Amanhã meu amor, amanhã faço poemas com os teus dedos donde nascem flores, amanhã escrevo-te cartas com os lábios a tremer de frio, amanhã adormeço desperta no canto mais canto que houver da tua voz, amanhã meu amor, verei todas as folhas amarelas que nascem do chão e regressam aos ramos dos teus braços, amanhã vou dançar no silêncio proibido que te cala, amanhã fecho os olhos e finjo que estou acordada para que me toques as pálpebras com a respiração ofegante de quem cega, amanhã meu amor, abro as janelas do peito onde nascem estrelas sem céu, abro a cama e procuro-te debaixo dela, dou-te a mão para que me encontres no mapa da pele dorida, para que me encontres talvez no mesmo sítio de sempre onde nunca foste, amanhã meu amor, dedico-te o vento que roça as estátuas já esverdeadas da tua cidade, faço-te promessas de palavras que não existem, desafio-te para um duelo de um só combatente, deixo-te sozinho comigo encostada aos teus ombros de lava, amanhã meu amor, vou cantar canções na rá