domingo, julho 23, 2006

Erros







(De passagem por Lisboa,
em tempo de férias)

Dos erros que cometi
a maior parte já esqueci.
E dos outros, que a memória
guardou para a minha história,
como a entendo,
nunca me arrependi
nem me arrependo.

(2006)

quinta-feira, julho 13, 2006






Encerrado para férias.
Reabre qualquer dia.

quarta-feira, julho 12, 2006

Labirinto







Acrílico sobre tela
Torquato da Luz, 2006

Havia um quadro de Lautrec e um poema
(era de Baudelaire ou de Rimbaud?)
e uma taça de absinto.
Numa parede, alguém gravara o lema
que animaria o nosso voo
através do labirinto:
"Não há processo
de amar sem excesso".

(2006)

segunda-feira, julho 10, 2006

Casas







Acrílico sobre tela
Torquato da Luz, 2006

Casas sem portas nem janelas, casas
feitas casulos,
casas erguidas sobre o chão avermelhado,
apontando ao céu pálido
os seus pardos telhados.

Casas perdidas de lonjura, casas
que se caiaram
de silêncio e esquecimento.

Casas habituadas
à solidão que as habita.

(2006)

quinta-feira, julho 06, 2006

Retrato







Acrílico sobre tela
Torquato da Luz, 2006

Quis pintar-te o retrato com as cores
que o sol derrama pelos campos
à hora das cigarras sequiosas.
Mas logo dei pela falta
do translúcido azul que o mar do meu país
tomou de empréstimo ao céu.

(2006)

terça-feira, julho 04, 2006

Espelho










Esquecido de quem fora, frente ao espelho,
não vi mais o meu rosto, mas o teu.
Eras um rio, talvez o mar, a superfície
límpida e transparente de uma água antiga
que os deuses inventaram, cegos de te ver.

Já te guardei o nome, já o soube,
já o fixei na pedra sobre a qual pensava
que assentaria o meu crepúsculo.
Mas vieram o vento, a chuva, o sol,
os elementos todos,
e apagaram as letras do desenho.

Restam-me o espelho e o rosto
que ele devolve no lugar do meu,
insensível ao desgosto
de não sermos o mesmo, tu e eu.

(2006)

domingo, julho 02, 2006

O impossível







Acrílico sobre tela
Torquato da Luz, 2003

Não quererás o fácil, mas apenas
o impossível, o que está
para além do que pensas alcançar.
Tão-pouco as tuas mãos serão pequenas
para abarcar aquilo que há
por detrás do que vês com o olhar.

(2006)