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para a Marta
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[há uma mulher solta pela imaginação do corpo, desenhando as imagens que por dentro se tornam realmente sérias, assim, fotográficas]
marta, uma mulher solta por dentro da imaginação espessa e ocupada de retóricas,
quem és? pessoalmente disposta ao vento e lírica, atravessada no poema
como Homem?
marta, corrente como um órgão que trabalha fundo a circulação dos espaços,
faz-se pela pele o corpo que do avesso dilata tudo.
É interior, marta, um vestíbulo por dentro da alma, as roupas frias e desabotoadas
da nudez inteira, que só de dentro acontece.
[há uma mulher solta pela imaginação do corpo, reescrevendo as falas que por dentro se tornam realmente sérias, assim, ____________]
quisesses percorrer a distância que da cabeça aos pés é como um local violentado
pelas coisas da gravidade,
quisesses, marta, encerrada num cabelo para sempre a queda do meu silêncio.
poderias deslumbrar então uma pessoa inteira, reinventada de cal? sim, marta,
ser gente é ser assim as paredes abrigadas por dentro: as tuas mãos.
as tuas mãos, verdes e belas, marta, como raízes que ao nascer por fora
erguem de árvores a minha altura.
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