Desengonçada, ela adentrou a classe. Não tinha dois meses que ia àquela academia, quase que diariamente, em busca de uma silhueta que combinasse com suas roupas justas. Queria ganhar mais flexibilidade também. Quem sabe poder cortar a unha do pé sem tanto malabarismo e sofrimento. Só se deu conta de que a aula não era de alongamento quando viu as colegas de sapatilha. Balé! “Vixi, dancei, literalmente”. Ela parecia uma marionete descontrolada na aula. As colegas riam. A professora ria. A academia todo ria. E não lhe restou alternativa, senão rir de si mesma. E depois daquele vexame todo, ela desistiu da silhueta e se conformou em gastar com a pedicura.
(da série microcrônicas, por Ewerthon Tobace, 28/09/11)