Já me foram ao bolso…
Não é que agora os preços dos piercings
aumentaram?!
Ainda me lembro de quão
pequeno era o antigo Bad Bones. Aquele que não era ainda uma moda. Ainda me
lembro das reações que um pequeno pedaço de metal provocou nas cabeças alheias.
Ainda me lembro das palavras, algumas ofensivas, sim, e ainda me lembro de como
me senti livre pela primeira vez. Não é que a nossa liberdade possa ser medida
por este simples e insignificante acontecimento. Mas foi a primeira vez que
expressei o meu verdadeiro eu. Um eu que não segue carneiradas e que luta por
ser sempre a ovelha que vira à esquerda quando todas as outras viram à direita.
Ainda hoje sigo esse
dogma. Segue-o o meu cabelo, o meu percurso profissional, a minha paixão pelo
FC Porto, o meu amor por carros clássicos, o meu background académico. Enfim…
Onde é que já se viu uma gaja madeirense apaixonada pelo FC Porto com um Fiat
850 Sport Coupe de 1970 (menina dos meus olhos) com um mestrado em engenharia eletrotécnica
no Técnico cujos últimos penteados passaram por cabeça quase completamente rapada
e um pixie loiro platinado.
Fiz o meu primeiro
piercing na sobrancelha. Não tão avançado na escala da loucura como o piercing
na língua, mas aí está um local que jamais faria. Jamais farai algo de minha
livre e espontânea vontade que me imponha restrições alimentares (o combo
sopas/sumos é só para quando estou doente ou com os canos entupidos).
A única reação que realmente
contava para o Totobola era a dos meus pais. Imaginem lá esta ente a chegar à ilha
vinda dum primeiro semestre na faculdade em Lisboa com duas cadeiras apenas no
bolso, mas com uma pequena adição: um piercing. A minha mãe nem fez muito caso.
Acho que o cérebro entrou em modo "vejo apenas aquilo que quero ver". O meu pai
disse algo que jamais esquecerei "Porquê fizeste tal coisa? Isso dos piercings
é para pessoas não muito bonitas que querem chamar a atenção". Obrigada pai,
mesmo que tenhas uma opinião enviesada. Não, não é um pedido de ajuda
disfarçado. Trata-se apenas de exprimir a maneira com a qual me quer apresentar
ao mundo. Sim, sou um pouco rebelde, mas isso nunca fez mal a ninguém. É quem
eu sou. Mas admito que o bichinho de ter feito algo “proibido” teve um peso
q.b. na minha decisão. Denoto influência de uma década num colégio de freiras.
Acompanhando os blogues
de moda e os editoriais de moda e os Instagrams da malta rica e famosa não é
que os piercings agora estão na moda?! Adoro ver as orelhas forradas com piercings
fora do normal. Adoro ver os narizes
transformados em focinhos de touro (não estou a ser irónica, gosto mesmo do
toque bovino da coisa). Adoro piercings nos mamilos (não teria coragem,
mas acho sexy). Os piercings na língua é que já não me fascinam tanto nem os
piercings no umbigo (quase que me esquecia que estes foram já alvo de uma moda
maluca à la Britney Spears; se calhar enjoei de ver em tudo o que era umbigo).
Os piercings encaixam
perfeitamente com as novidades das casas de moda. Devorei a nova coleção para o
frio que aí vem de Nicolas Ghesquière pela Louis Vuitton onde os piercings
assentam que nem uma luva no estilo rock/gótico.
However, é tudo muito bonito e os preços dos piercings simplesmente dispararam.
Sim, estou em Londres, mas mesmo tendo em conta câmbios e inflações e euros é
mesmo muito caro muito mais do que nos meus tempos de faculdade. De qualquer
forma, aventurei-me (poupei uns trocos, quero eu dizer) a voltar a fazer mais
um piercing na orelha (já perdi a conta a quantas vezes furei e “refurei” a
orelha). Mas desta vez queria algo diferente, algo que por si só alimenta a
minha orelha. Decidi fazer um rook
(nas fotos abaixo a sua localização). E fi-lo também por adorar o tipo de
joalharia que mais se enquadra neste spot. Decidi ir a um dos melhores locais
de Londres, a Maria Tash. Vinda dos States, instalou-se nos armazéns da Liberty
(no próximo mês irei partilhar os meus locais eleitos para fazer compras nesta época
natalícia). Podem dar uma espreitadela ao novo inquilino da minha orelha nas
fotos abaixo (não, não doeu nadica de nada!).
Como mulher descomplicada
que sou, adoro de manhã não ter que me preocupar com “quais os brincos e
colares que melhor se enquadram na minha indumentária”. Um simples piercing
para mim faz toda a diferença quando a peça de joalharia é escolhida
acertadamente. É isto a moda. São os detalhes que nos fazem diferenciar da
multidão.
E agora perguntam vocês,
porquê levar com uma agulha na
orelha, sofrer dores horríveis (overrated
minhas caras) e ter que dormir sempre do lado contrário da coisa (chato, é
verdade)? Por que aquela sensação de voltarmos
à adolescência faz-nos sentir um pouco mais vivas. Por que a memória de fazer o
meu primeiro piercing naquela sala pequena do Bad Bones nunca se esvanecerá.
Até mesmo quando as minhas orelhas estiverem tão dependuradas que já parecem
lençóis no estendal a secar.
Objeto de desejo do mês
Caligraphy Tote Bag by
Liberty London
(na imagem a mala customizada
com a letra do meu nome)
Trendsetter do mês
Iris Apfel
(tomara eu chegar à idade
desta senhora com esta genica e savoir
faire)
Tatiana Pina Mendes