sexta-feira, outubro 29, 2010
sexta-feira, outubro 22, 2010
Uma boa notícia para a cidade
Uma boa boa notícia com o que me parece uma boa solução.
Esperemos para ver o desenrolar do processo jurídico iniciado pela Quercus.
N'O Setubalense:
"A construção do centro de aprovisionamento logístico e unidade comercial Decathlon poderá agora receber “luz verde”, depois da associação Quercus ter recuado na providência cautelar que havia interposto contra a Decathlon. O acordo prevê menos abate de sobreiros e plantação desta espécie protegida em terreno anexo.
O Tribunal Administrativo e Fiscal de Almada vai analisar o texto de acordo celebrado há uma semana entre a Decathlon e a associação ambientalista Quercus, e só depois deliberará sobre o levantamento, ou não, da providência cautelar interposta pela Quercus(...)."
Recordo a posição desta agremiação há uns meses atrás quanto ao empreendimento:
"deve ser devidamente estudada a sua localização, podendo eventualmente a própria Unidade Comercial ou Loja Decathlon ser localizada dentro da área urbana de Setúbal, requalificando edifícios degradados e promovendo o emprego na cidade, em vez de se efectuar uma expansão da malha urbana"
As implicações para a cidade de uma unidade desta natureza no seu centro são demasiado óbvias para me dar a certeza que não havia um mínimo de bom senso na sua proposta e que uma solução alternativa deveria ser encontrada.
Num concelho tão carenciado de investimentos criadores de emprego (privados e não estatais, ao contrário do que gostariam os gastadores do dinheiro alheio como a Associação de Munícipios) seria lastimável se se desse o caso da empresa não conseguir levar adiante o projecto.
quinta-feira, outubro 21, 2010
Liberdade de comércio
Esperemos que aquilo que é uma alteração legislativa que vai no melhor sentido não venha a sofrer entraves por parte da autarquia. Recordo que na cidade de Setúbal há várias empresas (com várias lojas cada uma) que sempre abriram ao domingo todo o dia: Pingo-Doce, Lidl, Intermarché, Modelo.
Esta mudança aplica-se apenas ao Grupo Auchan (Jumbo).
N'O Setubalense:
"O hipermercado Jumbo já deu entrada, na Câmara Municipal de Setúbal, do pedido para abertura até às 24 horas, aos domingos. Este pedido tem por base um decreto-lei, publicado na última sexta-feira, que permite aquele horário já a partir do próximo fim-de-semana."
terça-feira, outubro 19, 2010
O jornalista e o economista
Porém, com Sócrates tudo mudou, e os desígnios ocultos passaram ser procurados mais do lado das oposições; talvez por o governo ter distribuído empregos, em assessorias várias, por muito profissional da comunicação social, para não falar das famigeradas agências…
Mas onde não há sombra de desígnio oculto, é quando o actor do discurso é um dos economistas da nossa praça. Aí, o jornalista transforma-se num crente, pronto a escutar com reverência a verdade do professor de economia.
PS. A reverência pelo especialista não é apenas nossa, mas do Ocidente em geral. O capitalismo tecnocrático dos nossos dias foi beber às fontes de outros “ismos”, aqueles que marcaram a paisagem do século XX. É preciso remontar a eles, para perceber esta reverência pelo especialista.
sexta-feira, outubro 15, 2010
Brasil, censura e preconceitos
Quanto ao "Estadão" concretamente, Freitas não poupa críticas: "É um jornal que não aceita contrariedade à sua linha política, e evita casos assim escolhendo adequadamente os seus colaboradores. A Maria Rita não faz parte de uma corrente de pensamento que possa ser convidada a escrever no "Estado" sobre qualquer assunto." Criado como "um jornal liberal, de combate à escravatura", desde que "a terceira geração de herdeiros assumiu a direcção, no começo dos anos 60, há uma linha única". Maria Rita, remata este analista, é um caso de "censura, claramente".
segunda-feira, outubro 11, 2010
Mão Visível
O João Rodrigues é um (bom) exemplo disso:
Uma fracção das nossas elites suspira por Angela Merkel e pelo FMI. É como se quisessem ver a economia portuguesa definitivamente canibalizada pelos representantes dos bancos internacionais, dos credores.
Geralmente, são os mesmos que nos colocaram nesta situação, apoiando um processo de integração monetária que, na sua configuração concreta, se revelou desastroso para a economia portuguesa. Os mesmos que aderiram à ruinosa moda das privatizações de sectores estratégicos, reconstituindo grupos económicos viciados nos bens não-transaccionáveis. Os mesmos que acham que basta liberalizar porque o mercado trata do resto. A "mão invisível" é invisível porque não existe, como disse Joseph Stiglitz.
São os mesmos que querem manter um capitalismo medíocre, incompatível com um Estado social moderno e com relações laborais promotoras da formação, motivação e participação de quem trabalha. Os mesmos que querem acabar com o investimento, reduzir salários e abocanhar recursos públicos. De braço dado com Merkel e com o FMI, que tem provas dadas nestas matérias, levam-nos, irresponsavelmente, para a recessão e para o desemprego.
Que fazer? Uma das possibilidades é lutar por um Estado estratego, garante da possibilidade da realização dos bens comuns na economia, como defende, entre outros, Manuel Alegre. Um Estado que imite o que muitos outros estados fazem, mas não dizem que fazem e por isso a sabedoria convencional não vê: uma política industrial que proteja e apoie os sectores nacionais inovadores e de maior valor acrescentado.
Na verdade, como assinala o economista Ricardo Paes Mamede no blogue Ladrões de Bicicletas, existe algum esforço governamental para dotar o país de uma política industrial digna desse nome, com vontade de reverter a posição excessivamente dependente do país a que os défices externos expõem todos os dias.
O artigo completo pode ser lido aqui.
O i é uma lufada de ar fresco num espectro comunicacional cada vez mais cinzento. Inovador na imagem e design gráfico, tem o pluralismo como marca sua.
Em nome do pluralismo...
De facto, os diferentes painéis de comentadores televisivos convidados para analisar o chamado PEC III foram sistematicamente constituídos a partir de um leque apertado e tendencialmente redundante de opiniões, que oscilou entre os que concordam e os que concordam, mas querem mais sangue; ou entre os que acham que o PEC III vem tarde e os que defendem ter surgido no timing certo. Para lá destas balizas estreitas do debate, parece continuar a não haver lugar para quem conteste, critique ou problematize o quadro conceptual que está em jogo e as intenções de fundo, ou o sentido e racionalidade dos caminhos que Portugal e a Europa têm vindo a seguir, em matéria de governação económica.
Por ignorância, preguiça, hábito, desconsideração deliberada ou manifesto servilismo, os canais televisivos têm sistematicamente tratado a análise da crise económica como se o intenso debate quanto aos fundamentos doutrinários e às opções políticas que estão em jogo pura e simplesmente não existisse. Com a particular agravante de a crise financeira, iniciada em 2008, ter permitido uma consciencialização crescente em relação às diferentes perspectivas, no seio do próprio pensamento económico, no que concerne às responsabilidades da disciplina na génese e eclosão da crise.
Com efeito, diversos sectores político-sociais e reputados economistas têm contestado a lógica das medidas adoptadas, alertando para o resultado nefasto de receitas semelhantes aplicadas em outros países e denunciado a injusta repartição dos sacrifícios feita por politicas que privilegiam os interesses dos mercados financeiros liberalizados. Mas a sua voz permanece, em grande medida, ausente dos meios de comunicação de massas.
Não se trata de criticar o monolitismo das opiniões convocadas para o debate, partindo do ponto de vista de quem nelas não se revê. Uma exclusão daqueles que têm tido o privilégio quase exclusivo de acesso aos meios de comunicação seria igualmente preocupante. O problema de fundo reside em ignorar, nos dias que correm, o pluralismo de interpretações e perspectivas sobre a crise, sobre os seus impactos e sobre as opções de superação.
Somos cidadãos e cidadãs preocupados com este silenciamento e monolitismo. E por isso exigimos aos órgãos de comunicação social – em particular às televisões, e sobretudo àquela a quem compete prestar “serviço público” – que respeitem o pluralismo no debate político-económico de modo a que se possa construir uma opinião pública mais activa e informada. Menos do que isso é ficar aquém da democracia e do esclarecimento.”
quinta-feira, outubro 07, 2010
Grande escolha!
"Prosperity or egalitarianism - you have to choose. I favor freedom - you never achieve real equality anyway: you simply sacrifice prosperity for an illusion."
Mário Vargas Llosa é o Prémio Nobel da Literatura de 2010.
Sempre recordo "Tia Júlia e o Escrevinhador" como algumas das melhores páginas que já li.
segunda-feira, outubro 04, 2010
Economia, Brasil e Racismo
Bem, não era propósito deste modesto texto alongar-se em considerações sobre os economistas chamados pelas nossas televisões, e órgãos de comunicação social cá do burgo, a educar as massas ignaras. Era sim o Brasil, país em franco progresso e com um crescimento de nos fazer inveja. Crescimento para o qual não foi despicienda a política de estímulos económicos empreendida pelo governo, ainda para mais em tempo de crise, receita assaz diferente da nossa.
Também em relação ao Brasil, emerge um discurso nos antípodas do pluralismo, que nos é imposto, principalmente, via televisões por uma corte de comentadores. E que nos dizem eles? Que o Brasil deve o seu progresso às políticas de Fernando Henrique Cardoso, e que o exclusivo mérito de Lula foi não ter desconsertado o que o outro fez. Evidentemente que esta narrativa tem um subtexto de racismo social. Pois no país dos "drs" que é o nosso, o progresso do país irmão nunca poderia ser obra de um antigo operário metalúrgico, visto como semi-analfabeto por parte dessa elite de comentadores. Para além das profundas desigualdades sociais, marca do nosso país, o fosso das mentalidades ainda consegue ser muito maior. Triste sina a nossa.
sexta-feira, outubro 01, 2010
Austeridade e funcionários públicos...
O tempo das férias já passou à história, sempre promessa de eterna renovação da nossa existência (sim, as férias estão para nós, como o rito estava para o homem da consciência mítica).
Apesar do regresso à laboriosa rotina, confesso que a predisposição para as notícias dos jornais e das (inenarráveis) televisões não é muita. E a escrita, aqui nesta plataforma imaterial, só raramente tem visto à luz do dia.
Não quis, porém, deixar passar esta nova vaga de austeridade, que se segue ao famigerado PEC2, ainda mal digerido. Pedem-nos sacrifícios, mas os laços de pertença a uma comunidade nacional estão cada vez mais enfraquecidos, pelo que qualquer apelo a um esforço colectivo acaba diluído entre o cinismo e o risível.
É assim o nosso tempo. Um tempo em que a norma é acudir aos bancos, rapidamente e em força e com o dinheiro dos contribuintes, enquanto se baixam os salários dos servidores do Estado e se aumenta a tributação do trabalho. Os funcionários públicos, como não podia deixar de ser, emergem como bodes expiatórios desta crise, subtexto de comentários televisivos e de circunspectos editoriais da chamada imprensa de referência. Enfim, uns inúteis, esses funcionários público, que nos precipitaram a todos no abismo do défice e da dívida externa. Não deixo de imaginar toda essa legião de comentaristas numa sociedade sem polícias, ou em que estes viveriam com salários cada vez mais depauperadados. Quem iria então encarregar-se da segurança e dos bens dos senhores comentaristas? As empresas privadas? Ou as máfias e os gangues que preencheriam o vazio deixado pelas polícias? E a administração da justiça? Caberia aos privados? Ou a associações de condomínio democraticamente eleitas? Seria lindo de ver, não fosse assaz distópico.