Já há algum tempo que me apetecia partilhar a repulsa dos maus tratos infantis (entre muitos outros).
Não compreendo, não aceito. Recuso-me.
Lembrei-me que aqui há uns anos, em conversa com familiares durante um almoço/festa discutia-se um caso qualquer de pedofilia local. Dei por mim a vocalizar um: “se eu algum dia estivesse na situação de me encontrar perante um agressor dos meus filhos, não tenho dúvidas que o mataria com as minhas próprias mãos”.
O silêncio foi substituído por um brinde qualquer de uma mesa próxima. Apesar de terem passado mais de oito anos mantenho a mesma ideia.
Com a notícia da menina de um mês e meio em estado de coma os sentimentos afloraram. Lembrei-me, também, de uma conversa de jantar com uma juíza “como se pode ter filhos e julgar de forma branda personagens dessas?” a resposta era clara “não podemos julgar sentimentos, apenas os actos em si”. Desconcertante o sentimento de impotência. Mais porque essa mesma pessoa se viu numa situação de ‘rapto’ do filho com seis ou sete meses. Uma situação que pode acontecer ao lado sem que nos apercebamos: simplesmente a empregada doméstica alugava o bebé a uma cigana, que o exibia na Praça de Espanha, em Lisboa, acompanhada de uma lenga-lenga tipo ‘temos fome’, voltando a entregar a criança à empregada, a tempo do banho, antes do regresso dos pais. É demasiado, eu nunca poderia julgar apenas os actos, não tenho essa capacidade, ainda bem.
Foi a procurar imagens para ilustrar este post que dei de caras com um site que apresenta estudos, americanos (pelo menos eles fazem estudos quer aceitemos as conclusões ou não), também desconcertantes:
Na cidade de Aberdeen, na sequência de uma bizarria jurídica, o aborto foi legalizado 12 anos antes de ocorrer a legalização em todo o Reino Unido. Portanto, a cidade de Aberdeen deveria ter a menor taxa de crianças não desejadas e consequentemente a taxa mais baixa de maus tratos. Curiosamente, Aberdeen tinha, no Reino Unido, a mais alta taxa de crianças abandonadas, maltratadas e negligenciadas._(Annual Report, Chief Medical Health Officer, Aberdeen, Scotland, 1972)
No Japão existe aborto a pedido há mais de 35 anos. Seria de supor que todas as crianças fossem desejadas e bem tratadas. Contudo, "o numero de infanticídios tem aumentado tanto que as assistentes sociais tiveram que fazer um apelo às mães japonesas, na televisão e nos jornais, para que não matassem os seus filhos."_(The Sunday Times, June 23, 1974)
Fiquei estupefacta. Mais ainda porque defendo a legalização do aborto. Continuo sem perceber, sem aceitar. Sinto-me impotente, neste meu canto.
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Foto: Paul Harris
http://aborto.no.sapo.pt/abortoemaustratos.htm
24 comentários:
1. esses estudos são da década de 70. um bocadinho antigos, não?
2. para cada estudo há um contra-estudo e na Holanda, pioneira na liberalização do aborto, fazem-se cada vez menos.
acho que não se pode ser contra ou a favor do aborto. antes a favor ou contra a livre escolha. eu própria, depois de duas gravidezes seguidas (as manas têm um ano de diferença) tinha pânico de voltar a engravidar...
A questão p/ mim colocar-se-á sp a esse nível: independente/ de sermos a favor ou contra o aborto, seremos capazes de condenar uma mulher q o fez?
Há tts razões q levam uma mulher q tomar uma decisão destas e (chamem-me crédula) mas ñ quero acreditar q se essa mm decisão seja tomada de ânimo leve) principal/ pelas marcas q deixa. Q as deixa.
Sou contra o aborto, sou a favor da despenalização do mm.
(Primeiro comentário, mas este tema deixa-me sp a ferver por dentro)
Apresentação (MMAS de um pinguim de quase 1 ano) e q perdeu outros 2 antes (e ñ esquece)
Olá Inês, já tínhamos saudades… falo por mim, mas acho que é partilhado.
Quanto aos maus-tratos, penso que é consensual. Quando a raposa era pequenina, na rua, as velhinhas do bairro metiam-se com ela, e eu não percebia por que motivo a frase vinha sempre a reboque: como é que é possível que alguém faça mal a ‘semelhantes anjinhos’. Nunca percebi. Das duas uma, ou se trata de uma geração que tinha vivido muito perto com o problema e portanto muito atenta. Ou uma sensibilidade especial, uma empatia, qualquer coisa partilhada, talvez porque também eles são vítimas de maus-tratos por parte de uma sociedade que é capaz – legalmente - de deixá-los morrer à fome. Há maus-tratos de muitos tipos, e nós vivemos numa comunidade que se choca com o facto de alguém vender o corpo, mas não se choca quando alguém vende a alma (leia-se o tempo, a dignidade, as convicções). Eu conheço 3 mulheres e um homem que foram vítimas de abusos sexuais durante a infância, todos por parte do pai e elementos próximos. Um tio, um cunhado um qualquer merda. Choca-me sobretudo a violência dentro da família, mas choca-me também a ausência de meios de um estado com obrigações para garantir direitos e que finge que os garante, mas de facto… será que garante alguma coisa? Choca-me que uma criança desapareça e haja meia dúzia de agentes a trabalhar sem meios nem tempo para a procurar (vi o filme “Alice” e fiquei com uma ressaca de dois dias, a ter pesadelos com a coisa).
Quanto aos estudos, o Gonçalo M. Tavares, no livro, o “Senhor Krauss” tem uma história muito gira sobre sondagens. O ‘Chefe’ decide um novo sistema político de sondar as opiniões. Em vez de se ligar às pessoas a perguntar-lhes o que pensam, pede-se às pessoas que lhe liguem a perguntarem-lhe o que o ‘Chefe’ pensa.
Finalmente o aborto… eu sou a favor do aborto. Estou farta desta sociedade de hipocrisias, do faz de conta que ninguém viu. Se a minha filha engravidar com 14 anos tentarei persuadi-la de levar por diante uma gravidez e se eu engravidar agora, neste momento, caso não opte por uma IVG, farei parte daquilo que se chama frequentemente de ‘Fome Escondida’ – uma expressão que precisa ser revista.
Há um assunto que um dia penso que faz muito sentido discutirmos, igualmente. Chama-se Bullying, e é a violência praticada entre adolescentes, um fenómeno velho, todas sabemos que os caixa de óculos, os gordos, os feios, os menos extrovertidos, às vezes até os mais inteligente são vítimas de ostracismo por parte de colegas, com a diferença que hoje têm as novas tecnologias a ajudar verdugos.
…Há muito bons meninos sem vontade de ir para a escola pois são vítimas de maus-tratos diariamente pelos colegas.
Olá Inês, partilho das saudades ditas pela VW.
Sim devem ser dos anos 70 e completamente desactualizados, pelo menos assim o espero.
Seja como for, foi-me desconcertante na mesma, e pelas notícias não sei se não estaremos a passar por essa desactualização, agora, neste pequeno pais com tendência ao retardamento. E quanto à Holanda, não sei, não tenho dados nem conhecimentos, mas quer-me parecer que estão a tentar voltar atrás em determinadas liberalizações, pelo menos assim mo contaram. Honestamente não sei.
Quanto à defesa do aborto, parece-me claro que a questão da liberalização se prende à escolha e não ao acto em si. Pelo menos é assim que a encaro. Eu tenho dois abortos na minha vida. Um por ser uma gravidez não evolutiva (o feto estava morto), outro por opção própria. Não é uma resolução fácil, quem passou pelo mesmo sabe o que quero dizer, sabe o que se sente no momento antes e no depois, não, não se esquece, mas não me sinto uma infanticida.
Subscrevendo a “flores” (bem-vinda): ‘sou contra o aborto mas a favor da despenalização do mesmo’
A questão do aborto (como outras que tocam a sustentabilidade da vida - eutanásia por exemplo) deixou-me sempre um amargo de boca: porque aquilo que se discute e a forma como se dicute na praça pública é tanto mais a partidarização ou a redução religiosa do problema do que verdeiramente aquilo que ele é - a liberdade de escolha das mulheres. E sabemos que a liberdade de escolha, mesmo com a despenalização do aborto (com a qual concordo), não existe num país com um grau de analfabetismo brutal como o nosso, onde existem locais em que só agora chegou a electricidade e o saneamento básico, onde um hospital ou um centro de saúde que poderá efectuar um aborto fica a dezenas de kilometros de distância. Que escolha têm as mulheres que assim vivem? Seja despenalizado o aborto sim, mas é hipócrita ficarmos por aqui - acho que a luta deve também ser pela educação sexual durante toda a escolaridade obrigatória e uma rede estreita entre os centros de saúde e as escolas e mesmo com outras associações mais próximas das comunidades, para que não haja casos esquecidos, mulheres esquecidas....
Claramente!
eu tb já tinha saudades das mmas! ainda por cima vocês fartaram-se de parlapiar na minha ausência... egoístas!
Já estamos em 2006 e o meu tempo encolheu, ao contrário dos preços.
Tenho menos tempo para vir cá, por isso não escrevam muito, boa?
E no próximo domingo trabalho às 6h30 da matina... vou estar muito em forma para a tertúlia, vou...
É preciso levar alguma coisa além das olheiras?
há tanto para dizer!
em relaçã aos maus tratos, éóbvio que concordo que repugna, que dá vontade de fazer justiçapelaspróprias mãos, que apetece fazer-se nem sabemosbem o quê, só que apetece fazer!
em relação ao aborto sou a favor de uma liberalização controlada, apoiada psicologicamente, informada, para que não se caia no extremos do descuido só porque afinal há solução. seria um tema a desenvolver muitissimo se o tempo o permitisse. ;)
ara terminar, deixem-me só dizer que a imagem postada épblicitada erradamente como send sobre o aborto. essa fotografia foi tirada durante uma cirurgia pré-natal, em que se corrigia um defeito do feto.
ana
Nalguns casos arrisco-me a dizer que estariam melhor entregues!!!
: )
Ainda outro dia circulava um mail de uns pais que avisavam que numa creche na região de lisboa o seu filho havia sido fortemente espancado. Vinha com foto ilustrativa. Não sei se é verdade, mas acredito que seja.
Ainda sobre o aborto, quando digo que sou a favor, não estou a dizer que me parece ótpimo fazê-lo, e que se deve instituir a prática sem rei nem roque. A verdade é que há minhas gravidezes que não são desejadas e muitas pessoas sem condições para prosseguir em frente. Há dez anos na Alemanha, país onde vivi, se uma mulher ficasse grávida, e pretendesse abortar era obrigada a ir a uma junta médica de 3 especialistas para expor os seus motivos. Os três clínicos tentariam dissuadi-la. Se continuasse nessa vontade o caso era tratado no hospital. Se mudasse de ideias, encaminhado para a seg social. As mulheres adolescentes tinham apoio do Estado com uma casa paga e uma mensalidade mínima de sobrevivência para os dois ou 3 anos de vida da criança.
... as não adolescentes tinham a tal mensalidade em caso de rendimentos baixos, para poder cuidar da criança. Apesar disso, também a Alemanha continua em vias de extinção!!! A ditadura da carreira, o monopólio do trabalho, a vontade de tempo livre,... há muitos motivos.
Ena! tanta coisa nova para comentar!
(isto é um luxo: chegar a casa e pôr-me na net... bem daqui a pouco desenrasco uns ovos para jantar ou assim)
1. Alemanha
Também fazem o contrário, por incrível que pareça. Uma amiga minha engravidou em Berlim de um alemão. Foram a uma consulta qualquer (já não me lembro bem), onde lhes explicaram que ter bebés não era um mar de rosas. e exemplificaram: que choram de noite, que têm cólicas, que fazem birras, que custam muito dinheiro, etc. etc. Quiseram saber se eles queriam mesmo o bebé. Queriam. Então perguntaram-lhes se tinham máquina de lavar roupa. Como não tinham, o Estado deu-lhes uma! e por aí fora. Ela só se queixa de que é muito difícil encontrar creche para bebés, porque normalmente as mães ficam 1/2 anos com eles em casa e não havendo procura não há oferta (raispartam a tirana economia). Agora a miúda está num jardim infantil, estatal, e haviam de ver as fotografias... um luxo. É, por exemplo, impensável pôr os miúdos a ver televisão, prática mais que comum por cá.
2. Infantário vs Ama vs Empregada
Eu pus as minhas tb aos 5 meses no infantário, sem pestanejar, apesar das pressões em contrário. O que mais conheço é histórias horríveis de amas e de empregadas: nos infantários, os funcionários "vigiam-se" uns aos outros. Há mais gente a circular. E é suposto serem qualificados.
Com o que pago de infantário, podia pagar uma empregada interna (600 euros, pelas duas manas). Mas era incapaz de as deixar sozinha com uma tipa qualquer, que ainda por cima teria que executar tarefas domésticas ao mesmo tempo.
Deixaria, isso sim, até fazerem um ou dois anos, com os avós. Isso sim, sempre apanhavam as otites mais tarde... Mas os avós agora ainda trabalham, não é? Cada vez até mais tarde, diga-se de passagem (querem acabar com os avós, deve ser esse o plano). Além disso no meu caso não dava, que só tinha uma avó à mão, ainda por cima intelectual e puco dada à muda de fraldas...
Difícil, difícil, é encontrar um infantário decente, perto (de preferência na porta ao lado), com vaga e que se consiga pagar - e para se conseguir pagar um infantário decente, tem que se trabalhar muito, estando mais tempo longe dos filhos. Isto é uma espiral que nunca mais acaba! Nós devíamos ganhar prémios, por nos atrevermos a ter bebés!
Que tal outra manif lúdico-qualquer-coisa a exigir esses prémios?
Já agora, sabem qual é o horário da (pobre) escola pública (podre) ao pé da minha casa? 9-15h e não tem prolongamento, nem ATL. DESCULPE? IMPORTA-SE DE REPETIR?
Há infantários bons, pelo menos aqui, na minha zona.
O meu filho mais novo andou num infantário do ESTADO (agora já está na primária, que é ao lado), com condições muito acima da média.
Uma espécie de vivenda de um piso com jardim espaçoso, sem escadas, que, para além de muito agradável, está todo construído como deve de ser, preparado para todas as crianças (ex: acesso de cadeira de rodas).
A única mensalidade, se assim se pode chamar, são 28 euros (SIM vinte e oito euros) que corresponde ao preço das senhas de almoço compradas na junta de freguesia. O horário é igual, das 9 às 15h, mas uma mãe fantástica, cheia de energia e persistência, conseguiu criar um ATL, pelo qual se paga, actualmente, 70 euros com o horário: 8-19h. Quanto às actividades do ATL: 2ª expressão artística, 3ª natação, 4ª inglês, 5ª música, 6ª ginástica. Feitas as contas: 98 euros por mês.
Um luxo acessível, mesmo aqui a dois quarteirões.
onde é que moras, para eu me mudar para o lado dessa escola? eheheheh!
é por isso que os pais agora supostamente podem escolher a escola - porque há umas muito boas e outras muito más - mas eu tentei inscrever as minhas numa que me dizem que é boa, ali para os lados do cenjor, e não tinha vaga, claro... A prioridade é dada às crianças da zona... :(
Aquela coisa da manif lúdico-qualquer-coisa podia ser uma mega festa numa aldeia do país... uma coisa tipo concertração de motards de Faro, mas com muitos pais do país inteiro!
Há três factores importantes para a admissão da criança numa escola pública:
1 - irmãos no agrupamento
2 - área de residência
3 - local de trabalho
(tenho algumas dúvidas quanto à ordem da segunda e da terceira, honestamente não me recordo)
Para além de morar e trabalhar na área da escola, os meus filhos continuavam nas respectivas escolas em Lisboa, tive a sorte de transferir o meu pirralho a meio do ano lectivo (um ano depois da escola ser construída), tive sorte, também, por uma mãe ter um filho na mesma escola e, não tendo com quem o deixar depois das três, ter movido meio mundo para criar o ATL. Honra lhe seja feita: criou uma associação de pais, criou o projecto, fê-lo aprovar, arranjou as educadoras e conseguiu ter tudo a funcionar em mais ou menos três meses.
Hoje sei que já existe uma lista de espera considerável, apesar de haver na zona uma outra escola com melhores condições que esta, também ela do Estado. Aqui é o ATL que marca a diferença.
WW: só há pouco tempo é que deixei de sentir que estava a impingir as crianças à minha mãe... Primeiro ofendi-me imensamente, depois arranjei uma máxima que lá foi funcionando: "quem tem filhos arrisca-se a ter netos".
O ideal era haver uma avó intelectual e outra que fizesse bolinhos.
As minhas só têm duas avós: a intelectual, e a dona-de-casa - que não mora nos Estados Unidos mas mora em Braga e já passou dos 80 anos.
Ainda lhes restava um avô, também de Braga, que morreu há uma semana atrás. Quanto ao meu pai, "o avô espantasma", morreu sem pré-aviso um mês antes de eu engravidar pela primeira vez.
Péssima: essa mãe deve ter mesmo muita garra. precisava de uma mãe dessas aqui na escola da zona. gostava de saber como conseguiu a proeza. é possível?
ai... brevemente vou ter que voltar a chatear-me com isto. Mais um ano lectivo e vou mesmo ter que encontrar uma escola a sério, daquelas onde se aprende a ler e a escrever.
Inês, não te angusties, olha que eles aprendem mais cedo ou mais tarde. Eu, ainda assim, acredito nos professores que temos.
Se fores no domingo explico-te pessoalmente como é que essa mãe conseguiu, com pormenores mórbidos e tudo!
WW
Na minha família directa não há personagens com essa ‘carga’ intelectual.
Há uma avó na Guarda, com a quarta classe, com uma força de vontade do tamanho do mundo, com um amor ao próximo que não alcanço, com um espírito de sacrifício desumano, com um cozinhar soberbo, com exposições feitas, livro escrito, filhos e árvores plantadas (como manda a regra). Nunca senti que os impingia. Qualquer um dos avós são tão disponíveis que o único sentimento que tenho é de reconhecimento, na realidade chateiam-se por não dispormos mais deles.
:)
Esta coisa das escolas, e de como podemos escolher escolas e de onde é que havemos de recolher informações sobre as escolas (principalmente se vivemos há pouco tempo numa determinada área) dava para um site.
Eu quero mudar o meu filho de escola (a escola onde está é apenas um lamentável e enorme engano), e ando em palpos de aranha para encontrar referências de escolas nesta área (Paço de Arcos, Oeiras, Carcavelos, etc). Como é que os pais escolhem as escolas? Por ouvir dizer? Para mães exigentes (sim, é esse o meu caso, assumidamente) se calhar a opinião de pais/mães menos exigentes não é uma boa bitola. Não deveria o estado disponibilizar alguns dados de referência que dessem alguns indicadores aos pais?
acho que sim, maria joão. tens toda a razão.
péssima: apareço no domingo sim senhora e agurado os relatos.
e ontem esqueci-me, imperdoável!, de falar nos dois bisavós, os meus avós maternos ainda vivos, que também estariam sempre disponíveis caso não morassem tão longe e não fossem já tão velhinhos...
WW: não, não estás. eu faço discursos à minha mãe e às amigas dela. Uma delas tem dois netos e só fica com um de cada vez! Diz que fica muito cansada se ficar com os dois, imagine-se... Acontece que o mais novo, que tem agora 3 anos, era daqueles que não dormia à noite nem deixava dormir. A mãe andava exausta. E eu lá disse à amiga da minha mãe, que era uma bela egoísta, que não lhe custava nada ficar sem dormir de vez em quando para a filha poder descansar, namorar, etc. Caramba! Elas não passaram pelo mesmo? Não é pedir muito, pois não?
WW e Inês, vocês têm muita razão, e já agora aproveito para dizer que a avó alemã da raposa nem sequer lhe ligou no dia de anos. Ou seja, mesmo à distãncia, não serve de quase nada. De qualquer modo, acho que daqui a 18 anos, ou 20 ou 22, não sei, tb vou querer ter um pouco da paz, se calhar tb não me vai apetecer - ... quando estou finalmente livre para fazer o que quero, e com consciência de que já não tenho assim tanto tempo,... - voltar ao princípio!
Enfim, coração e razão nem sempre de acordo. É só uma forma de virar a coisa ao contrário!
a grande diferença é que os avós não estão todos os dias com as crianças e até podem dar-se ao luxo de não ter que as educar. e não lhes custa nada (eu acho que até deviam gostar, sacrilégio!!) ficar com os netos de vez em quando.
eu já aprendi a lição e vou querer ficar com os meus netos (ai delas que se atrevam a não ter filhos).
mas é tudo uma questão de persistência: hoje em dia a avó intelectual já fica com as netas e até já lhes oferece barbies cor-de-rosa. já percebeu que com as bonecas étnicas não vai a lado nenhum.
Eu acho que velhice e infância são dois polos muito simbióticos. Também quero ser avó babada, e pavonear-me com eventuais crias de cria pelos parques, passar noites com elas, enfim, tudo o que puder permitir-me oferecer e receber. A minha mãe e o meu pai que vivem a 150 km são avós exemplares, de uma ternura e pedagogia infantil riquíssima. Espero que nos meus genes esteja a mesma sabedoria e disponibilidade.
Quando lhes peço ajuda tenho sempre duas mãos esticadas. E tento não abusar dessa disponibilidade, para que possam também ter vida própria, curtir o que nos últimos 30 anos não curtiram. É uma questão de equilíbrio. A avó alemã, há um ano, quando a visitámos durante um mês, respondeu assim ao filho, quando lhe disse 'Hoje é a avó que dá banho à raposa': Ah sim, pois então lembro que há três que sou eu que lavo a loiça do jantar!
Percebemos a mensagem e quinze dias depois estávamos na casa de uma amigo, vazia, a curtir outro quarteirão de Berlim.
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