(Uma adenda no final deste texto.)
Barack Obama visitou Portugal pela primeira vez quando ainda era Presidente dos Estados Unidos da América: foi há quase oito anos, a 19 de Novembro de 2010, e a recebê-lo em Lisboa estava alguém que, pelas várias semelhanças no seu percurso pessoal e profissional com o do então ocupante da Casa Branca, podia quase ser considerado como que um «irmão espiritual»: José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa. No passado dia 6 de Julho veio ao nosso país pela segunda vez, mas já como cidadão privado; não esteve na capital mas sim no (O)Porto; não se encontrou com um vigarista nacional mas defendeu uma vigarice internacional – as «alterações climáticas» entendidas como «aquecimento global» antropogénico.
Barack Obama visitou Portugal pela primeira vez quando ainda era Presidente dos Estados Unidos da América: foi há quase oito anos, a 19 de Novembro de 2010, e a recebê-lo em Lisboa estava alguém que, pelas várias semelhanças no seu percurso pessoal e profissional com o do então ocupante da Casa Branca, podia quase ser considerado como que um «irmão espiritual»: José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa. No passado dia 6 de Julho veio ao nosso país pela segunda vez, mas já como cidadão privado; não esteve na capital mas sim no (O)Porto; não se encontrou com um vigarista nacional mas defendeu uma vigarice internacional – as «alterações climáticas» entendidas como «aquecimento global» antropogénico.
Vamos
recorrer a dois textos publicados no blog Blasfémias para resumir e caracterizar
o acontecimento. De Rui Albuquerque: «(…) Falou durante uma hora, não se deixou filmar nem gravar, e
limpou-nos 500 mil euros, que não serão certamente tributados em Portugal mas
nos EUA, provavelmente através de uma Fundação ou ONG da sua coutada, para que
ele possa gozar melhor o imenso trabalho que aqui teve. E o que veio dizer-nos
este extraordinário guru dos tempos modernos? Pelo que ouvimos na TSF,
meia-dúzia de banalidades sobre as transformações do clima, outras tantas sobre
o poder democrático, enfatizando sempre que este deve ser exercido “de baixo
para cima”, a partir do “cidadão comum”, expressão que, de acordo com a
emissora televisiva, repetiu ad nauseam. Ora, havendo “cidadãos comuns”
logo se depreende que, na iluminada mente de Obama, existirão “cidadãos
excepcionais”, ou, para não quebrar inteiramente o tom democrático e humanista,
“cidadãos incomuns”. Nestes últimos certamente que se colocará o ex-presidente
Obama, já que um “cidadão comum” dificilmente conseguirá extorquir 500 mil euros
por uma hora de paleio a alguns papalvos dispostos a pagarem-lhe essa obscena
importância. Apenas falhou, no raciocínio de Obama, um pequeno pormaior: é que
foram esses mesmos “cidadãos comuns” que mandaram Hillary Clinton, e ele mesmo,
pastar caracóis. (…) Nem depois da derrota humilhante que teve Obama é capaz
de um exercício de alguma humildade. (…)». De José Silva: «(…) Ninguém percebeu ao certo ao que é que ele
vinha cá e menos ainda quem pagou. Vem para uma conferência sobre o clima
chamada “(Climate Change Leadership) Summit”. (…) Não veio logo a
estrela da tarde, foi precedida por um curioso orador que se apresentou como
assessor do Presidente Obama e que mais tarde o entrevistaria com perguntas
difíceis. E pronto, seriam uma três e tal, lá veio o senhor Obama no meio de
uma enorme salva de palmas. Dois sofás, ele e o senhor assessor. A oratória
fácil de Obama foi facilitada pela tendência futebolista iniciada de manha:
perguntas redondas, chuto de cá para lá e respostas redondas. Acha que os
jovens devem seguir a carreira política? Sim, veja o exemplo maravilhoso do
Mandela. Acha que as empresas devem tomar iniciativas por causa do clima?
Claro, isso é maravilhoso, etc e tal. E as organizações internacionais? Ah isso
é muito importante (faça-se justiça, não elogiou Guterres possivelmente com
medo que fosse demais). Aqui e ali uma alusão ao seu sucessor que a plateia
inteligentemente interpretava como sendo Trump e respondia com palmas ou com
sorrisos de aprovação. Ninguém percebeu que a última pergunta era a última. Era
só mais uma igual às outras. E portanto o assessor lá teve de dizer que acabou
e a plateia brindou o orador com uma salva de palmas a que ele magnânimo
respondeu “obrigado”. Saiu e com ele saíram os seguranças que passaram o tempo
todo de costas para o palco a ver o público. (…)»
Mais ninguém,
nenhum jornalista, nenhum dos empresários ou dos políticos presentes no
Coliseu, pôde fazer-lhe perguntas, para além do dito «assessor». Seria pouco
provável que, de entre uma audiência aparentemente aprovadora do carácter e do currículo de Barack Obama, alguém se atrevesse a colocar uma questão verdadeiramente difícil,
embaraçosa ou hostil. Porém, e de facto, para quê correr riscos? Se «controlar
o clima» é agora o objectivo primordial do Nº 44, porque não fazê-lo também a
um nível mais restrito e não propriamente literal? Afinal, poderiam pedir-lhe
para comentar, por exemplo: a decisão de ignorar ou, pelo menos, de
desvalorizar os avisos que recebeu sobre as tentativas russas de desestabilizar o sistema político norte-americano; a acusação de que tentou conceder ao regime iraniano regalias e benesses, em especial financeiras, proibidas segundo
as sanções então em vigor; o facto de a «separação das famílias» na fronteira
com o México ter começado na presidência dele, de crianças terem sido «retiradas» aos pais imigrantes ilegais e colocadas em jaulas sob a sua administração, e
não a de Donald Trump; a alegação de que o Departamento de Justiça e o FBI, com o seu consentimento, espiaram o então candidato DJT e a sua campanha; a ocultação
que foi feita, durante mais de dez anos, dos contactos que teve com Louis Farrakhan; a circunstância de em Chicago as críticas, quando não a oposição, à
construção da biblioteca que terá o seu nome não diminuírem e até aumentarem;
enfim, o facto de o seu sucessor registar uma taxa de popularidade superior no
mesmo ponto do mandato.
Nada disto, no entanto, lhe suscitará agora
muito interesse. Actualmente, assume-se como guardião do planeta e do seu
ambiente – apesar de, ao contrário do que prometeu quando foi eleito, o nível
dos oceanos não ter descido… nem, verdade seja dita, subido. Entretanto, é de
duvidar que o Acordo de Paris, que ele subscreveu sem o submeter à ratificação
do Senado, e que Donald Trump acertadamente renegou, esteja a ter os resultados pretendidos: é que as emissões de gases com
«efeito de estufa» estão a diminuir nos EUA e a aumentar na Europa!
(Adenda - E porque não há duas sem três, eis um terceiro texto no blog Blasfémias sobre a visita de Barack Obama ao Porto que merece ser lido, escrito desta vez por Sérgio Barreto Costa.)
(Adenda - E porque não há duas sem três, eis um terceiro texto no blog Blasfémias sobre a visita de Barack Obama ao Porto que merece ser lido, escrito desta vez por Sérgio Barreto Costa.)