E surpreendo-me quando penso. Quando páro e tento reconstruir o caminho até aqui.
Entre gritos e lágrimas, entre descrédito... percebi. Que não sei.
Espantosamente... pela primeira vez na minha vida (acho que é seguro dizê-lo) não sei como cheguei aqui.
Reconheço os passos que dei, quando, como e porquê tomei certas decisões. Consigo até mesmo perceber quando comecei a sentir a “Roda” mover-se. Mas não consigo saber como cheguei “aqui”. E isso doi. E isso magoa. E isso dilacera – e não, não olhem para estas palavras como sinónimos, porque não o são.
Entristeço-me.
Cresci? Vêem melhor de “fora”? Isso é bom...
Mas nunca pensei que fosse ser, sentir, significar isto. Olhar, tentar lembrar, analisar (aaah! palavra que era tão minha, tão eu...) e não conseguir... porque mais e mais sou névoa, de aceitação. Mas não morri, não mataram tudo em mim... talvez esteja “só” em coma.
Tornaste-te, tornaram-se, tenho mesmo é pena de quem podia ter sido mais e se perdeu no meio “disto”, [e lê bem, porque afinal há quem as sinta!] aversão, repugnância. Não pelo óbvio... eu não sou assim tão óbvia. Mas porque me provaram que há pessoas que se podem mascarar de Sonho, de Realização... apenas e só para garantirem (quais intrumentos, marionetas...) que seguimos o Caminho que temos que seguir. Porque não se pode fugir para sempre.
Acorda menina! Acorda, isto é que é a vida! Ou pensavas que te ias safar semrpe? Criaste os teus monstros, alimentaste-os? Agora guerreia com eles, tenta vencê-los. Nem que seja para que percebas a tua faceta humana. E já que tens a mania que escreves também os finais... Então agora diverte-te a sofrer por nunca os teres pintado de cor-de-rosa. Pode ser que aprendas, ou não...?
Lembro-me das palavras que dirigi à pessoa que geralmente se aproxima quando a mudança está para acontecer (mais ou menos lenta). Disse-as para convencer, enquanto me tentava convencer, mas vejo que, qual epifania, não poderia estar mais correcta: “O seu papel não foi o típico. O óbivo e habitual. Foi o de vir abrir portas, de me fazer conhecer-me. Perceber o meu dom, o meu papel e o meu poder.” (Abstive-me foi de acrescentar: “Pena” todo o resto. “Pena” a inocência. A falta de negociação e limites, conscientes. And that's what happened when eager met desperate.)
Porque o momento de viragem, o cerne, não foi juntar duas palavras com um hífen porque é o que se ouve e o que se diz. Foi ir mais longe. Tocar a ferida e dizer: “Aceito-te, como és”.
Já não sou tua. Já não te quero. Já não te pertenço.
Saudade? Surpresa? Ilusão? Dor? Sonho? Plano? Entrega? Esquecimento?
De afirmações... passaram a perguntas, daquelas que se fazem de ombros encolhidos – neste momento, com desprezo. Talvez nasça o dia em que mereças mais. Já mereceste (E como menino mimado, pensaste o quê?... És tão só e apenas isso, um menino). No more.
Uma coisa sei... não gosto de evangelizar (É porque afinal não sou assim tão manipuladora, certo?...). E a distância cresce (respiremos de alívio!) ao ver a falta de essência. Porque não recorro a falsas profecias (de que duvide ao mínimo tremor), a falsas fascinações para viver ou dizer que vivi. Felizes os ignorantes, porque esses ainda te conseguem seguir...
Já eu... prefiro assumir, confessar o vazio. Mas o “não haver” verdadeiro, coerente. E sigo, com os que interessam, com os que contam.
É esta a libertação? Realmente já vivi momentos de Paz (terá sido “podre” como defendia o outro? Não sei, não sou politica...) desde essa manhã.
It most be the works of a white rose in a sea of black vodka...
Agora? Anseio, quase, quase sonho e espero, sem o sabor amargo da "traição" na boca e no pensamento (que nem sequer devia lá estar...).
E não escrevo por dor, por despeito. Sei lá se há algo que me escondam, sei lá que vai passar por essas cabecinhas, que equação resulta de tantos parágrafos... volto a dizer, não sou assim tão óbvia.
This is just that little thing called catharsis.
Quando e se depender só de mim... o tema repetir-se-á muito menos.