sábado, 7 de setembro de 2019

o mosto do amor...



olho os teus olhos que brilham constante
quando me olham de frente
e me dizem verdades
cegamente afirmo exaltante
que nos corações trazemos saudades.
no meu âmago com amor te soletro
para ti foram meus primeiros versos,
salpicados de alegria, com o coração em chamas
e o despontar da brisa, na hora
a que me amas,
- e escrevo cada verso
com a força do aço, e somos nós em cada
pulsação, em cada abraço...

a felicidade amanhece nos nossos olhos
tudo o resto, é resto, e pouco importa
ai de mim a respirar para viver d' amor,
não me fechem a porta,
quero ouvir a música das ramagens,
permanecer acordada enquanto os sonhos
não se desfazem e o arauto da morte
não surgir pela calada.
quero olhar teus olhos onde os pássaros fazem ninho
e me leves p'la mão no que resta do caminho

natalia nuno
rosafogo
imagem do pintarest



quinta-feira, 5 de setembro de 2019

o cantar que hoje canto...




liberto a minha angústia
dos dias que me deixam a alma turva
ouço as folhas que estremecem
e me inundam de música
e sem palavras não sei como falar
à minha gente...
por razões que só eu entendo
e o meu coração sente
vou cantando meus sonhos sombrios
sentindo-os presentes nas águas que correm
transparentes, na alegria que eu quisera
que ainda fosse, a menina que levassem pela mão
seria a vida de novo quase perfeição.

sonhos, sonhos que da minha nascente brotam
minhas mãos, à minha sede servem de taça
são elas que fazem moer a mó das recordações
que a memória lembra enquanto o tempo passa

e o cantar que hoje canto
será extinto um dia
ficará o tempo adormecido
esse tempo que já não fará sentido
não mais poderei tocar o mar, nem  olhar
as estrelas e o luar, mas estarei com a minha gente
num tempo prenúncio que já me sente.

natalia nuno
rosafogo


quarta-feira, 4 de setembro de 2019

solto a imaginação...



o fogo no coração esfria
foi-se a antiga alegria
e meu peito se debate, com falta
de vigor, falta de amor!
só minha alma ainda canta e  a poesia
é meu céu aberto de par em par,
é meu alicerce, minha saudade
solto a imaginação...  deixo-me levar

esqueço a decrepitude da idade
acendo as candeias que na minha infância
havia, e assim iluminada, vivo mais um dia
lembrando coisas sem idade
hoje sou alguém de alma já gasta
mas o sonho ainda é meu, e, isso me basta

sinto o desgaste da memória
que já se deteriora, algum dia vou
encontrar a paz, aí terei os grilos cantando
à minha surdez, e depois talvez, oiça
o marulho das águas, que não têm parança
e o riso da criança, agora de sol vazio
entrando no crepúsculo do outono
remando ao frio inverno, ao abandono.

natalia nuno
rosafogo


terça-feira, 3 de setembro de 2019

arder de amor...



todo o sonho acaba... inacabado
como um dia vazio e cinzento
perde-se o encanto a cada momento
e o sonho foi isco, mas é passado.
a m'alma está fora de mim
como se levada por um tornado
fica a saudade dum amor maior
abrigo o meu desejo de ti,
acolho-me na recordação plena que vivi.

todo o sonho acaba em desalento
e eu perdida na noite caída
sem que o coração sossegue,
ele que fabrica o sonho
e recria a vida.

todo o sonho nasce com sina de acabar
às vezes traz da meninice o odor
da juventude o amor,  fonte de calor
no coração incandescente, logo vento forte
faz acordar, e a realidade tocar
o sonho acontece como por encanto
tudo me foge menos o amor
pois se te AMO tanto!

natalia nuno
rosafogo