Punição exemplar
Sem Rodeios
Punição exemplar
Ao contrário do que alguns pensam, as eleições de 5 de Junho não têm paralelo na nossa democracia. São mesmo eleições excepcionais. Desta vez, não se trata apenas de avaliar um governo que governou mal, que teve políticas erradas e que não tem obra para apresentar. É muito mais do que isso. É julgar um governo que nos deixou à beira da bancarrota, que lançou o País na maior crise social do pós-25 de Abril e que levou a política a uma degradação nunca vista.
- 0h30
Não fossem os 78 mil milhões de euros de ajuda externa e Portugal estaria agora a entrar em bancarrota. Sem dinheiro para salários e pensões. Sem meios para solver os seus compromissos. Já desde 1892, há mais de um século, que não se falava de bancarrota em Portugal. O vexame voltou agora através da governação de José Sócrates. O País não merecia tamanha irresponsabilidade.
Um primeiro-ministro que ganhou eleições há 6 anos a prometer 150 mil empregos deixa-nos agora mergulhados na maior crise social de sempre – 700 mil desempregados, famílias inteiras sem emprego, jovens sem oportunidades, idosos sem dinheiro para medicamentos, uma parte da classe média atirada para uma pobreza envergonhada. O mais chocante é que, para ganhar, todas as promessas de emprego serviram. Agora, nem uma palavra de solidariedade para quem caiu no drama do desemprego.
A esta falência financeira, económica e social somou-se uma degradação política nunca vista. Não foi só o abuso da propaganda, da publicidade enganosa e da chantagem. Foi muito mais do que isso. Foram a mentira e a aldrabice transformadas em instrumentos de acção política. Nem sequer em relação à versão final do acordo com a troika o primeiro-ministro agiu de forma linear e verdadeira. Não há volta a dar: este homem tem um problema estrutural e compulsivo com a verdade. Foge dela como o diabo da cruz. Tenho a certeza de que até muitos socialistas – também eles pessoas de bem – se devem sentir incomodados com esta forma insensível e degradante de fazer política.
Um primeiro-ministro assim não merece apenas ser derrotado. O que merece mesmo é uma punição exemplar. Como sucedeu na Irlanda e em Espanha. Para acabar com este desastre e terminar com este pesadelo. Sobretudo para reabilitar a imagem do País. Em política, não pode valer tudo. O País precisa de quem o sirva com seriedade. Não de quem dele se sirva sem regras nem escrúpulos.