terça-feira, janeiro 23, 2007
J'AIME
Liguem o som e sigam a letra desta bonita canção de Adamo
J'aime quand le vent nous taquine
Quand il joue dans tes cheveux
Quand tu te fais ballerine
Pour le suivre à pas gracieux
J'aime quand tu reviens ravie
Pour te jeter à mon cou
Quand tu te fais petite fille
Pour t'asseoir sur mes genoux
J'aime le calme crépuscule
Quand il s'installe à pas de loup
Mais j'aime a espéré crédule
Qu'il s'embrasserait pour nous
J'aime ta main qui me rassure
Quand je me perds dans le noir
Et ta voix elle murmure
De la source de l'espoir
J'aime qu'en tes yeux couleur de brume
Me font un manteau de douceur
Et comme sur un coussin de plumes
Mon front se pose sur ton coeur
Uma canção dos velhos tempos e que, raramente ,se ouve !
sábado, janeiro 20, 2007
BONECA
Se eu vos disser que sou uma boneca, vocês pensam logo que eu sou bonita. "É uma boneca", não é isso que as pessoas costumam dizer? Preparem-se para uma surpresa: não sou bonita. Mesmo nada bonita. E ainda não fui capaz de descobrir por que razão... Terá havido algum erro na linha de produção? Será que faço parte de um projecto que afinal não vingou? Não faço ideia. Mas tenho a certeza absoluta de que sou única.
Quando estava na fábrica, esperando para ser enviada sabia lá para onde, olhava para as minhas irmãs, todas elas de longos cabelos loiros, de grandes olhos verdes, e julgava que era também assim. Confesso que foi um choque quando descobri que o meu cabelo era loiro, sim, mas não era macio, era rebelde e sem vida, e na verdade os meus olhos eram verdes, mas tão míopes que era obrigada a escondê-los atrás de grossas lentes... a minha pele, ao invés de saudavelmente fresca, estava coberta de borbulhas. Se a isto acrescentarem que os meus dentes mais pareciam os de um castor, bem... não é uma imagem muito lisonjeira, pois não? Era difícil viver com aquela realidade, principalmente na actual sociedade em que a aparência parece ter um papel tão importante e é quase obrigatório para qualquer mulher ter um aspecto saudável, belo, com uma bonita pele, o cabelo bem arranjado e dando a impressão de ter passado as últimas cinco horas a fazer ginástica!
Ali estava eu pois na loja, sentindo-me deslocada e todos os dias esperando que alguma menina apontasse para mim e dissesse: "Mamã, quero aquela..."Coisa que, infelizmente, não aconteceu. Eu era optimista por natureza mas à medida que o tempo passava tornava-me cada vez mais triste e sem esperança. Ninguém me compraria! Para que é que alguém quereria uma boneca feia? Dei voltas e voltas ao assunto na minha cabeça e concluí que a única solução era tornar-me bonita, não importava qual fosse o preço a pagar!Depois de uns quantos telefonemas, tive que admitir a verdade: o preço a pagar importava! Se eu queria fazer uma operação plástica ao nariz, um tratamento à pele num instituto de beleza e ficar com o cabelo brilhante e suave como a seda era melhor que pensasse em poupar bastante. Não fazia ideia de quanto dinheiro era necessário só para manter uma aparência decente... admito que foi uma enorme desilusão, mas consegui ultrapassá-la de uma forma inesperada: a fim de encher o tempo dediquei-me à leitura e depressa descobri que, em vez de mero passatempo, isso se estava a transformar numa verdadeira paixão. Em pouco tempo consegui ler todos os livros que havias na loja. E suspirava por mais. De forma que me tornei membro da Biblioteca local e pude ler tanto quanto queria: Kafka, Beauvoir, Sartre, Valtari, Remarque, Hemingway, Gorki, Tolstoi, Dostoievski, Kerouac... passava a maior parte do dia a dormir para poder estar em paz e silêncio enquanto trabalhava durante a noite, visto que eu já não me limitava a ler, estava a tirar um curso por correspondência. Queria ser economista. Já não me importava se alguém me iria comprar ou não. De facto, os meus planos seriam alterados se alguém pensasse em adquirir-me, agora que estava quase a completar os meus estudos...
Parece que a vida é feita de surpresas: fui inesperadamente comprada por uma jovem mulher que sem dúvida queria outra coisa mas pensou que eu talvez servisse. Comprou-me a fim de que a sua filha me oferecesse de presente a uma amiguinha. Fui embrulhada em papel colorido e levada para um lugar que não me pareceu muito longe da loja. Não pude ver nada, evidentemente, apenas ouvi o motor de um carro e, depois de dias de uma total escuridão fui subitamente rodeada de luz, risos e pessoas. Principalmente crianças.
Era uma bela festa com imensas coisas boas para comer, pratos de papel engraçados, chapéus de papel, refrigerantes, cachorros quentes, sanduíches cortadas em triângulo, bombons e um enorme bolo de aniversário com duas rosas de massapão e uma inscrição doce que dizia:
"Parabéns!"Uma rapariguinha de cabelo escuro e intensos olhos azuis agarrava-me com força. Era ela portanto a minha dona. Óptimo. Gostei dela no mesmo instante em que a vi. Pensei que nos tornaríamos boas amigas. Pela parte que me cabia, eu estava disposta a dar o meu melhor. Tudo estava a decorrer bem até que um dos convidados, uma loura magrinha, disse: "Mas que espécie de boneca é essa? É feia, feia, feia!"Todas as outras crianças romperam de imediato num coro acusatório: "Fei-a! Fei-a! Fei-a!"
-Consegues imaginar coisa mais horrível? Onde será que ela a arranjou, num caixote do lixo?-Bem, tenho que admitir que tem um certo charme...-Charme?! Que é que queres dizer com isso, "charme"? É algum novo sinónimo de feio?-Disparates! O que é a beleza, afinal de contas? É acima de tudo uma questão de moda, trata-se de dizer: "olha, isto está na moda, isto é bonito"-Deve estar a brincar!-Não, não estou!- ouvi o homem replicar. Ele era o pai da rapariguinha do aniversário. Esta conversa aconteceu alguns dias depois da festa. Eu já estava acostumada à linda casa que era agora o meu lar e percorria-a à vontade durante a noite. Deduzi que o homem (que era um artista plástico) tinha de ganhar bom dinheiro na sua profissão para poder ter uma casa como aquela. Tomou de novo a palavra e eu ouvi-o com atenção:-Se amanhã eu afirmasse : "Olhem, isto é Belo", todos acreditariam!-Bem, eu não!-Espera e verás - disse o artista, aspirando o fumo do seu charuto - Espera e verás...
No dia seguinte acordaram-me bastante cedo. Alguém me pôs um vestido de veludo preto, sapatos pontiagudos cor de prata e uma rapariga atraente fez-me um penteado extravagante. Sentaram-me numa cadeira de madeira que mais parecia um trono, luzes fortes atingiram-me no rosto e encandearam-me, o calor do estúdio quase me fez desmaiar.Uma semana mais tarde eu estava na capa das mais importantes revistas de moda do mundo. O telefone não parava de tocar convidando-me para comparecer em programas de televisão, desfiles de moda, entrevistas na rádio... pouco depois fui considerada a boneca do ano. Passaram-se alguns meses e fui eleita a boneca da década. Estilistas mundialmente famosos imploravam o privilégio de desenhar roupas para mim. Empresas de cosméticos ofereciam-me pequenas fortunas para que eu publicitasse os seus produtos.Eu anunciava perfumes franceses, roupas desportivas, carros, sabonetes, cremes... Cada vez que eu saía havia fotógrafos desejosos das minhas fotografias e pessoas desejosas do meu autógrafo. Havia até rumores de uma possível história de amor entre mim e um belo e famoso actor de Hollywood...Quanto a mim... bem, depois de um certo esforço consegui terminar o curso. Quando hoje em dia me vejo ao espelho, faço-o sem sentimentos desagradáveis. Vejo as lentes grossas (nunca me adaptei verdadeiramente às lentes de contacto), a pele cheia de imperfeições, o cabelo seco e, apesar da opinião do mundo inteiro, continuo a ver-me como uma boneca feia. Mas há duas grandes diferenças em relação à forma como eu me via antes: aprendi a aceitar-me tal como sou. E, graças aos meus estudos, consegui investir o dinheiro da melhor forma.
A menininha que ainda é a minha dona casou o ano passado e, no dia em que ela tiver uma filha, eu não terei ciúmes visto que, muito provavelmente eu tornar-me-ei na sua melhor amiga, na qual ela pode confiar e contar os seus mais íntimos segredos. E também assumirei com muito prazer o papel de baby sitter quando ela quiser sair com o marido.Por tudo isto assumo que sou uma boneca feliz.
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Depois de uma infância sem incidentes de maior (exceptuando o rapto de um gato siamês) frequentou o Liceu Francês e posteriormente andou pela Faculdade de Direito. Viveu no estrangeiro durante vários anos: no norte europeu (Suécia, Finlândia), em Espanha e ainda na América do Sul. Gosta de ler (T. Pratchett, Hemingway, Sartre, Pessoa e a lista seria longa) e, sobretudo, de escrever. Mesmo que seja para a gaveta... Contudo, já publicou umas coisas, nomeadamente no fanzine Sloboda, nas Selecções BD, na Rua Sésamo... e tem umas historietas guardadas, na expectativa/esperança de um dia arranjar algum editor que...
segunda-feira, janeiro 01, 2007
DIA MUNDIAL DA PAZ
Se há tanta Paz
Se há tanta paz no azul que o céu abriga
e há tanto azul, que tanto bem nos faz;
se há tanto azul e há tanto céu, me diga:
por que é que o Homem não encontra a Paz?
Se há tanta paz no verde mar da onda,
que faz-se em verde e em branco se desfaz,
e há tantas ondas pelo mar, responda:
por que é que o Homem não encontra a Paz?
Se há tanta paz no olor das multicores
flores - orquídeas, rosas, manacás...
Se há paz em cada flor e há tantas flores,
por que é que o Homem não encontra a Paz?
Se há tanta paz nos cânticos suaves
que entoam na alvorada os sabiás...
Se há paz num canto de ave e há tantas aves,
por que é que o Homem não encontra a Paz?
Se há tanta paz na brisa que desliza
sobre as folhagens, tímida e fugaz...
Se há tanta paz na brisa e há tanta brisa,
por que é que o Homem não encontra a Paz?
Se há tanta paz nas expressões tão mansas
que, ao vir ao mundo, uma criança traz,
e a cada dia existem mais crianças,
por que é que o Homem não encontra a Paz?
Se há tanta paz nos corações com Fé-
que atrai o Bem e afasta as coisas más
-então oremos todos, já, de pé.
para que o Homem encontre um dia a Paz!
Autora - Luna Fernandes
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