Côa...rio...gravuras...progresso...
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Foi este rio, o Côa, e esta região, estendida de Vila Nova de Foz Côa a Figueira de Castelo Rodrigo que viram os homens da Pré-História executar nas paredes xistosas das suas margens as magníficas gravuras que hoje são a base para que a Unesco tenha considerado esta superfície geográfica como Património Mundial.
De beleza estonteante, os riscos esculpidos no mole xisto que comprimem as águas relatam-nos cenas do quotidiano daqueles tempos em que viver e sobreviver era uma epopeia.
As gravuras do Côa deram origem a uma instituição cujas instalações se situam na Vila de Foz Côa. Os diversos trabalhos de investigação centralizam-se naquele espaço.
Na altura quente da descoberta das obras de arte pré-históricas muito se falou, muito se escreveu, muito se prometeu...Um futuro risonho e um plano de desenvolvimento integrado daquela região era a única saída...Para trás ficou o projecto de uma barragem que ameaçava a destruição de tão valioso património. Salvaguardou-se também a Quinta do Vale Meão, a tal que produz o tão afamado "Barca Velha".
Tudo, a meu ver, atitudes positivas de políticos inteligentes, de visão, que não sacrificaram a História a uma construção que, se fazia falta não se tem notado, pois ainda não foi construida noutro local como alternativa...
É bem que por cá se tenha mais vezes a coragem de assumir posições correctas e assertivas e que não se vá atrás daquilo que muitas vezes apenas constitui um "progresso" com uma durabilidade de 100 anos. É que se a água produz energia, o vento também, o sol também...Se a energia é fundamental aos dias de hoje que se invista nas energias alternativas...que parece ser o que está a acontecer e se preservem as "grandes construções do homem".
As gravuras do Côa por seu lado, se constituem a "chave" do progresso e desnvolvimento daquela região, estes últimos não se têm feito notar...a não ser a proliferação desmesurada de restaurantes em Vila Nova de Foz Côa.
Alheio a tudo isto mas, no centro disto tudo lá vai o Côa...correndo, ora mansamente ora de uma forma mais violenta, mas sempre comprimido pelas suas xistosas margens...