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Calcei os meus ténis novos. Como toda a gente sabe, os sapatos têm poderes incríveis. Dão-nos confiança e auto-estima. - Pedro,  sinto-me tão fixe e jovem com estes ténis! - disse ao meu mais novo.  - Sim, nomeadamente do calcanhar para baixo!  Ri-me!

Livro 4 - 2025

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"Não fossem as sílabas de sábado" - Mariana Salomão Carrara Li por causa da recomendação da Pipoca e dos comentários da Luísa Sobral e Ana Markl. Gostei, mas cansou-me um pouco. É a história de duas mulheres que ficam viúvas por causa de um acidente absurdo que envolveu os seus maridos e da amizade que nasce entre elas. É um livro sobre o luto. 3 estrelas. 

Os tempos estão a mudar

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Dois quilos a mais e três meses depois, voltei ao ginásio e ao Sr. Dr. nutricionista .
Este post surge depois do meu mais novo me perguntar se eu pensava em coisas menores, mas que tinham afinal muita importância. Não percebi bem onde queria chegar.  - Mãe,  importantes! Coisas pequenas, mas se pensares bem, até são gigantes.. - Não sei... Tornei-me numa pessoa que repara na chegada da primavera. Não é com entusiasmo que o faço nem é sem ele, na verdade.  Apenas contasto. Olho para as árvores ou plantas e penso "ja tem botão " ou "já tem flor" sem ter a certeza que utiliza os vocábulos corretos, pois nunca percebi nada de botânica e nem gosto particularmente de flores.  O tempo passa. A natureza segue. Penso muitas vezes nisso e relaciono-o sistematicamente com uma das frases da minha Aida. "A vida é uma roda".  Estava a referir-se a isto?
Os meus filhos tornaram-se treinadores de futsal do clube onde jogam. Treinam o escalão Benjamim, miúdos e miúdas com 8-9 anos.  A equipa técnica saiu ao meio da época e o meu mais velho lembrou-se que tinha sido treinado, nessa mesma idade, por atletas Juniores do clube onde estava na altura. Quis então fazer a mesma coisa. O irmão, guarda-redes, quis juntar-se ao projeto e ser o treinador dos GR. Dois outros colegas de 17 anos foram convencidos e lá aceitaram. É preciso uma comunidade para criar uma criança e um escalão desportivo.  Tiveram de convencer a Coordenação e Direção do clube. O Tiago alegou que está habituado às crianças, pois trabalha com gosto, no verão, na primária do Colégio, levando os pequenos à praia e fazendo atividades com eles. [Acrescento aqui: e com muito jeito. Ando a dizer ao rapaz que seria um excelente professor da primária, mas nessas idades, quem quer ser professor?  ] Continuando. Referiu que joga futsal desde os 7 anos, que gosta de tática...
Internado há uma semana, o meu pai está frágil. A coisa não é para menos: insuficiência cardíaca,  enfisema pulmonar e retenção de liquidos.  Numa das visitas, senti emoções contraditórias. Enquanto um enfermeiro o preparava para o tirar dos Cuidados Intensivos e transferi-lo para os Cuidados Intermédios, perguntava-lhe um rol de coisas com uma linguagem demasiada rebuscada para um homem como o meu pai e, ainda por cima, completamente surdo.  Foi constrangedor ver o meu pai sem perceber nada do que estava a ser dito. As suas respostas não faziam sentido, o olhar meio perdido à procura dos meus. Ele não estava a compreender. (A falta de empatia do enfermeito, fruto do cansaco e saturação,  de certeza, afligiu-me: ó senhor, olhai para quem está a vossa frente e falai de uma forma mais simples e sem julgamentos ou escárnio, pois não o conseguis esconder.) O constrangimento deu lugar, durante uns segundos, à vergonha. Simultaneamente senti uma ternura imensa por vê-lo tã...

Livro 3/2025

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 "Caruncho", de Layla Martinez. O Expresso considerou-o o 4° melhor livro editado em 2024. Li-o por causa disso e porque o Riço Direitinho, no Público e nas suas redes, também o recomendou. Gostei bastante. Fala de ódio: ódio entre as classe, contra as mulheres, entre as pessoas, um ódio que passa de geração em geração,  que contamina e que leva à vingança. A narrativa é contada a duas vozes: uma neta e uma avó.  Li-o num livro físico. Senti saudades do Kobo porque não consegui aumentar o tamanho da letra e não consegui ler de madrugada, quando o pai cá de casa ainda dorme ao meu lado, sem acender a luz e acordá-lo.  5 estrelas. 

Fevereiro

 A minha avó dizia muitos provérbios. Utilizava muito os saberes de outrora para explicar algo. Dizia também muitas vezes frases feitas que continham a sua verdade. Há quem tenha como verdade aquilo que o método científico comprova,  outros têm-na através da IA, coitados, e a minha avó a da tradição oral.  ( Para justificar ações, boas ou más,  de qualquer pessoa, para me explicar por que razão tenho filhos diferentes ou para rematar a conversa sobre determinado indivíduo,  dizia "Temos cinco dedos na mão e nenhum é igual". Sempre adorei a expressão e o ar dela a dizê-la.) Há um provérbio, que só ouvi da boca dela, que me diz muito. Tem a ver com Janeiro, que nunca mais acaba (e que me deixa depressiva), mas sobretudo com a chegada de Fevereiro, pois a partir de agora, temos mais luz, menos cinzento e tudo fluirá normalmente. É uma esperança.  Aidita, "Fevereiro é dia, logo é Santa Luzia"! Que bom!  E eu já posso sair da minha caverna.