O alquimista

NEM TRANSMUTAÇÃO DE METAIS NEM ELIXIR DA LONGA VIDA - A PEDRA FILOSOFAL AO PODER

domingo, janeiro 30, 2005

Na Mira do Gordo

Só pode ser sacanagem para comigo. Antes de levantar voo, a primeira recomendação, em caso de emergência durante a viagem, é a de me dobrar colocando a cabeça no meio dos joelhos. Bem, só se for no meio dos joelhos da hospedeira. Jô Soares ao vivo no Coliseu do Porto. Para quem já admirava este brilhante humorista brasileiro de cento e muitos quilos de peso e toneladas de criatividade, foi um enorme gozo vê-lo no palco, à sua capacidade de comunicação, à finura e inteligência do seu humor, onde o próprio palavrão soa a poesia, e a perversão do quotidiano é feita sem qualquer tipo de cedência à anedota primária. É o stand up, hoje tanto em moda no nosso país, interpretado pelo seu melhor virtuoso.
Conceptualmente o espectáculo é brilhante, com um fio condutor de início até final, com um cenário resumido a uma cadeira e um balde do lixo, sendo fácil constatar a sua natural simpatia e humanidade contrastante com alguns seus pares que fazem um enorme esforço para parecê-lo sempre que desembarcam na Portela ou em Pedras Rubras. Pena que só cá tenha estado cinco dias. Mas os amantes de bom divertimento podem vê-lo todas as noites no canal brasileiro GNT no seu PROGRAMA DO JÔ. Talvez aí ele já tenha descoberto por que razão as louras pintam a raíz dos cabelos de preto ou por que raio há-de um jovem médico curar a flatulência de um velhinho caquéquito se esse é o único prazer que a natureza ainda lhe reserva... Quando for ao Brasil, vou ver se também terei tempo de ir ao Corcovado...

terça-feira, janeiro 18, 2005

Os senadores



Durante o período republicano, os senadores romanos cuidavam das finanças públicas, da administração e da política externa. As actividades executivas eram deixadas para os cônsules e para os tribunos da plebe. Depois do debate desta noite com Mário Soares, Pinto Balsemão, Freitas do Amaral e Adriano Moreira fica-se com a sensação que os políticos de hoje muito teriam a aprender com estes senadores da nossa praça. Ou será que só a condição de senadores, isentos da cuidança das finanças, da administração e da política externa lhes permite ter opinião fundada e discurso coerente? Ou será por não estarem já partidariamente activos? Ou por não necessitarem de votos? Ou de fazer carreira? Ou por não pertencerem a qualquer lobbie? Ou será por fazerem parte de uma geração de políticos defensores de grandes causas e não de pequenas coisas?

segunda-feira, janeiro 17, 2005

Pior que si próprio


O FCP fez a pior 1ª volta dos últimos 20 anos
O FCP tem só a 3ª melhor defesa do campeonato
O FCP tem só o 3º melhor ataque do campeonato
O FCP não ganhou 4-0 e muito menos 6-1 ao BFC
O FCP não fez nenhuma contratação sonante de inverno e muito menos do tonitruante André Luís
O FCP já perdeu tantos pontos nesta 1ª volta como em todo o campeonato da época passada
O FCP já perdeu 12 pontos em casa
O FCP não tem nem de perto nem de longe aquele futebol vistoso e dominador da época passada

Classificação no final da 1ª volta


31 pontos


31 pontos


31 pontos

Que diabo, esforçem-se também um pouco, não queiram que seja o FCP a fazer tudo...

terça-feira, janeiro 11, 2005

Um ano à Benfica

Gabriel Alves, esse mesmo, o da "boa técnica ao nível do ar", vulgo bom jogador de cabeça, resolve seguir a moda e publica o livro com o título deste post, inspirando-se, justificadamente, na brilhante carreira do treinador António Camacho e nos inúmeros troféus conquistados no ano e meio que esteve em Portugal: a Taça de Portugal, o... , a... , e... , (aqui tive uma branca) e que fica lindamente ao lado de um outro de Figo que por sua vez não fica nada mal ao lado do de Pinto da Costa. Assim o entendeu também a Fnac, que, em destacado escaparate, exibe estas três publicações lado a lado, compondo um ramalhete que dá assim como que um pouco mais de alento aos seis milhões de putativos leitores encarnados, fazendo-os sonhar por momentos que se mantêm mesmo ao lado dos seus outros dois rivais. É a técnica de marketing no seu melhor, a mesma que leva os telejornais a não dar, por exemplo a simples notícia de que o FCP é Campeão Europeu sem que a seguir se faça "cacha" que o Argel saíu do treino desse dia ligeiramente constipado. É, com certeza uma coincidência, sob o ponto de vista desportivo, a publicação dos livros de Gabriel Alves e de Figo a seguir ao de Pinto da Costa. É, com certeza um manã, sob o ponto de vista editorial, a sua exposição em simultâneo.
Li algumas páginas deste último. Literariamente é o seu autor a falar, mas com vírgulas e pontos finais. Afectivamente é o desfiar de memórias muito caras a todos os adeptos portistas. Vou lê-lo. O de Gabriel não. Em e-mail enviado por um amigo há dez anos emigrado, é muito melhor ouvi-lo do que lê-lo, disse, de preferência sem som na TV e com música na rádio, digo. Quanto ao de Figo, lê-lo-ei, sim, se me chegar igual missiva garantindo uma escrita cantilena com aquele suave sotaque castelhano tratando-nos por tu. Por supuesto.
E quando me preparava para sair, deparo-me com UM DVD da final da Taça de Portugal 2003/2004 em que o Benfica venceu o Porto. Vou esperar pelo fim do mês para comprar os DEZ das finais europeias e mundiais em que o FCP esteve presente desde 1987. Isto de ser portista está a ficar cada vez mais dispendioso.

PS: Longe vão os anos em que os ditos apenas tinham o direito a juntar-se "ao Benfica", se este os presenteasse com um título europeu, um campeonato e uma taça. Na mesma época. E depois queixam-se que os rapazes não são ambiciosos.

sábado, janeiro 01, 2005



Ainda a azia. 31 de Dezembro - 19H00. A rádio de serviço para todo o público rebobina o ano desportivo nacional. Desempate por grandes penalidades. "O português parte para a bola ... GOLO! GOOOLO!!! GOOOOOOLO!!!!!! Finalmente termina o sofrimento. Portugal passou aos quartos de final do Euro 2004." Logo a seguir a voz do Presidente da República tenta reanimar as hostes. "Paciência. O mundo não termina aqui. Afinal somos os segundos da Europa." Algumas semanas antes um clube português tinha sido o primeiro. Seis meses depois, também do mundo. Também com penaltis. São estas pequenas preciosidades jornalísticas que o galvanizam, que o tornam tão forte. Para além de tudo o resto, obviamente. É tão óbvio que admira como ainda não deram por isso. Ou talvez não...