Alminhas... ou o quotidiano mental das gentes idas...
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Falar de alminhas é, para mim, um tema interessante. Trata-se de uma forma popular, muito rica, de expressar a cultura, a religiosidade, o quotidinao mental das populações que dos séculos XVII-XVII até ao primeiro quartel do século XX povoaram este território.
Não se pense que o primeiro quartel so século passado foi há muito tempo, não...há certamente imensa gente por estas aldeias fora que são dessa época. Muitos dos anciãos, e não só, com quem privamos ou que amiúde encontramos e nos cruzamos diariamente são contemporâneos dos construtores destes monumentos de religiosidade popular. Alguns haverá que foram eles quem esculpiu tais obras de arte.
Pedreiros?... Canteiros?...Já faleceram?...Ainda se encontram connosco?...
Bem...hoje deixo-vos um exemplar que foge um pouco aos tipos habituais de alminhas da nossa região (Beira Alta). Fica numa aldeia da freguesia de São Pedro de France (Cavernães), concelho de Viseu. É muito bonita...
Opressivamente entricncheirada...
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O engenho e a arte, tal como dizia Camões, faz o Homem adapatar-se à Natureza; faz a Natureza adaptar-se ao Homem.
Este aproveitamento de duas descomunais rochas fez nascer ali, em Terras de Tavares, uma construção interessante. Esta prática de construir aproveitando as condiçoes do terreno, o relevo, os acidentes geográficos é muito antiga. Há vários exemplos (de ruínas, na maior parte dos casos) deste tipo de atitude humana.
Existem castelos (restos) que consistiam apenas em muralhas grosseiramente construídas entre pedregulhos e que assim os uniam; estava assim, e de uma forma rápida e eficaz, edificada uma "fortaleza", cujo objectivo era essencialmente o de defesa. Por este país fora, no nosso concelho, nos concelhos vizinhos, são vários os vestígios arqueológicos que testemunham esse tipo de construção. Ora, o Homem na sua evolução mantém estes elementos de continuidade ao longo dos séculos. E ainda bem, é caso para dizer, pois se se pensa que a evolução humana é rápida desenganem-se: é lenta...muito lenta. É da constante e repetida assimilação dos elementos das suas origens que o Homem...avança.
Caros amigos leitores e comentaristas apreciem esta relíquia (que ainda não está em ruínas) da arquitectura rural: uma casa opressivamente entrincheirada entre morros graníticos!...
Não poderá nunca ser candidata às 7 maravilhas do mundo, ou tão pouco às cá do burgo...porém, faz-nos reflectir, faz dar um passo "a trás" para consistentemente dar-mos dois para a frente... 