Há pessoas que temos o privilégio de ter, um dia, conhecido. O professor Zé é, sem dúvida, uma delas.
Lembro-me do dia em que nos conhecemos, eu juntamente com mais três companheiros de algumas peripécias. Estávamos no 2º ano do curso, ainda muito "verdes", muito sonhadores e em full-speed. Tratava-se do 1º estágio que iríamos fazer e calhou-nos o professor Zé e a sua turma de 4º ano.
Posso dizer que nunca aprendi tanto em todo o curso como ali, naquela escola de duas salas que se tornou tão familiar. Em grande parte isto deve-se a este homem castiço que nos comoveu com a sua amizade, que nos desafiou com o seu espírito exigente, que demonstrou em cada dia que o centro de qualquer aula devem ser os "gaiatos" e que nos deliciou com o prazer de aprender, descobrindo. Aguçou-nos o sentido crítico, introduziu-nos (directa e indirectamente) às ideologias do Movimento da Escola Moderna e correu riscos ao permitir que nós, pré-professores implementássemos algumas ideias "malucas" como a educação pela arte...
Orientar aquela turma era um exercício de humildade, porque qualquer um de nós tinha perfeita consciência de que não merecia a dádiva de ali estar.
Lembro com saudade as horas de conversa, de avaliação do trabalho e de desafios.
Esta experiência elevou a fasquia... afectou a forma como via o "ser professor" e fez com que todos os contextos de estágio seguintes empobrecessem em comparação com este.
Agradeço-lhe, professor Zé, por tudo e sobretudo pela paixão, dedicação e entrega ao que faz.
Relembrei consigo que, quando se quer remar contra a maré, as dificuldades e obstáculos triplicam, mas o gozo da viagem é também maior e mais intenso.
[alguns, poucos, entenderão o motivo deste post]