Nem por acaso, no dia a seguir a ter publicado o artigo anterior a este, choveu... E choveu muito. Choveu tanto que, em dia de aulas, e com a certeza que ia ter que passar pelo sítio do acidente em noite de chuva, fiquei em casa. Custou-me imenso ter faltado às aulas, mas, talvez por ter passado o dia no trabalho a olhar pela janela e a ver a chuva a cair, a realidade é que a lembrança daquela noite de Outubro esteve sempre no meu subconsciente...
Tendo ficado em casa, e como o cão da minha vizinha não me dá um minuto de sossego para conseguir estudar, acabei por me dedicar à cozinha em modo "produção para o resto da semana".
O irónico é que, se fiquei em casa com medo de passar pelo sítio do acidente, quando estava a ligar o fogão, por não conseguir ouvir o gás a sair do bico do fogão à conta do ladrar do cão da vizinha (sim, ele ladra assim tão alto), não me apercebi que o gás já estava a sair há imenso tempo quando acendi o fósforo e, escusado será dizer, ia gerando ali todo um problema...
O meu primeiro pensamento foi mesmo esse: "A sério? Não foste às aulas com medo de ter novo acidente à chuva e, afinal, ia acontecendo agora um em tua casa?!"
Lesson learned.
No dia a seguir, apesar de continuar de chuva, fui às aulas. E, apesar de as ter passado a tentar arranjar alternativas de caminho para não ter de passar naquele local sozinha (não esquecer que andei à boleia nos últimos dois meses), quando saí, resolvi arriscar.
Fui o caminho todo em modo "you can do it. you can do it. you can do it" e quando lá cheguei ao tal sítio, se fui a 10km/h já seria muito. Mas... fui.
Quando estava a passar, tentei concentrar-me na música que estava a passar (Ghost, claro) e não me lembrar do camião a vir de frente contra mim.
Passado o local, o corpo libertou um "já passou", e até chegar a casa nem pensei mais naquilo.
Não quer isto dizer que o trauma de ali passar, sozinha, em dia de chuva, tenha passado, mas... é um caminho.
Como a recuperação do cotovelo, este também é um progresso. Tenho a certeza que, sempre que ali passar, me vou lembrar do acidente, mas também tenho a certeza que, mais cedo ou mais tarde, vai deixar de ser uma barreira mental...
Catarina