Então, estou com problemas. Graves. Sérios. Absurdos.
Não consigo ler os contos do Desafio Literário desse mês!!!! Eu até peguei o livro. E tô com bastante tempo pra fazer isso. Mas não consigo me concentrar de jeito nenhum.
O que me leva a duas conclusões: o livro é chato e eu tô sem paciência.
Mas como eu fui atrás do dito cujo e este é o penúltimo passo do desafio, fiz um esforço hercúleo para ler pelo menos o conto que dá nome ao livro - Bola de Sebo.
E abusada que sou, registro aqui a resenha e finjo que cumprí a meta do DL desse mês!
Guy de Maupassant foi um francês muito do safado que morreu de sífilis aos 43 anos. Antes disso escreveu romances sempre usando de situações psicológicas e críticas sociais. A sua produção de contos é fantástica! Prolífica e de excelente qualidade literária. O cara nasceu pra contar estórias de cunho realístico.
Bola de Sebo é o apelido de uma prostituta muito conhecida na época em que se passa o conto. Daí que a França está sendo invadida pelos prussianos e um grupo de cidadãos decide ir para o porto de Havre. Nesse grupo tem gente da nobreza, do clero e pessoas mais simples, além da nossa heroína que aparentemente não se encaixa em nenhuma dessas classes.
A viagem demora mais do que o planejado e, como todo mundo é gente humana, a fome aperta. E ninguém lembrou de levar um sanduichezim. Quero dizer, ninguém exceto a Bola de Sebo, né? Obviamente a gordinha não sairia pra fazer uma viagem dessas sem uma pequena cesta de piquenique!
Essa é das minhas!
Bom, com alguma necessidade básica cutucando os instintos ninguém se apega aos bons costumes. Logo todo mundo esquece o preconceito e aceita as gentilezas da prostituta que acaba dividindo seu lanchinho generoso com toooooodooooos os integrantes do grupo.
E a viagem que se tornou tão longa requer uma parada estratégica para descanso, num hotel dominado por um general alemão. O oficial que não é bobo nem nada sacou que nossa heroína é uma mulher assim, despachada, e exige que ela se deite com ele. ("Se deite"... rsrsrs.... que expressão mais antiquada!).
Mas Bola de Sebo tem brios. E diz não obrigada. Claro que o cara fica puto (sem trocadilhos por favor) e impede todo mundo de ir embora.
Taí o circo armado.
A nobreza, o clero e a pobreza ficam tão indignados quanto a prostituta, e apoiam a sua decisão. Mas com o passar dos dias começam a deliberar se seria assim, um sacrifício tão grande... partindo do princípio de que essa é a "profissão" da moça, porque ficar fazendo doce e prendendo eles lá?
E todos se unem numa estratégia maligna para que a prostituta ceda aos caprichos do inimigo. E ela acaba cedendo.
Pronto, estão todos livres para continuar o caminho!
E depois do sacrifício pelo bem do grupo, vocês não tem ideia do que os verdadeiros prostitutos fazem! Acreditam que eles passam a ignorar a coitada da Bola de Sebo? Chegam ao ponto de deixá-la com fome durante o restante da viagem, uma vez que na afobação da situação ela se esqueceu de preparar o lanchinho básico. E desta vez todo mundo lembrou de levar algo pra comer... e nem tchuns pra ela.
Putada.
Bola de Sebo e outros contos
Guy de Maupassant
Editora Globo
269 páginas