O meu mau feitio é por demais conhecido, bem como a minha mui fraca tolerância para Gajos Armados em Sedutores Espirituosos e Solteiros (GASES). Passo a explicar: ontem, num lanche organizado entre colegas de trabalho e para colegas de trabalho, estava eu a tentar expremer-me por entre o gentio esfaimado, para conseguir chegar aos bolos mais calóricos, e tendo já no mini prato de papel uma fatia de tarte de maçã (da qual posso enviar receita a pedido) resolvi poupar tempo e apertões, pondo no prato também um bocadinho de cheesecake. Eis senão quando ouço ao meu lado uma voz masculina comentando (dirigia-se visivelmente a mim mas de forma indirecta, como que falando com outro colega, procedimento que os GASES parecem apreciar sobremaneira) : Ah! Então também nos podemos servir à chinesa, um bocadinho de cada? Ora, tal indivíduo nunca teve a boa educação de me dirigir um bom dia, tímido que fosse, e estava agora a armar-se em engraçado comigo? Não querendo ser agressiva, o que me é bastante difícil (pois segundo a numerologia tenho tendência a confrontos) respondi entredentes, sem encarar o indivíduo, e fazendo uso do meu tom mais frio e distante, à beira da náusea: Pois podemos! De seguida virei costas e fui desabafar a minha raiva com colegas solidárias. Mas será que ele pensava mesmo que eu ia rir da sua graçola machisto-esquisóide? Um indivíduo que nunca me dirigiu palavra desde que comecei a trabalhar no mesmo local que ele (desde Setembro de 2004). Sim, não é muito tempo, dirão vocês, e talvez a t-shelf seja a mulher invisível. Será por ser gorda/feia/sardenta/antipática? Pois sim, pode até ser pouco tempo, mas eu não deixo de ferver cada vez que revivo a situação. É nestas alturas que sinto falta de maturidade e serenidade nas minhas prateleiras. Em situações destas só me apetece fazer como nos desenhos animados, transformar-me num cão dos infernos e arrancar-lhe a cabeça de uma dentada.
Pronto, depois não digam que eu não avisei sobre o meu mau feitio congénito.