Para o Benfica há sempre justificação para tudo, até para quando as coisas correm bem. Já não falo de quando as coisas correm mal, já que aparecem logo uns mensageiros do tempo a relembrar tempos idos como se a História fosse um compêndio curto.
Tudo isto para dizer que as Contas que vão ser apresentadas aos associados mais logo indicam que o passivo do clube diminuiu, que as contas são analisadas sobre outro modo diferente do que era há bem pouco tempo e que existe agora um MEP (Método de Equivalência Patrimonial), onde se justifica que, devido à participação do Benfica noutras empresas do grupo fazem com que os resultados não sejam os esperados, porque algumas sociedades do grupo Benfica apresentam resultados negativos.
Sendo assim, temos o seguinte:
- Resultado EBITDA (resultado antes de depreciações, gastos de financiamento e impostos) apresenta um prejuízo de 5,3 milhões de euros, ao invés dos 1,1 milhões que seriam positivos se o Benfica não tivesse participação na Benfica SAD e em outras empresas do grupo. Tudo porque essas sociedades apresentaram contas negativas e o Benfica (clube) é arrastado nessa situação.
- O Sport Lisboa e Benfica não possui dívida bancária. Será outro dos argumentos a apresentar. Muitos sócios poderão ver nisto uma medida de gestão brilhante. Não é brilhante, mas é um bom sinal. É um bom sinal se as restantes sociedades, onde o Benfica é maioritário, também elas reduzirem as suas dívidas. Se houver, alguma vez, a hipótese de uma das sociedades perder a capacidade financeira de se auto-sustentar, será o Benfica a chegar-se à frente e aí, logo aparecerão as dívidas bancárias. Não deixa contudo de ser um bom sinal, o próprio clube estar isento dessas despesas.
- Cerca de 70,7% das despesas do clube são gastos em transferências de quotização para a Benfica SAD (cerca de 75% da quotização vai para esta sociedade), os honorários e os vencimentos dos colaboradores.
- Existem três grandes pilares geradores de receitas (quotização, merchandising e patrocínios). Em termos de receitas, a quotização gera 50% da totalidade (deste valor, 75% vai para a SAD), o merchandising 15% e os patrocínios 11%. A disparidade é enorme e aqui a Direcção do Benfica terá de começar a implementar novas regras para que exista maior equidade nas principais fontes de receita.
- Finalmente, os rendimentos operacionais tiveram uma redução de 12%, derivado de 3 factores (aumento das receitas de quotização, diminuição das receitas de exploração directa do merchandising e diminuição das receitas do Bingo). Algo de errado se passa quando nós conseguimos aumentar as receitas de quotização (ou seja, angariação de sócios), mas depois não fazemos com que eles continuem a fidelizar-se ainda mais (diminuição das receitas de merchandising). Há claramente, qualquer coisa que falta para que se aumentem ainda mais as receitas neste campo do clube.
Em síntese, o passivo do clube diminuiu, mas o exercício do ano anterior também diminuiu, atingindo os resultados negativos de 5 milhões de euros. Não é um mau exercício, mas também não é bom, tendo em conta que há sempre (e eles existem) espaços a melhorar e corrigir...