ouço o marulhar das águas
quedo-me nesta envolvente humidade
em cada palpitação as mágoas
afundadas na saudade
sobrevoam aves migratórias
abandono-me à nostalgia
levam para longe minhas histórias
e cada sombra me recorda
- que nem é noite nem é dia!
corre a solidão por perto
corroendo a minha mente
ausência de vida, deserto
o meu coração sente.
aqui estou parada
na armadilha do tempo caída
o destino dá a sua gargalhada
de vingança, mais forte que a vida.
cansada, de não ser útil para nada
desgastada, pela ferrugem e pelo frio
que mãos me ousam tocar?
deixaram-me neste rio
como tão pouco duradoiro é o amor!
só a memória dos dias nos lembra
o que foi amar...
natalia nuno