margaridas

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SER VERTICAL

Ser antes de tudo

o que se quer.

Não parecer o que se não é.

Ser afinal cada qual

quem é.

Ser sempre o que se deve ser.

Vertical.

Inteiro.

De pé.

Maria Emília Costa Moreira

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sexta-feira, 29 de julho de 2011

ESCRITO NA TERRA

Com palavras

Digo o que sinto


Com letras escrevo

E não minto


Vivo com os outros

Mas estou só

Desde a madrugada


Amo a vida

Muito embora

Eu não seja amada


Inclino-me à terra

Vejo o rio

Correr no seu leito


Sinto o orvalho

Lentamente

A cair no meu peito


Onde devo ir?

Que espero fazer?


Espero morrer

Nesta terra

Que me viu nascer






quarta-feira, 27 de julho de 2011

VOAR...VOAR...

Tivesse eu asas de vento
no corpo e no pensamento
para poder erguer-me e voar...voar...
entre o céu aguado de azul
e a mole imensidão do mar.

domingo, 24 de julho de 2011

"PIRATA"

Adoptei mais um gato. O Pirata é muito trabalhador!!! Está a preparar-se para pegar na esfregona e limpar o seu espaço! Digam lá se não é uma graça?!

sábado, 23 de julho de 2011

MAJESTADE

Da leve plumagem

Vaporizada e branca,

Ergue-se com aprumo e dignidade

Na forma interrogada.

Uma rosa vermelha

Extrema de vaidade.


De olhar subtil,

Altivo o porte,

Abrindo-se sobre as águas,

Sem vontade…

Desliza como um rei em seu trono,

Pleno de majestade.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

DRAMA

Há uma voz que chama

Mais forte que tudo

Que a própria razão


A máquina é infernal

O jogo não pára


Há luz

Há música

Há sonho

Há fascinação


E todos os dias

Uma voz que diz – BASTA

E todas as noites

A mesma rotina


Há cor

Há vida

Há movimento

Há ilusão


E o tilintar dos metais

Que faz cintilar o olhar

Descompassar o coração

Esvaziar bolsas de esperança


E não achar jamais

A fortuna da libertação


Estoril, Fevereiro 1998

terça-feira, 12 de julho de 2011

OLHOS D'ÁGUA

Andava como um navio

bailando em maré viva,

e fitava altivo o azul

num jeito tão firme de olhar…

Por vezes mudava o cor desse fitar,

ora em azul de mar e céu

ora em cinza de tempestade.


Cresceram-lhe pestanas de musgo,

de tantas lágrimas vertidas

nas muitas despedidas.

Do sorriso vermelho,

trémulo e doce como ambrósia,

ia aspergindo um perfume

de flores do campo ligado à maresia.


Poisaram-se-lhe açucenas nos cabelos

e o vento desprendia-os em fio.

Até que o corpo em balanço

se inclinava à terra,

sulcado por sóis e por luas

e crestado no mar salgado do destino,

agora longe de sereias…seminuas.


Rio da Fonte, 1/6/2001

segunda-feira, 11 de julho de 2011

SINAIS

As estrelas uma a uma,

cobriram-se com o véu da aurora

e sumiram-se no espaço.


A lua azul deixou que o sol amanhecesse no seu regaço.

E as nuvens vadiamente passeavam-se de espanto e de cansaço.


No planeta, as pedras abriram os olhos,

as árvores, as bocas famintas de luz.

E por todo o lado as flores desceram,

fizeram uma roda e dançaram,

deixando os caules nus.

Pelas escadas do céu, degrau a degrau,

estavam aves penduradas

soltando cânticos de magia.

E no coração dos mares,

peixes vestidos de amarelo e negro,

de vermelho-sangue e azul-turquesa,

devoravam poesia.


E os deuses imperfeitos cantavam em silêncio,

bendizendo este pântano de sonhos

profundos, subtis e às vezes perfumados.


E em sinal de amor,

todos os bichos da terra se deram as mãos de cristal,

fizeram uma corrente de aço e destruíram a guerra.


Rio da Fonte, 28 de Agosto de 1998

sábado, 9 de julho de 2011

DUAS FOTOS


Hoje vou partilhar com quem der uma olhadela no meu blog, duas fotos: a 1ª tirada em Santa Cruz de Tenerife, Ilhas Canárias; a 2ª tirada num parque em Nova Iorque.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

INOCÊNCIA

No tempo em que acreditava

Na existência do príncipe

Que viria desencantar-me,

Os sonhos eram coloridos

E o despertar incendiado por flechas de oiro

A entrar pela janela.


No tempo em que esperava

Um amor eterno,

A maldade do mundo

E a crueza dos dias

Atormentaram-me a mocidade,

E desfez-se em nada esse acreditar.


No tempo em que vivo,

Toco as flores,

Olho o mar sem fim,

E procuro no azul sereno do entardecer,

Alento para prosseguir

Na invenção de cada hora de vida

Ainda por florir.


Rio da Fonte, 2007

terça-feira, 5 de julho de 2011

TARDE NAS DUNAS

As dunas infinitamente belas
com o esplendor do sol,
bordadas de plantas
espinhosamente brancas e lilases
rastejando as areias.
Olhei-as de cima do passadiço
projectado para o mar.
As cordas lateralmente a baloiçar,
sinuosas como corpos morenos
fervilhando de paixões.
Milhões de lábios devorando a luz,
olhos rasgados flutuando sobre ondas azuis
numa profusão de formas
redondas e macias.
Narinas trémulas engolindo odores
de uma gama infinita de protectores,
sob o lençol celeste.
Há braços e abraços,
pernas como tentáculos
enroscando o desejo de sexo derretido
num lamento levado pelo vento
ao fim da tarde.
E as dunas, agora sombreadas
pelos reflexos do sol poente,
permanecem altivamente
livres e sós...sempre.

Agudela, 29/7/2001



segunda-feira, 4 de julho de 2011

ORQUESTRA MATINAL

Rompendo o sol
Os pássaros entoavam um hino
Duma transparência
Rica em melodia
Sons combinados
De pura fantasia.

Rio da Fonte,12/5/76

sexta-feira, 1 de julho de 2011

CONTEMPLAÇÃO

Em equilíbrio no cume
de granito
atapetado de urzes.
Os cabelos penteados pelo vento.

Olhar vidrado entre a transparência
de rias verdes
e do oceano azul.

Majestade única
de beleza infinita
de contornos irreais.

Dorso em que me detenho
em sonhos verticais.

Rio da Fonte, 26/2/99