01) Rape of Nanking
02) Pigeon Serenade
03 Yellow River
04) On a Flower Boat
05) Ghosts of the Great Wall
06) Cricket Fight
07) Jade Lady
08) Lantern Street
01) Rape of Nanking
02) Pigeon Serenade
03 Yellow River
04) On a Flower Boat
05) Ghosts of the Great Wall
06) Cricket Fight
07) Jade Lady
08) Lantern Street
"Aperte o cinto, Garoto! Bem Vindo à Era do Constrangimento"
Numa cidade do interior de Minas Gerais chamada Juiz de Fora,
existia nos anos 80 uma forte cena de bandas de rock.
Umas mais conservadoras que outras.
O 2 Cruzeiros de Bala estava no extremo do que havia de inovador.
Éramos sarcásticos, críticos, dissonates, debochados, complexos,
barulhentos, resumindo, nossa música não era "Bonitinha".
Uma combinação estranha de influências dava o tom da coisa.
Quando eu conheci o Walter Willy por causa de uma amiga em
comum, o assunto não saía do nosso apreço pelo YES.
Ele também compunha e escrevia letras bastante criativas.
Nesse momento eu já tinha uma outra banda com outros amigos.
Um trabalho que tendia mais para o neoprog, apesar de nunca
termos ouvido essa expressão na época.
Mas não resisti montar uma nova banda com aquela criatura
estranha e agitada.
Com o Walter era possível de ir além, onde eu não conseguia
com meus outros amigos da outra banda.
Encontrei nele uma pessoa que estava interessada em conhecer
coisas novas ou mais obscuras, mesmo tudo terminando em YES.
Tocamos nuns eventos e festivais da cidade, mas a banda só
tomou forma mesmo quando Wagner Daibert assumiu o baixo.
Tivemos dois ótimos bateristas também, Serginho Mello e Gerson.
Vivíamos planejando shows, compondo, ensaiando à exaustão,
enquanto sonhavamos em ser descobertos por um selo.
3 bandas brasileiras nos inspiravam muito:
De Falla
Akira S e as Garotas que Erraram
Gueto
Mas o nosso grande norte passou à ser o Robert Fripp/King Crimson.
As exaustivas vezes que ouvimos o disco RED ou EXPOSURE
com certeza mudaram nossa vida pra sempre.
Mas estávamos enterrados entre as montanhas da Zona da Mata.
Nenhuma noção timbristica e de gravação.
Nossas tentativas em estúdio pareciam só piorar as composições.
Sem graça... sem sal...
Era uma época sem as facilidades que existem hoje, inclusive de
informações técnicas tão compartilhadas em revistas ou internet.
Os amplificadores eram um lixo e quase tínhamos que ligar tudo
num único. Imagine como o vocal ficava bom...
A coisa mais sofisticada que conseguíamos ter eram alguns pedais
da BOSS, mesmo assim emprestados de amigos.
Overdrive, Digital Delay e a merda do Chorus que fazia tudo parecer
THE CURE.
Na hora achávamos que fazia o som ficar na moda, mas dá nos nervos
ouvir isso hoje...
A vantagem é que tínhamos tempo pra ensaiar, e ensaiar, e assim
conseguir resultados surpreendentes de performance.
O material disponibilizado aqui é uma mistura de nossas parcas
incursões em estúdios fuleiros de Juiz De Fora e um ensaio na
casa do Serginho Baterista, gravado com o fabuloso "Jingombell",
microsystem que gravava super bem e em Stereo de nossa amiga
Ivanice (Nitchú).
Talvez seja a gravação que melhor registrou nossas qualidades.
Claro, pra hoje em dia, o som é uma merda completa.
Não sei à quem possa interessar esse registro hoje em dia, de uma
banda que, mesmo marcando sua presença numa cidade do interior
e nunca saindo de lá.
Mas me sinto na obrigação de compartilhar isso com o objetivo de
mostrar a todos que a História do Rock Brasileiro não é apenas
construído pelo que reverberou em grande escala, mas também nos
milhares de pequenos focos nos lugares mais inusitados.