30 de dez. de 2008

CONSTRUTIVISMO III - Disseminação de idéias

Início do Dadaísmo - Influências

•O construtivismo é condenado na Rússia e Naum e Antoine deixam o país.
•O exílio facilita a disseminação de suas idéias pela Europa, exercendo bastante influência sobre artistas e movimentos importantes do período, como o Bauhaus e o grupo Stijl.


•"O Dadá ", primeira expressão verbal de uma criança, deve expressar um novo começo, representar a simplicidade e o princípio que toda a arte simboliza.
•Em fevereiro de 1916 o poeta e filósofo Hugo Ball (1886-1974) estabelecia as bases do movimento, em uma bar " Cabaret Voltaire ", mistura de boate e galeria de arte, para o qual foram convidados artistas e poetas jovens para recitar seus trabalhos mostrar seus quadros
ou fazer música.


• Herdeiros de uma das mais ricas tradições poéticas, após a revolução que sacudiu toda a sociedade russa, os poetas impulsionaram sua própria revolução, e através de seus radicais experimentalismos com a linguagem, tornaram-se expressão do que existia de mais inovador em termos de poesia no cenário artístico da época.

Pôsteres - Vladimir Maiakovski

Maiakovski - O Poeta da Revolução

•Em sua poesia, Maiakovski raramente recorre à métrica tradicional. Criou seu próprio ritmo, quase sempre áspero e selvagem, que leva a uma grande expressividade a poesia moderna de versos livres. Usa uma técnica de rimar palavras inteiras. A disposição funcional dos poemas no papel em formato de escada, indicam o ritmo e as pausas do texto, mas também formam um padrão estético no papel, outra inovação futurista. No poeta, há traços de gênio, mas sua técnica não era disciplinada, sem muita harmonia. Esse desequilíbrio era uma característica da época e dos conflitos internos refletidos nele e não uma incapacidade pessoal. Havia nele uma vontade sincera de acompanhar a revolução, mas não conseguiu romper completamente com o passado e essa crise se esconde por trás dos gritos imensos, que podemos perceber claramente em cada um de seus versos.

De "V Internacional"

Eu
à poesia
só permito uma forma:concisão,
precisão das fórmulas
matemáticas.
Às parlengas poéticas estou acostumado,
eu ainda falo versos e não fatos.
Porém
se eu falo"A"
este "a"
é uma trombeta-alarme para a Humanidade.
Se eu falo"B"
é uma nova bomba na batalha do homem.

tradução: Augusto de Campos

CONSTRUTIVISMO II - Espaço e Tempo

A utilidade social da arte

• O movimento foi fundado por Vladimir Tatlin que junto a Alexander Rodchenko, aplicou os princípios construtivistas à arquitetura.
• Relacionava a arte à sua utilidade social. "Monumento para a Terceira Internacional" é uma de suas obras mais conhecidas.
• Os irmãos Antoine Pevsner e Naum Gabo que publicaram o manifesto citado, divergiam do grupo de Tatlin, e formavam outro importante foco do movimento. Eles acreditavam na arte como um valor absoluto e independente.
• Espaço e tempo deveriam ser as base das artes construtivas.

Inspiração Cubista

• Inspirado no cubismo e na pintura de Kandisky (principalmente através dos irmãos Naum e Antoine), o construtivismo fundia percepção artística a conhecimentos científicos, como potencialidade dos materiais e possibilidades formais.
•Intimamente ligado a outro movimento artístico, o suprematismo, fundado pelo pintor Kasimir Malevich (1878 - 1935).
•Enfatizava a cor como instrumento de criação de realidade na arte. Dá um extremo valor à emoção, desprezando as idéias da "mente consciente".



Sei o pulso das palavras, a sirene das palavras . Não as que se aplaudem do alto dos teatros, mas as que arrancam caixões da treva e os põem a caminhar quadrúpedes de cedro. (Maiakovski)

28 de dez. de 2008

CONSTRUTIVISMO I - O Manifesto Realista

Por que somos seres em construção.

  • O construtivismo foi um movimento artístico que nasceu na Rússia em 1913.
  • De um movimento inicialmente ligado à escultura e à colagem, passou a envolver outras manifestações artísticas e literárias, inclusive a poesia.
  • Seu nome vem do "Manifesto Realista", publicação de 1920 que prega o ideal de se "construir " a arte. A arte deveria refletir o mundo moderno e sua tecnologia, utilizando-se para isso de materiais da indústria como o plástico.

Aleksandr Rodtschenko: Raumkonstruktion Nr. 12, 1920/21

Aleksandr Rodtschenko: Hängende Raumkonstruktion, 1920/21


Aleksandr Rodtschenko: Feuerleiter am Haus an der Mjasnitzkaja, 1925.

Aleksandr Rodtschenko: Frau mit einer ‹Leica›, Autoretrato da Fotógrafa E. Lemberg, 1934.

Eu não forneço nenhuma regra para que uma pessoa se torne poeta e escreva versos. E, em geral, tais regras não existem. Chama-se poeta justamente o homem que cria estas regras poéticas. (Maiakovski)

17 de dez. de 2008

A NOITE


William-Adolphe_Bouguereau_La_Nuit

Autor: Sylvio de Almeida - nascido em Minas Gerais em 1863. Bacharel em direito pela Universidade de São Paulo. Como poeta publicou: Efêmeras.

Nos primórdios dos mitos helênicos, era Nyx a venerável deusa da obscuridade. Pintaram-na belamente os artistas: de fronte azul com guirlanda de estrelas, mas não raro velada de sombrias nuvens, e o corpo envolto em majestoso peplo das rainhas do Olimpo. Através do espaço mudo, ia seu carro silencioso, puxado por corcéis de azeviche, no caminho de ouro das constelações. Assim nos evoca Leconte de Lisle, a essa mãe de Hypnos, que nos refrigera com o abano de suas asas, semelhante ao lânguido bafejo de um leque. Fonte de repouso ou de volúpia, ela foi sempre para todos “o esquecimento dos longos dias ansiosos”.

Nyx abre aos homens o carinho material de seus braços, atenua-lhes para os olhos cansados a claridade dos ares, e acalenta-os num burburinho de rede de mansas vozes. Recostados em seu piedoso seio, ouvindo a música de suas árias longínquas, nem sentimos a chegada do sono, que com um dedo intimativo aos lábios, e cingido de papoulas, nos fecha devagarinho a luminosa flor das pálpebras. É então que cada um de nós, na feliz expressão de Boileau:
« Soupire, étendre lês brás, ferme l’oeil et s’endort. »
« Suspira, estende os braços, feche os olhos e adormece »
A delícia deste quase aniquilamento sugeriu aos filósofos da Índia, a beatitude do Nirvana, após a febre ativa da vida que nos devora. Quando o nosso corpo vai despedaçar-se qual um vaso de barro, é a inda a mesma divindade que, como diz um hino védico, nos depõe nos olhos um longo beijo de treva.
Se, para a poesia, a aurora foi sempre a imagem da noiva, que se levanta de um leito de rosas, lembra-nos a noite uma viúva: – a escuridão é o crepe, o orvalho – lágrimas, e o luar – saudade...

Não sei, porém, qual mais belo seja: – um céu de lua solitária, ou apenas com recamos de estrelas. Estas refulgem como adereços em veludo negro, ou polvilhamento de ouro, formando as reticências do eterno mistério. No outro caso, parece que a natureza toda se extasia e as árvores banham as copas numa suave luz opalina, atirando aos pés, como uma veste desprezada, a renda fantástica de suas sombras regulares... A terra cai num enlevo, os corpos se envolvem em uma benta unção prateada, e as águas emaranham os fios brancos de um impalpável novelo de luz, jaspeadas escamas a tremeluzir com as ondas.

– Ave, pois, ó deusa que Hellas adorou na infância! Ó céu noturno, da palidez e meiguice de Abel, e da fecundidade de Abrão, cuja descendência igualou as estrelas! Como Isac desabrochou daquele tronco seco também de ti desabrocha o dia sorridente!
Esquece, pura Nyx, as nefandas ações que se praticaram sob as dobras do teu manto... Infiltra em nossa alma, ó maviosa confidente, a nostalgia do ignoto e o sossego dos afetos!
De tua taça de ébano cravejada de brilhantes, verte sobre nós, ó Noite, o silencio e a doce resignação do aniquilamento...

12 de nov. de 2008

SER PASSARINHO



passarinho pousou na janela
comeu migalhas
colheu gravetos
bebeu água da chuva

passarinho
não tem onde morar
mora no ninho
feito em qualquer lugar

o passarinho
vive ao relento
o passarinho é cinzento.
o passarinho
nem sabe cantar

ah... como eu queria ser
como esse passarinho
só pra poder voar.

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16 de out. de 2008

DOCE DE GENTE


Delicadez_José Royo

A filha que não tive,
se chamaria
Maria.

Ela teria a pele branca
feito a lua,
e os cabelos
cor de terra,
feito os meus.

Seus olhos me olhariam
docemente.
Maria, seria um doce de gente.

Mas Maria não se fez.

Melhor. Assim a imagino sempre.
Sempre,
e outra e outra vez.

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MIMOS


Mimos são belos,
todos.
Vermelhos brancos,
amarelos tantos.

Belos, porque singelos.

Carinho nos olhos,
afagos na alma,
ternura pura,
delicadezas.

Mimos vão além do amar.

Mais do que flores
são doçuras.
Mel derramado
de coração a coração.

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CHORO PITANGAS

preciso rir
chuvas e sóis
preciso rir
primaveras
preciso rir
flores se abrindo
perfume beija-flor

porque ainda
é inverno
não posso

me calo em frio
galho seco noite
choro pitangas
lágrima ácida dor
porém brilhante
vermelha doce
lágrima de esperar

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13 de abr. de 2008

Poeminha

Quando menina
fiz um poeminha.
Falava de casas
com quintal,
de um cão,
do sol.

Depois desenhei
com aquarela:
uma casa amarela,
um cão
e o sol.

Passei anos
admirando
minha pintura
e declamando
meu poeminha.

Hoje minha vida,
transformou-se
no que pintei:
uma casa amarela,
o sol e um cão.

Que pena
eu ter esquecido
de pintar um coração.

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6 de abr. de 2008

Todos os Laços


El_Lazo_Amarillo José_Royo

Como são belos
todos os laços.
Laços de amizade,
laços de ternura,
laços de fita,
de todas as cores.

Laços no cabelo,
laços no vestido,
laços no sapato.
Laços do passado,
antigos nós
a serem desfeitos.

Laços do futuro,
atados às rédeas
da imaginação.
Amor, dos laços
o mais forte.
Desses que não se desfazem.

Ou pelo menos,
não deveriam ser desfeitos.
Laço vermelho,
que se faz dentro do peito
e se agita louco,
no compasso do coração.

3 de abr. de 2008

Colhi Sonhos

Plantei grãos de sonhos no jardim da infância
Que floresceram no Campus.
Deveria tê-los plantado no meu quintal
Pois os sonhos, flores frágeis e inconstantes
não resistiram à colação de grau

Plantei sementes de ilusão
Colhi sonhos a vida inteira
Por isso hoje tenho as mãos vazias
mas meus canteiros cheios de esperança.
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