quando anoitece conforme a natureza determina é que o dia começa para ela.
Finalmente ela sente seu sangue em suas veias, sente que tem uma vida e a esperança contagia seu coração.
No fundo ela está cansada!!
Cansada daquele lugar, cansada daquelas pessoas.
Todos os dias ela se pergunta o que ainda faz lá.
A resposta nunca chega.
Hoje ela pensa que ele financia os dias ensolarados, os sorrisos dos olhos, as lágrimas de um choro embolado na garganta pra não chorar na frente das pessoas.
Mas ela sofre.
Como é difícil sustentar um amor com dor, com suor, com lágrimas.
Ela hoje está angustiada.
O motivo é o mesmo, mas a dor sempre muda.
Curioso pensar sobre suas etapas.
Rejeição.
Por que eles não me aceitam?
Por que eu tenho que ser diferente?
Por que não consigo ser igual a eles?
Depois ela tentou ser aceita, ser igual e não conseguiu.
Rasgou seu corpo porque sua alma já não suportava mais tanta maldade.
Hoje ela não se corta mais.
Mas sua alma ainda sangra.
Difícil ficar onde não se é bem quisto.
Difícil permanecer estável quando nada coopera para sua paz.
Hoje ela não vai dormir provavelmente.
O sono existe, o cansaço físico é superando pela exaustão da alma.
Ela já chorou mto, sorriu também.
Ela aprendeu a tentar.
Não sente mais medo de nada nem ninguém, ela se ama, se aceita, se compreende todos os dias e só queria descansar.
Descansar a alma quando descansa o corpo.
Sentir sua alma cicatrizar um pouco.
Por hora só existe a noite ensolarada.
Não há nada para fazer.
Ela usa aquela fé que aprendeu a ter, mas em dias de derrota como o de hoje ela só precisa chorar.
E ela chora nesse momento porque lhe faz bem.
Porque esse sentimento ruim não lhe pertence, porque os dias ensolarados dependem somente dela.
A gente sabe que ela tem esses dias sombrios, escuros, ela sente pena dela.
Mas ela não acha feio.
Ela se entende, se respeita, se preserva, se dá esse dias.
Ela sabe que muitas coisas que acontecem são justamente pela sede que ela tem, porque ela é intensa, louca, ávida de vida.
Sabemos que ela não vai dormir, vai chorar, mas tanto nós quanto ela sabemos que ela vai superar porque até hoje, de tudo o que está escrito aqui, ela não soube fazer outra coisa.
Ela nasceu, morreu, nasceu, cresceu, morreu de novo e tem histórias para contar,
Ela veio aqui e pediu para eu apenas dizer: 
"Meu amor, acalme-se que tudo isso vai passar, sempre passou, você sempre venceu e assim será."
Talvez depois de se abraçar, se consolar, de chorar, ela sinta soninho. Desça as escadas e tome aquele café com creme que ela ama e ele aqueça seu coração.
Agora ela sempre toma café, ela sempre lê livros de direito, ela sempre se estressa com aquilo que não a faz feliz.
Ela se enfurece com injustiça, ela ama sua família cada dia mais, ela cresce e é uma mulher, ela agora quer ser advogada, ela confia demais que leva jeito pra isso. 
Ela começa com o caso mais difícil de sua vida e ela decidiu que a justiça não é seu fim.
O fim será da injustiça....


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