ocantodoscisnes
sexta-feira, abril 07, 2017
Dançar ao sol...
Vivi nos últimos tempos um tumulto gigante, sob a música de fundo da Elis. Girando como um hamster na roda gigante da vida, voltei aqui e reli o extenso monólogo dos meus desaires. Revivi tangos que dancei, não com a vida, mas por causa dela. É verdade que dancei muitas vezes com o diabo ao luar. Dancei em momentos negros, cujas horas lembravam os relógios moles de Dali. Foram, aliás, assim os últimos anos, em que vivi suportada em memórias do que já fui, no mesmo transe que nunca estive tão visível aos olhos de terceiros. A minha velha máxima do "entre eles mas não deles" nunca teve tanto campo para pasto.
Dou por mim, aos 40, a idade que nunca pensei ter. E, hoje, num momento raro de optimismo, dei por mim a pensar: e se eu tentar dançar ao sol?
domingo, março 13, 2016
E sobre estes tempos.
Sendo crítica do tempo do imediatismo, acabei por lhe ceder. É mais fácil colocar um post no facebook e obter dúzias de likes do que este exercício de (quase) solidão.
Vem a isto a propósito do hiato temporal que, inadvertidamente, aqui causei. Olhando à minha volta, muito mudou. Até eu. No âmbito de uma (des) conversa, foi-me dito que teria um caso mal resolvido (o que quer que isso queira dizer...) com um dos senhores dos olhos azuis a quem dediquei aqui várias linhas. Uma vez ultrapassada a fúria inicial pelo evidente "erro nos pressupostos", dei por mim a rir à gargalhada, Av. de Roma fora (sim, os meus vizinhos devem achar-me louca e têm toda a razão). Ri-me pela profundíssima ironia de tudo isto. Uma despedida converteu-se em duas. A de ontem, clara como água, eivada de sentimentos de gratidão recíproca, até por termos sabido tão bem converter o que havia numa coisa quase filial. Sim, estar-lhe-ei sempre grata. A de hoje, de algo que não chegou a ser.
Dito isto, estou à beira dos quarenta e lamento muito pouco. É certo que cometi imensos erros, ainda assim menos do que os que poderiam ter sido (e, curiosamente, não são esses que me apontam). Mas, quando nada o fazia prever, ainda cá estou. Sobrevivi ao outro senhor dos olhos azuis e, percebi hoje, se estive quase a apaixonar-me, isso significa que estou curada. Engraçado quando é um engano a revelar tudo isto. A vida é, de facto, de uma ironia gigante.
Sobre os outros tempos...
"Éramos vorazes, no começo, que qualquer coisa equivaleria a um coito interrompido. Queríamos o mundo, acabámos fracassados municipais, cada um na sua merda particular".
Luís Fernando Veríssimo - O clube dos Anjos.
terça-feira, março 08, 2016
Uma das coisas que sempre me impressionou foi a voragem do tempo. Por razões que não relevam, fiz uma pausa aqui. Essa pausa transformou-se em dias, meses e anos. De repente, tenho 39 anos e já perdi a frescura de outros tempos. Caminho para ser uma advogada reputada, como se diz. Mas percorro esse trilho com a mesma insegurança que andava Plateau fora. Diz-se que nunca contrariamos a nossa natureza. E a minha é de "vela ao vento", com pretensões a tanque de guerra.
domingo, setembro 21, 2014
Dançar com o tango com a vida...
Voltei. Na verdade, nunca saí. Tenho estado aqui, a ver o tempo escoar... O tempo escoa, de facto. Cada vez mais rápido. Enquanto colecciono rugas, assisto, quase impávida, a este mundo. Nada tenho que ver com ele. Registe-se. Nada.
segunda-feira, fevereiro 07, 2011
No meu mundo real...
A (s) história (s) sucede (m)-se. Mais um desgosto. Mais umas lágrimas. Mais uma incomensurável (des)ilusão.
Confesso que nem sei exactamente como é que ainda me aguento em pé com um ar minimamente digno. Como é que ergo esta fachada tão sólida. Como é que me consigo reconstruir por fora, enquanto estou em destroços por dentro.
A verdade é que estou cá, não obstante o imenso frio que me gela. Se pudesse mudar quase tudo na minha vida não hesitava. Os meus dias podem ser de pasto para literatura mas é duro viver nesta redoma, onde todos chegam e só eu não consigo sair.
Acima de tudo, tenho imensa pena de mim própria. Se é verdade que, aos 14 anos e à laia de Cassandra, antecipei tudo, também é que houve momentos em que acreditei. Acreditei que merecia ser feliz. Acreditei que tinha direito a amar. E foi justamente esse sonho que me trouxe sempre a infelicidade. Sempre.
Confesso que nem sei exactamente como é que ainda me aguento em pé com um ar minimamente digno. Como é que ergo esta fachada tão sólida. Como é que me consigo reconstruir por fora, enquanto estou em destroços por dentro.
A verdade é que estou cá, não obstante o imenso frio que me gela. Se pudesse mudar quase tudo na minha vida não hesitava. Os meus dias podem ser de pasto para literatura mas é duro viver nesta redoma, onde todos chegam e só eu não consigo sair.
Acima de tudo, tenho imensa pena de mim própria. Se é verdade que, aos 14 anos e à laia de Cassandra, antecipei tudo, também é que houve momentos em que acreditei. Acreditei que merecia ser feliz. Acreditei que tinha direito a amar. E foi justamente esse sonho que me trouxe sempre a infelicidade. Sempre.
quinta-feira, dezembro 16, 2010
No meu mundo real
Sempre que as pessoas se revelam são piores do que os meus mais temíveis pesadelos.
Tenho gasto os meus doís últimos anos em ilusões. Tenho desperdiçado os meus melhores sentimentos. Um atrás do outro.
Há, contudo, algo que me tranquiliza. Ainda consigo chorar.
Tenho gasto os meus doís últimos anos em ilusões. Tenho desperdiçado os meus melhores sentimentos. Um atrás do outro.
Há, contudo, algo que me tranquiliza. Ainda consigo chorar.
terça-feira, novembro 23, 2010
O meu mundo real
No meu mundo real, Pedro Beça Múrias morreu.
No meu mundo real, está um frio imenso que, ainda assim, não se compara ao da minha alma.
No meu mundo real dou por mim em lágrimas, revoltada com a ditadura do capital que nos transforma a todos em meros números (na maior parte dos casos a abater).
No meu mundo real somos meros peões, usados e deitados fora, à medida das necessidades.
O meu mundo real é, de facto, um "admirável mundo novo".
No meu mundo real, está um frio imenso que, ainda assim, não se compara ao da minha alma.
No meu mundo real dou por mim em lágrimas, revoltada com a ditadura do capital que nos transforma a todos em meros números (na maior parte dos casos a abater).
No meu mundo real somos meros peões, usados e deitados fora, à medida das necessidades.
O meu mundo real é, de facto, um "admirável mundo novo".
O meu mundo alternativo...
Tenho um mundo alternativo. Um mundo onde as coisas são todas a condizer. Um mundo onde as personagens dizem sempre frases fantásticas, com o ar blaisé que convém. Um mundo onde as pessoas dançam no Guincho.
Neste momento, no meu mundo imaginário, ouve-se Legendary Tiger Man. Life aint enough for you...
(Há qualquer coisa de optimista neste post. Quem me apresentou a esta música foi o meu último desgosto. Impõe-se, pois, a pergunta: conseguiremos nós construir alguma coisa das cinzas?)
Neste momento, no meu mundo imaginário, ouve-se Legendary Tiger Man. Life aint enough for you...
(Há qualquer coisa de optimista neste post. Quem me apresentou a esta música foi o meu último desgosto. Impõe-se, pois, a pergunta: conseguiremos nós construir alguma coisa das cinzas?)
Subscrever:
Comentários (Atom)