palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
sábado, 30 de outubro de 2010
NOSTALGIA DA INFÃNCIA
NOSTALGIA DA INFÃNCIA
Desce a noite de repente
A fuga do tempo é tamanha!?
Colho a solidão da tarde amargamente
Esta que sempre me acompanha.
Revejo meu caminho desde criança
Sinto o fumo do acender do forno
O odor do pão quente na lembrança
Um sopro no rosto húmido e morno.
Sinto tapete de erva tenra, ouço o rio
Também já ao longe o chamar da mãe
Na minha lembrança está preso por um fio
Preciso ouvir mais, quero ir mais além!
Jamais nos separarão!
Estas lembranças surgem espontaneamente
Apesar da distância o meu coração
Tem o condão de as ressuscitar súbitamente.
Deixo este poema preso na distância
Nestas horas sombrias feitas de saudade
No colo que foi meu na infância
E na amarga solidão deste findar de tarde.
rosabrava
natalia nuno
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
QUERIA TANTO!
QUERIA TANTO!
Queria tanto
Mergulhar em noites de sono
Mas este rosário de desencanto
Me leva de raspão ao abandono.
E bocejo, nas horas e nos minutos
Inútil truque que não adianta!
Vão se as noites e não colho frutos
Nem sonho e o cansaço me ataranta.
Queria tanto
Embriagar-me em plenitude
Ignorar a morte, e entretanto
Afastá-la «fique ela longe de ideias não mude».
Queria tanto
Neste meu sonho irreal
Cobrir-me de branco manto
E voar em espaço astral.
Mas em desconsolo descubro
Que de tanto eu querer, com tanta
tenacidade
De mais tristeza me cubro
Neste tempo a acontecer
Onde já me perco na idade
rosafogo
natalia nuno
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
A SECAR O ROSTO APRENDI
A SECAR O ROSTO APRENDI
Não sei do Sol p'ra me aquecer
Parei, silenciosa, sem vontade
Minhas lágrimas ninguém vem recolher
O tempo passou, deixou saudade.
A secar o rosto aprendi
Chove neste dia e chove em mim
Caí no Mundo caí!
Dentro do meu Eu há outro Eu
Que já distante nesse dia nasceu.
Tiritando de frio
Era Janeiro, me lembro era Janeiro!
Logo mil coisas enfrentei, surgiu o vazio
Então pensei: vou fazer berreiro!
E logo a minha voz se ouviu.
E assim nasceu uma nova esperança
Chegava trazia um destino p'ra cumprir
Era só mais uma criança?!
Ah! Mas logo me fiz ouvir.
Mas que dia duro!
Vontade pouca de me alegrar
O Mundo era feio, sem futuro
Mas nada abafou meu choro, nasci para ficar.
Também o Sol não apareceu
E a solidão em mim a crescer
Mas a palavra aí nasceu
Solta, livre, desesperada por viver.
E foi assim que me fiz gente
Numa luta sem igual
por um pouco de felicidade
Hoje? Bastava só um raio de Sol quente!?
No final...
deste dia, nesta hora de saudade.
rosabrava
natalia nuno
terça-feira, 26 de outubro de 2010
QUERO Á VIDA
QUERO Á VIDA
Às vezes fraquejo um pouco
Parece que a vida me escorrega
Espavorido o tempo, corre como louco
Indiferente, impassível já me pega.
Deito no papel este mal estar
E a vida se apazigua então.
Corro o ferrolho ao coração,
Deixo a saudade amainar.
Arranco a tristeza, desafio a solidão.
O destino prediz amanhãs sem brilho
O corpo vai dando sinais estou atenta
Quero à vida como uma mãe quer ao filho
Mas vai-se a côr, a vida fica cinzenta.
Há dias em que o meu céu é pardo pesado
E as palavras se baralham na mente
A voz se quebra num som magoado
Cai sobre mim um crepúsculo bruscamente.
Por mais que o tempo me desfolhe!?
O meu coração continua perseverante
Que sejam hoje as ultimas estrelas que olhe
Caminharei com sentimentos novos, confiante.
rosabrava.
natalia nuno
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
COMO NUM SONHO
COMO NUM SONHO
Gosto de descansar no teu braço
Respirar o perfume da tua pele
Tornar-me rainha do teu espaço
Sorver da tua boca o mel.
Deixar instalar entre nós a quietude
Tu és o amante que meu coração elegeu
Dentro do meu peito vem a saudade amíude
Do primeiro beijo que minha boca sorveu.
Ideal amor que ainda ateia a fogueira
Deste grande sonho que se alevantou
O coração é criança rebelde sem fronteira
Nesta teia há muito que se enredou.
Meus olhos são estéreis sem os teus
E de nostalgia tristonhos, já sem cor
Abrimos os braços aos sonhos meus e teus
E assim vai correndo sereno nosso amor.
Na viagem dia a dia o coração a bater
As horas nos possuem, passa o tempo bem sei
Damos as mãos, nada nos fará temer
Sem ti, outro caminho não tomarei.
Há em nós uma vontade enorme de viver
Quando penso que já nada vale a pena?!
Vens tu, um mar de esperança me trazer
E, como num sonho me deixas serena.
rosabrava
natalia nuno
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