FRUSTRACIONAL !
É-nos fácil escrever torto por linhas
direitas, difícil é escrevermos direito por linhas tortas e para o
conseguirmos, necessitamos de concentração e paz de espírito...
Pelo
paradoxo que se nos afigure, as quadras do Natal
e passagem de ano, são épocas de súbito consumo associados ao adereços
festivos, não nos propiciando as melhores condições para a escrita...
Chegou
a oportunidade de cá o Cidadão postar
uma breve dissertação sobre alguns itens com que teremos de viver durante o ano
de 2014, que agora entrou em acção...
Começando
pelo nosso cantinho, terão vosselências sido visitados por uma parga de fulanos
das empresas de fornecimento de Internet no sentido de vos
proporcionar pacotes de serviços mais completos, chegando ao ponto de
assustarem os potenciais clientes com notícias forjadas de que findado o ano e
devido às negociações entre as empresas prestadoras de serviços, nomeadamente a
alienação da estação do Belmiro aos
offshores da Isabel dos Santos, em
breve veríamos os contratos e a ligação anulados, conseguindo por tais meios estabelecer
com os clientes de boa-fé, os incautos, os precipitados ou os menos esclarecidos,
novos contratos de adesão a pacotes aparentemente aliciantes... mais tarde se
verá o resultado...
Acredita-se pois que o módus operandi destes cavalheiros se adapte à região onde actuam...
Mudando
as agulhas, está quase chegada a hora de recebermos a próxima “factura ambiente” dos Serviços Municipalizados de Abrantes e sobre esta, enquanto não for incriminado por delito de opinião, cá o Cidadão abt também
tem umas letrinhas a escrever...
Fez a nossa presidenta alarde de que em esforçada boa vontade, compreensão e considerando a crise avassaladora que nos atordoa, este ano não irá mexer no preço do consumo da água fornecida
pela empresa da edilidade mas, como tendo o bom do português sempre um “mas” no
cartório, o mesmo não se passará com o saneamento e os resíduos sólidos que só por
acaso são parcelas da mesma factura... para os domésticos a coisa irá subir 0,025
cêntimos, enquanto que para o comércio que ainda mantém os contadores activos, o acréscimo rondará os 0,4 cêntimos por metro cúbico de água consumida...
Quer
isto dizer que o munícipe tubuco e doméstico, irá desembolsar mais 56 cêntimos mensais
por cada dez metros cúbicos de água consumida...
Aqui,
funciona novamente um paradoxo na merda!
Primeiro,
o preço da água não sobe mas os resíduos sólidos sim e considerando o
empobrecimento social com que nos debatemos, consequentemente sendo o caviar, a santola, os frutos do mar, o cherne e a picanha tendencialmente substituídos por pão e água,
não se entende porque terão os quimos da digestão que ser mais onerosos...
Supostamente porque
a produção terá sofrido um considerável decréscimo e neste contexto também
funcionará a lei da oferta e da procura!
O
valor do produto será inversamente proporcional à quantidade produzida...
Ao atingir os 95% de eficácia na separação do lixo doméstico pelos respectivos contentores, cá o Cidadão abt já alcançou um estágio psicomotor bastante aproximado ao do orangotango mas nem assim nota que tais automatismos lhe tragam benefícios económicos!
Como
a conversa já cheira mal, há que mudar de agulha...
Está
chegando a altura dos munícipes irem sendo surpreendidos com as facturas de
liquidação do Imposto Automóvel, momento
oportuno para perceberem como o nosso governo se quer safar da crise devida à
escassez de tráfego rodoviário, após terem sido incrementados os valores onerosos
a pagar por quilómetro de ex-Scut, transferindo a tese do “utilizador- pagador” para a prática do “pagador -não-utilizador” sem nos esquecermos da medida Sócrates
que a seu tempo fomentou um valor acrescido de 7,5 cêntimos por litro de combustível, para subsidiar as nóveis
auto-estradas, jamais se anunciando o
fim de tal medida...
Aí
sim!
Todo
o cidadão desvendará quanto é penalizado no dito cujo imposto, fundamentalmente
se o seu adereço rodoviário alojar uma valente récua por debaixo do capôt!!!
Foi
importante ouvirmos a mensagem de bom ano proferida pela precocemente reformada Presidente da Assembleia da República,
perante os microfones da Rádio
Renascença...
Diz-se
por aí que a senhora se aposentou com dez anos de serviço por ter uma
complicaçãozeca na L-5 o que em nada coincide
com os reformados expulsos do hemiciclo por perturbarem a ordem de
trabalhos e a quem mais uma vez o Governo
lhes corta nas míseras pensões, esta senhora de chorudo tacho e reforma dourada
que não gosta de ser contrariada nem muito menos identificada como filha do alfaiate de Valpaços e que segundo o seu manifesto, o
público não deveria aceder à casa da democracia, tomou a iniciativa de nos
enriquecer o vocabulário com termos inovadores, revelando o quanto estamos
entregues a uma pandilha de neo-pedantes
vazios de conteúdo!
(... ... ...)
“Temos sempre um receio humano de não conseguir. O meu medo é o
do inconseguimento, em muitos planos: o do inconseguimento de não ter
possibilidade de fazer no Parlamento as reformas que quero fazer, de as fazer
todas, algumas estão no caminho; o inconseguimento de eu estar num centro
de decisão fundamental a que possa corresponder uma espécie de nível social
frustracional derivado da crise."
(... ... ...)
“Tenho medo do egoísmo, do egoísmo que nos deixa de certo modo castrados em
termos pessoais e nos deixa castrados em termos colectivos.”
(... ... ...)
São
tiradas infantásticas dum discurso com inconseguimentos
frustracionais que só assentam bem na escrita de Mia Couto e "castrados", andamos todos nós há demasiado tempo!
Numa primeira impressão suopôs-se que distraidamente a senhora tivesse desatado a falar em mirandês, posteriormente se percebendo que começando os portugueses a entender à légua a terminologia para-lamentar, como "colossal", "taxar", "cobrar", "lixar", "despedir", "empobrecer", "tirar", "despejar" e "subtrair", resolveu a
jovem reformada inserir novo vocabulário no sentido de deixar o
Zé-povinho a apanhar chapéus!
Depois do prosaico Marcelo Rebelo de Sousa ter vindo para a televisão falar-nos em "inaguentabilidade" de imediato percebemos que realmente estão todos virados para o mesmo!!
Reparemos
que com os cortes nas pensões e o aumento da idade da reforma, até o Belmiro dos supermercados meteu as avózinhas dando o litro nos anúncios comerciais!
Temos aqui um perfeitíssimo Modelo inContinente!...
Em tempos difíceis, nada melhor do que reciclar a prata da casa!
De desfelicidade em desfelicidade, a ver se cá o Cidadão
aborda um assunto mais agradável...
A
iminente desentrada da crise!
Como
foi alvitrado pelo nosso Primeiro-Ministro
na sua mensagem de Natal, baseando-se num ténue sinal de estatística de desemprego ficcionada
em 98200 postos de trabalho, Portugal estará a dar a volta à crise e como sinal de abastança, a Ministra das Finanças
em exercício promoveu o sorteio semanal de um automóvel pelos contribuintes que
coloquem o seu número de identificação fiscal nas facturas!
Perante esta singela medida é certo e sabido que cá o Cidadão se desincerimoniou
em introduzir os números fiscais do ministros da Nação, nas facturas dos cafés, das bolachas e seus
afins no IRS, tendo em considerando que os
talões dos preservativos sempre foram registados com o número fiscal do Paulinho das feiras, esta Dama das Camélias que apenas toma cerca de 30% dos pensionistas nacionais por pobres!
Segundo
anunciou o senhor Secretário de Estado
dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio,
a coisa pegou e agora é de se ver o povo a troikar as raspadinhas e os boletins
do totoloto e do euro-milhões pelas rifas do Ministério das Finanças!
As primeiras carroças alvo de sorteio deveriam ser as pilecas que o nosso sorvedouro estatal disponibiliza às arrastadeiras, Secretários de Estado e Ministros e outros gestores públicos que se safam à pála desta jangada de perdas!
O
facto de recebermos em primeira mão um automóvel desvelho em folha não será tão
linear quanto isso, se bem que já as avós dos nossos mentores não davam ponto sem nó!
Se
no sorteio semanal formos contemplados com uma carripana do Ministério das Finanças, é certo e sabido que teremos de desembolsar o valor do IVA e do Imposto Automóvel
que numa caranguejola de gama baixa rondará os 2800 euros, revertendo a favor de
quem?!
Do
promotor do sorteio, claro está!
Afim de desperdermos um presunto vamos ter
que desreceber o porco inteiro e por conseguinte
não sabemos bem qual o género de viatura que de momento indesejaremos...
Para
desmales maiores, o mais certo será
sortearem-nos papa-reformas!
D'ora avante e com o intuito de apanhar a carripana, cada vez que se deslocar a um templo de consumo, este praça passará a pedir uma factura por cada artigo adquirido... por exemplo se comprar meia dúzia de cervejas médias solicitará uma factura por cada garrafa, se adquirir um quilograma de maçãs, quererá os frutos pesados à unidade com a emissão das respectivas facturas, se pretender uma dúzia de pães exigirá facturação por cada paposseco, se quiser um pack de iogurtes, quererá uma factura por copo e assim sucessivamente, aumentando consideravelmente as probabilidades de lhe calhar o prémio!!!
Estará mal pensado?
No que respeita à assistência na saúde, também o nosso Governo
tem feito algo mais pela sucapa...
Por
exemplo, o leque de medicamentos comparticipados desaumentou consideravelmente, sendo que alguns deixaram de ter os
seus genéricos equivalentes e quanto às comparticipações nas prestações de
serviços de saúde a coisa tornou-se bastante mais selectiva.
A
pensionista que lhe seja receitada uma endoscopia
baixa a realizar em clínica de parceria, ou o desgraçado aceita que lha façam a
sangue frio...
...ou caso pretenda algo mais confortável, terá que desembolsar aproximadamente
75 euros pela anestesia...
“Os portugueses têm que
ser menos complacentes e menos piegas”.
Disse
o Primeiro-Ministro Passos Coelho em
certo dia.
Quando muitas das parcas pensões de reforma dos idosos revertem para sustento dos seus descendentes que caíram em situação de desemprego de longa duração e todos os dias dezenas de jovens resolvem emigrar em busca de melhores condições de vida e este senhor do Governo português afirma sistematicamente que há ténues indícios de saída da crise, só pode viver num país das maravilhas, que não se identifica com o nosso!!
Para
finalizar esta dissertação, cá o Cidadão questiona
onde estaria pregado o teleponto aquando o Cá-Cá
de Belém cavaqueava a sua mensagem de ano novo...
Pelos
olhares botados, decerto que estaria suspenso na braguilha do cameraman
ou ao afirmar que lhe têm calhado sempre as situações mais complicadas que o
país atravessou, o inquilino da Residencial
Sénior de Belém assistiria à fuga das ratazanas e demais vermes rastejantes!
Começamos bem o ano, dando pérolas a porcos!