quarta-feira, novembro 27, 2024

A Sombra do Outono

Meu coração está como este sol cansado 
Em novembro, 
no outono, 
é o outono, meu bem 

Cansado desta sombra muda que lá habita
No outono, 
em novembro, 
é o outono, meu bem

Quem me dera ser 
a árvore que larga as folhas 
Assim largasse eu 
a sombra que lá habita, 
que emudeceu, 
não sei mais em que época.
Talvez tivesse sido no outono meu bem, 
É outono meu bem 

Rui Luís 

quarta-feira, setembro 11, 2024

Flor do Alecrim

Que venha agora o vento
Soprando a tristeza para além
Que a misture com as folhas
Com as chuvas de outono também

Que o alecrim traga muita flor
Pela segunda vez neste ano
Traz o teu cheiro, traz o teu nome
Toda a beleza do ser humano

Que volte o sorriso com o frio
Na hora certa de regressares
A porta aberta só se fecha
Pela noite, quando chegares

Que caia a primeira neve
Os nossos beijos a façam derreter
À minha beira, aqui estás
Não te faças mais perder

domingo, setembro 01, 2024

Fado-Negro, Fado-Luto

 

 

 

(foto "superlua" de Rui Luís)


Veste o negro da vida,
pinta as unhas também,
quem perde tem saudade
da pessoa que já não vem.

Negra a noite de solidão,
vaso com flor ao luar,
lado vazio na cama,
silêncio fugaz teima em ficar.

Fado-negro que consola,
alma sofrida não baila,
anda à beira-mar a passo
com a areia que espalha.

Fado-luto, nunca mente,
sina crua que se cumpriu,
canta-se agora na capela
o amor que partiu.

domingo, junho 23, 2024

O Verdadeiro Amor

("o pastor" de Rui Luís - óleo sobre tela)

O verdadeiro amor espera
Numa casa de campo
Num monte
Com as ervas verdes
Já crescidas
 
E debaixo de um céu
Cheio de cores azuis e brancas
Um pastor
Com o seu cão
Segue o caminho
Ao seu encontro


quarta-feira, junho 05, 2024

fragmentos #1

Sonhadores nunca aprendem a largar  
seus amores, suas belezas, seus caminhos sem retorno.  
São amantes do sol que queima a pele enrugada da cicatriz. E, à porta do quarto, mandam-te entrar...

domingo, junho 02, 2024

Lembranças do Sol

Se te lembrares de mim
Que seja num dia de sol.
Deixa-te iluminar e aquecer
Pelos raios solares do passado.
Lembra-me com clareza
Após a neblina matinal
Quando um céu azul surgir
E os pássaros voarem para o sul

Se te lembrares de mim
Que seja na época das flores.
Passeia pelo jardim dos poetas
E lê nas pétalas todos os versos.
Talvez existam frases nossas
Que persistiram ao longo do tempo
Que insistem em não se apagar
Com os ventos do outono

Se te lembrares de mim
Pensa em mim com sorrisos.
Irei acenar-te do teleférico
E seguir caminho pelo rio abaixo.
E quando o sol se puser
Espera-me sempre à beira-mar
Que antes do novo dia amanhecer
Irei regressar com a maresia