sexta-feira, 13 de março de 2009

Amendoinômana

Comecei o dia, hoje, falando de amendoim. Talvez porque eu tenha terminado meu dia, ontem, comendo amendoim. Besteira, eu falei de amendoim hoje e comi amendoim ontem à noite somente por um motivo: eu sou viciada em amendoim. É um vício complicado: ninguém acredita nele. Nem médico - que é a espécie viva que mais tem fé nas histórias das pessoas (ou que finge).
Descobri que não sou a única. Era angustiante ser a única a ter um vício no planeta. A sociedade perdoa os vícios permitidos por lei e condena as maravilhas proibidas por lei, mas ninguém fica imune ao assunto. Aí vem você com outro vício diferente, e o preconceito é feroz. "Isso não existe". "É carência!". "Basta você controlar sua gula".
Gula é o carai. Sou é viciada. Dependente, orgânica e inorganicamente químico-dependente. A quem me fala em ter "força de vontade para superar a compulsão" eu sugiro que estude todos os sintomas de abstinência, quando não tenho o meu produto torrado e salgado à mão. E quando estou viajando, então? É certo que, em viagens, tenho na bolsa dinheiro, documentos, pelo menos uma caneta e uma folha de papel, meu MP4 e, claro, um pacote de amendoim. Pacote de verdade, não aqueles de 40g. É coisa de 120 pra cima. Mas calma, que isso não é todo dia.
Único problema detectado: amendoim engorda pra caramba. No mais, é muito mais barato que qualquer outro vício que eu conheça (só de ouvir falar, claro). É sociável, gostoso, não causa câncer (pelo menos que se saiba), mata a fome, etc. E a melhor das vantagens: combina perfeitamente com cerveja.
Podem me criticar, vou continuar com meu amendoim. E agora, então, que descobri que não sou única no mundo - um amigo do Rio também se confessou viciado -, sinto-me muito melhor de me assumir tal qual sou e gosto. Aliás, esse meu amigo também fez a homenagem ao amendoim no seu blog, O Comentarista.
Chocolate? Gosto também, mas não chega nem aos pés do amendoim. E não combina com cerveja.

quarta-feira, 4 de março de 2009

O Poder da Natureza


Sou uma mulher de pouca fé. Tão pouca que só estou admitindo hoje, depois de nove anos e quatro meses de análise, sem contar com todas as terapias alternativas pelas quais já passei e deixei meu rastro – vulgo dinheiro.
Acabo de passar por uma crise de refluxo gástrico. Como já tive esse troço há uns anos, assim que o primeiro sintoma apareceu, fiquei alerta. A cura para males estomacais é relativamente fácil, basta você deixar de comer tudo o que é bom e reduzir seu consumo de líquido a água pura. O problema é que eu tenho pouca fé, mas me sobra teimosia. E tenho uma dificuldade imensa de abrir mão de qualquer prazer – ou seja, tenho que aprender a conviver com males estomacais para o resto da vida, igual a um paciente com diabetes ou um corno rico e apaixonado.
Bem, cortei os alimentos que me faziam mal e não me eram essenciais: coca-cola (eu substituí por guaraná, já que o médico me proibiu de tomar coca-cola, mas não falou nada sobre outros refrigerantes), leite (sacrifício zero neste caso). Tem mais? Peraí... hum...ah, sim, deixei de tomar vinho. Comida eu não abri mão de nada, porque minha dieta é super-tranquila, desde que eu não esteja com uma cerveja à frente.
De cerveja eu dei um tempo. Mas foi, para ser sincera, um tempo curtinho. Aliás, muito curto. Não aperta que eu confesso: de segunda a quinta eu evitava cerveja. Pronto. Nos outros dias, dependia dos sintomas: se tivessem fortes, eu jogava minha viola no saco e ia dormir. Se tivessem fracos, eu arriscava até que ficassem fortes. Se não tivesse sintoma algum, aí tava liberado.
Senti que meu tratamento, administrado por mim mesma a esta pessoa que vos escreve, não estava progredindo satisfatoriamente. Não queria ir a um gastro para não ouvir o que ele iria me dizer (ou seja, o que ele iria me proibir). Então uma amiga me aconselhou um homeopata. Adorei! Eu já tenho alguma experiência com chás e ervas, então achei que, de repente, podia dar certo.
Ele me passou um tal de Nux Vomica que revirou minha vida de cabeça pra baixo. Eram cinco gotinhas antes de dormir, e passava a noite toda delirando, acordada e tossindo, chorando, “enrouquecendo” e enlouquecendo. Achei a experiência transcendental, e, embora não tivesse melhorando em nada meu refluxo, mantive a medicação.
Ah sim: perdi a paciência com o refluxo, comprei omeprazol, tomei por uma semana, e agora estou boazinha da silva. Depois que passaram todos os sintomas, procurei um gastro e fiz todos os exames possíveis, para constatar que tava tudo em ordem no meu organismo.
Beleza.
E ainda tenho quase meio vidrinho de Nux Vomica.

terça-feira, 3 de março de 2009

Estupidez deveria ter limite

A Falha de São Paulo apronta mais uma.
Chamar a ditadura de “ditabranda”, só mesmo para um jornal que tem tantas peculiaridades com este período violento e covarde da história brasileira. A brandura deve estar nos lucros exorbitantes de um “cala a boca” suposto da censura da época – Roberto Marinho que o diga. A “sutileza” da ditadura, para os Frias e seus cúmplices (fardados ou não), sempre esteve religiosamente depositada em contas bancárias.
Ah, e cínicos e mentirosos são os que contestam o termo “ditabranda”, e não os que o fincam vergonhosamente num editorial de um dos jornais mais influentes do país. Imparcialidade? Hahaha... Informações fidedignas? Hahaha... Sei.
A todo mundo que concorda com o termo “ditabranda”, fica aqui minha sincera torcida para que aprenda, na própria carne, a respeitar a dor e a história de quem foi estupidamente preso, torturado, seviciado, estuprada, e também de quem perdeu marido, mulher, mãe, pai, filhos, irmãos e amigos. Torço, de coração, para que aprenda com a própria dor a diferença entre “ditadura” e “ditabranda”.
Para Frias e seus cangaceiros literatos, ditadura no cu dos outros é refresco.
Eu faço o que posso: não compro e nem leio a Falha. Afinal, como disse Raulzito, “mentir sozinho eu sou capaz”.

Saiba mais sobre o assunto:
http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=8&i=3462