Ano V do Golpe
Ano III da Era Fascista
Petra Costa já ganhou; não o Oscar, mas a batalha contra
o horror brasileiro. E elegantemente.
Petra Costa teve um gesto de imensa coragem: presenciando o golpe de Estado de 2016, ativou sua arte com sua câmera, documentarista que é, para registrar o momento histórico.
Não houve muito mais gente que tivesse essa coragem. E, é preciso dizer, nem esse talento, porque é um filme de evidente talento.
A maioria, porque já havia embarcado no fascismo; um pequeno grupo, porque achava que era só o PT desmoronando, & que já ia tarde (mas a democracia estava indo junto); um grupo ainda menor não fez nada por receio de sofrer represálias, que sem dúvida alguma viriam, & vieram.
Mas ressalto um grupo interessante, meio sombrio porque nunca se põe luz ali: o grupo dos covardes.
O que defino como covarde?
O covarde do golpe é o tipo que vive às custas de promotores do golpe; que tenta, no entanto, parecer mais civilizado do que a barbárie que apóia, para não perder status de gente civilizada, mas, ao mesmo tempo, tem o dever de defender os interesses de seus empregadores, que são os seus também. Numa palavra: privilégio.
O tipo exemplar do que defino acima é Bial.
Sempre foi assim. Quer ser chique, meio folgadamente cronista, agora meio David Letterman, mas não é nada disso: flagrantemente burro, preconceituoso.
Vive de por alguns minutos tentar conversar com gente famosa &/ou inteligente, de fingir ser parte de uma coisa & de outra. Mas é só um vassalo do privilégio, agente dessa opinião de "massa cheirosa", como definiu uma covarde sua colega.
Nos termos da escravidão permanente do país, Bial é um feitor: o chefe manda, ele executa. Mesmo depois de "Dr. Roberto" (como chama aquele promotor da ditadura de 1964) morto, estende sua língua para que o dr. limpe os sapatos imundos nela.
Bem diferente a atitude que adota diante de uma artista contra o poder.
Seu ataque bem tosco a Petra Costa & a Democracia em Vertigem escancarou o brucutu por baixo da fantasia já meio rota de folgazão midiático.
Não criticou o documentário premiado & revolucionário de Petra Costa, como alega: foi para cima dele com a voracidade de seus preconceitos, de sua convicção de privilégio.
Chamou a responsável & corajosa diretora de "menina", para desqualificá-la, & com espesso acento misógino; como toda a extrema-direita deste triste país, chamou o documentário de "ficção alucinada", por medo de que o mundo comece a ter bem claro o golpe de 2016, apoiado por sua emissora & por ele mesmo, & que resultou em nazifascismo.
Agora, sofrendo o revés de seu ataque burro, mal-educado & rude, posa como vítima de "linchamento virtual". Diz que já sofreu isso antes, ele que "vive de acolher as opiniões das pessoas", isto é, os convidados de seu programa de propaganda do status quo.
Banca o macho das antigas para atacar a diretora brasileira, de sucesso internacional com um documentário que põe o dedo na ferida, & indicado ao Oscar, mas vira um bichinho assustado se mostram a ele um espelho.
Bicho feroz, como ensinava Bezerra da Silva.