Uma manhã perfeita começa sem despertador. Abro os olhos e, sem voltar a cabeça, sinto a tua presença. Nem preciso de te ver. Fecho os olhos, sinto a tua respiração. A minha mão procura o teu corpo quente. Abro os olhos, levanto a cabeça e olho para ti. Voltada para a janela, de costas para mim, um costume teu que aprendi a gostar. Inclino-me sobre ti e cheiro o teu cabeço, a tua nuca, o teu pescoço. Adoro aspirar a tua essência, o teu odor maravilhoso. Sorrio e uma ideia passa pela minha cabeça. Levanto-me sem fazer barulho, tentando não te acordar. Já de pé procuro os chinelos na escuridão do quarto. Só consigo ver a tua sombra mas isso basta-me. Estás ali! A mulher que amo está deitada na minha cama. Silenciosamente, saio do quarto, abro a porta da sala e cumprimento o gato. Ele acompanha-me até à cozinha com pequenos miados e sempre a tentar morder-me os dedos dos pés. Pego no tabuleiro e numa pequena toalha e pouso-o em cima da mesa. Olho para ele e imagino o que lá por. Vou ao frigorífico e pego nas laranjas. Enquanto espremo as laranjas, vou pensando como algo tão ácido como a casca da laranja esconde algo tão doce como o seu sumo. Tal como a nossa relação. Passamos coisas difíceis. Diferenças que podiam ter-nos feito seguir caminhos diferentes. Mas não. Discutimos mas sempre conseguimos resolver tudo. Nunca estivemos um dia sem nos falarmos. Apesar de nos tirarmos do sério, não conseguimos estar chateados sem falar.
Pego no pão para fazer umas torradas. Gosto que a torrada fique estaladiça, dourada, não muito queimada. Sei que gostas com mais manteiga do que eu por isso barro com carinho. Adoro o facto de gostares dos pequenos pecados da vida. És gulosa. Não escondes, não resistes. Penso no que por no tabuleiro para te adoçar a boca. Pego em duas ou três tostas e vou ao frigorífico buscar a compota de frutos vermelhos. Barro generosamente e coloco no prato. Penso se quererás um iogurte e pelo sim pelo não, ponho. Antes a mais do que a menos. Passou a ser assim a minha posição face a ti. Antes dizeres que te estou a fazer coisas a mais do que não saberes que te amo. Com todo o cuidado para não tropeçar no gato, levo o tabuleiro para o quarto. Imerso na escuridão, tenho medo de tropeçar em alguma coisa. Pouso o tabuleiro na tua mesa de cabeceira e abro ligeiramente a persiana. Os primeiros raios de luz iluminam a tua cara. A tua pele morena que me encanta, os traços que me fascinam, o teu cabelo que me apaixona. Sento-me na beira da cama ao teu lado e começo a dar-te mimo. Os teus lindos olhos começam a abrir. Provocas logo o meu melhor sorriso. Sinto que o sono ainda confunde os teus sentidos mas logo o meu sorriso te aquece. Dou-te um primeiro beijo na testa. Depois um pequeno beijo nos lábios. Espreguiças-te longamente enquanto te dou os bons dias. Olhas para o lado e vês o tabuleiro. Os teus olhos iluminam-se numa mistura de fome e gratidão. Levantas-te e pouso o tabuleiro à tua frente. Vais comendo e pergunto-te se dormiste bem. Contas-me o teu sonho onde estavamos os dois numa praia qualquer e sorrio. Respondo-te que chegará o dia em que isso acontecerá, enquanto afasto o gato da comida. Terminas com um sorriso de satisfação e tiro-te o tabuleiro da frente. Pergunto-te se te queres levantar, respondes que queres ficar mais um pouco no mimo comigo. Rio-me e deito-me a teu lado. Estou feliz...
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