Sagres desassossegou-me o coração!
Neste mítico lugar
onde as aves marinhas são mais serenas a riscar o
azul,
onde a terra se quebra abruptamente
e o mar se perde de vista,
embriaguei-me de azul!
Contemplei a imensidão…
Daqui partiu um impulso aventureiro a desfraldar
muito mundo.
Respirei fundo, interiorizando a beleza dos
penhascos
abraçados pelas alvas rendas das ondas.
Espreitei o oceano límpido e brilhante
neste Novembro sereno,
em que os meus cinco sentidos romperam todas as
amarras.
Em Sagres as memórias fazem-me navegar!
Súbito, no promontório uma brecha escura,
assustadora e funda.
Nada se vislumbra deste lugar, e caminho em redor, a
esperança me anima.
Lá ao longe abre-se uma janela de espanto
azul líquido, luminoso e sorridente
que me olha assim, deste modo…alegremente!
Sagres! Versos que eu faça nada valem!
Sem a força telúrica nem a claridade do mar.
Sagres! Como te sinto em mim,
e não te sei cantar!