Não, hoje não haverá árvore de Natal;
Apenas loucos que se julgam mal.
Também não haverá bolo-rei;
Disso estou certo, sei o que sei.
Acordai zombies que assombrais o mundo!
Apesar de tudo ainda podeis acordar,
Bem antes de cairdes no fundo!
Ou no fundo já estamos, e isto é o inferno!
Mas quero ser suave e terno,
E denunciar tudo em palavras de veludo,
Que isto é palhaçada, de alguém que quer tudo!
Porque te espanta tanta hipocrisia,
Se tu alimentas no dia-a-dia?
Palavras lindas, suaves, quase amor,
Mas tão amargas, tão cheias de horror!
Ovelha negra num papel melhor,
Rebanho que não pensa, tão sem amor.
Que importa que morram milhões?
É tudo pelo preço certo,
Pago em ouro, prata e meia-dúzia de tostões!
Desejos de macaco louco, que quer tudo!
Civilização de pantomina, símio entrudo!
Deixem-se dessas coisas nobres, das virtudes,
Porquê prosseguir, ser melhor, porque te iludes?
Tu ainda sonhas? Gastas o teu tempo...
Come mel no deserto, sai daqui, antes que percas o alento.
Nada, mesmo nada consegues mudar, nesta representação.
Vai para longe deste drama, teatro da maldição.
Baixa a voz, não te transformes em exemplo, que clamarão por bandido!
E como da outra vez, e quantas forem precisas, a ti a crucificação!
A seguir a te enterrarem, elogiar-te-ão, felizes que tenhas ido!
É sempre assim com estes incubos, filhos de Satanás,
Sim, para eles, é melhor que não voltes e para sempre te vás...
Hoje, eu sei, não faz sentido, não haverá Natal,
Que está tudo perdido, consumado o mal!