Moebius, par lui-même
Escrevi em 2005 um pequenino necrológio para o grande Will Eisner, que criou o Spirit, as notáveis narrativas sobre Nova York, a graphic novel, e, entre outras coisas, descreveu num livro de mestre a chamada arte seqüencial.
Devo igualmente a Moebius muitas horas de pura felicidade lendo suas obras-primas de HQ.
Não era apenas um dos maiores desenhistas & roteiristas que se possa conceber: desenvolveu um tipo específico de imaginação que se apropria do que estiver por perto e transforma isso em algo útil para se contar uma história que não tem começo, nem meio, nem fim (& duvido que tenha exatamente uma explicação).
Perdi a conta de quantas vezes entrei na Garage Hermétique, que ia se modificando conforme desenhava e ia incluindo referências. Seus personagens começavam de um modo (& em um estilo de desenho) e passavam a assumir outros, num ritmo desconcertante.
Les Yeux du Chat, com Jodorowsky, ou Silver Surfer: Parable, com Stan Lee, um longo etc. & um verdadeiro monte de narrativas publicadas na Métal Hurlant provam substancialmente a enorme importâcia do quadrinista francês.
Satirizou o "francês em férias". Ouvi dizer que conseguiu insuflar alguma vida até mesmo no Alquimista de Paulo Coelho. Era um artista verdadeiramente fora do comum.
Então esta é apenas a modesta lembrança, em sua homenagem, deste distante mas atento humanóide associado.
E que as HQs sejam cada vez mais reconhecidas no mundo da arte: Bill Watterson, Alan Moore, Guido Crepax (que também morreu recentemente), Robert Crumb, Laerte, Milo Manara, Miguelanxo Prado, e muitos outros desde o Yellow Kid (e sobretudo desde o Little Nemo, de Winsor McCay), neste pouco mais de 1 século de quadrinhos, estariam na lista essencial de qqer pessoa com algum interesse efetivo em arte.
O Major Fatal