terça-feira, 31 de julho de 2012

O meu destino é Woodstock, mas eu chego

há quem espere uma vida sem surpresas,
mapeável,
e de preferencia em linha reta.

sem mudanças ou grandes riscos,
como se isso fosse realmente possível,

sequer é desejável tanta segurança...

temos pouco mais que um dia,
frações tão minimas
de um 
segundo 
que podem ou não valer uma lembrança amarelada depois.

e quanto o tempo ainda pode te esperar 
até você vestir
aquela sua roupa de festa, bordada de vida?

não espere encontrar um GPS compatível com os seus pés.

se você tiver sorte, e eu espero que tenha, 
eles farão você se perde muitas vezes ainda pelo caminho.

mas no fim das contas eles irão muito mais longe que qualquer estrada.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

minhas unhas ruidas,
a cara de sono,
o cabelo por pentear,
tênis sujos,
e até as teias de aranha no teto do meu quarto 
permanecem iguais...

inalteravelmente irrelevantes
e
entediantes.

os meus dias vão ficando cada vez mais 
abstratos,
e sufocantes

vinte e um anos,
de uma vida sem grandes lembranças,

e sei lá quantos versos inacabados
que permanecem 
quietos 
em cima da minha mesa 
se revirando
pelo meu corpo todo...

e eu mesma,
quieta e inacabada,
a me 
revirar,
pelo meu quarto todo,

como quem procura,
um sei lá o que...

e se calhar,
esse sei lá o que, sou  eu mesma,

nas minhas unhas ruidas,
na cara de sono,
no cabelo por pentear,
e em todas 
as outras ladainhas, 
tão minimas, e tão  minhas.

sim, sou eu mesma.

a questão é:
e daí?...

sábado, 28 de julho de 2012

deito na cama ainda de óculos,

são duas da manhã,
e não há nada que eu possa fazer,

olho insatisfeita para as  paredes rosa,
do meu quarto,
ele não se parece nada comigo...

escondo por alguns segundos,
minha cabeça debaixo das cobertas...

quem define angustia?

quem define qualquer coisa?

há uma teia de aranha no teto,
que nunca lembro de limpar,

há livros e papéis,
velhos e insignificantes sobre a mesa,

talvez insignificantes demais para que  me lembre de me livrar deles...

há o tédio e a solidão,
indiferença,
a alheia e a minha própria indiferença...

há uma teia de aranha no teto...

há uma teia de qualquer coisa
em mim,
que nunca lembro de limpar...

deixo pra limpar de manhã.

sim,  deixo pra amanhã.

sempre deixo pra amanhã...

quarta-feira, 25 de julho de 2012

c
 a
i
 v
 e
 r
s
o
  pelo
  re
ve  r  so

do meu
peito

displicente
                           assim... 

 a
           cantar
 e a calar

poesia

ah poesia,

       poesia

a toa ,

a entoar,

outra canção

sabe-se lá 
o que há
 de calar

       pelo

peito,

aberto
ou bem fechado
de qualquer poeta...

tu tropeças,
bem no meio do teu coração,

imóvel,
sem ação,

na mira
da
rima 
pobre
tola e rala

sem qualquer reação...

arma carregada,
engatilhada
e apontada pra si mesmo

manchando folha
e poesia de vermelho

pra fazer  pulsar bem no meio do teu peito...

               BANG!

um assobio mudo,
de silencio áspero e profundo...

arma carregada e engatilhada
de medo e...

bala é verso, poesia suicídio, 
a te fazer pulsar no peito...

segunda-feira, 16 de julho de 2012

algumas pessoas 
são
indesculpavelmente egoístas, excessivamente 
mesquinhas..

estranhas 
até o último fio de cabelo,
confusas 
e cheias até a última gota de alma.

transbordam,  solidão,
amor,
ou 
indiferença....

eu... bom, não faz  diferença alguma,
o que transborda ou não de mim,

sou melhor poeta que ser humano...

fato velho...

existo melhor em poesia,
realidade
me cansa, me castra e estraga....

... verso velho.

tenho diálogos profundos, 
com o meu silencio,

tenho diálogos profundos,
com tudo 
que há de mais raso em mim...

sou  vazia de tudo,
muito
cheia de mim...

indesculpavelmente,
poeta,
excessivamente humana.

sou melhor poeta que...

... não há de fazer diferença alguma.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

    canta  o teu canto mais doce
porque 
   toda noite,   
 é de   céu  estrela,
e solidão,


cobre  mundo, 
a vida de azul, 
no canto
calado                 
por qualquer
amor cansado,


acalma
teu peito
e vai,


que é de
     se perder
estrada
vida
 e asfalto...

       canta o teu
  canto mais doce,
porque toda noite,
  é noite,
 de céu,
  estrela,
           
      a se perder
           de
               vista,
                           dá em
 solidão...
               
                   cata
           o teu coração
do chão,
e vai se
amorenar
no sol,

que é
de se perder
na
vista
 
estrada
vida
 e asfalto...
       

canta o teu
  canto mais doce,
porque toda noite,
  é noite,
 de céu,
  estrela,
           
      a se perder
           de
               vista,
                           dá em
 solidão...
               
                   cata
           o teu coração
do chão,
e vai se
amorenar
no sol,

que é
de se perder
na
vista


       canta o teu
  canto mais doce,
porque toda noite,
  é noite,
 de céu,
  estrela,
           
      a se perder
           de
               vista,
                           dá em
 solidão...
               
                   cata
           o teu coração
do chão,
e vai se
amorenar
no sol,


que é
de se perder
na
vista

cansada
estrada
céu
e
       solidão
  em
   vão...



 vai
se
 amor
           enar
de 
amar.