terça-feira, 17 de julho de 2012
Silêncios
terça-feira, 10 de abril de 2012
Evoluções (ou não)
quinta-feira, 14 de julho de 2011
Clarice... é pop?
Não é difícil reparar que, há muito, Clarice Lispector se tornou celebridade nas redes sociais. Volta e meia, olhando um ou outro perfil em facebooks, orkuts e twitters da vida, me deparo com alguém que utiliza trechos de ‘textos’ da escritora brasileira em seus perfis.
Digo ‘textos’, dessa forma, entre aspas, porque muitas vezes a pessoa nem se dá ao trabalho de saber se quem escreveu aquilo foi realmente Lispector. Além disso, metade das pessoas que se descrevem com frases de Clarice nunca abriu um livro dela pra ler. Nem sequer conhece a Macabéa, que tanto nos perseguiu nos pré-vestibulares da vida. Muito menos sabe a história da menina que roubou ‘As Reinações de Narizinho’ da amiguinha rica e o devorou como se fosse uma esfinge.
Onde estou querendo chegar com isso? Ora, não estou achando ruim ver Clarice sendo citada na internet. O que me desagrada é saber que a popularidade repentina não significa novos leitores e sim uma irritante modinha – “ah, eu quero pagar de cult, vou colocar um trechinho de Clarice Lispector ali e pronto”. E não acontece só com ela. Luiz Fernando Veríssimo, por exemplo, também é um dos campeões de textos encaminhados via e-mail, facebook, etc e tal. Ocorre, tal qual na situação de Lispector, que muitos textos não são dele – vide o conhecido Dúvidas Pascoais, com a qual somos brindados toda semana santa em nossas caixas de mensagens. Esse texto, embora levemente parecido com a escrita do gaúcho, não é dele, e sim de um professor mineiro chamado Antônio Rocha Neto, provavelmente fã do cronista.
A essa altura você já deve estar pensando: “mas você é chata, hein”. Ora, meu caro; eu não sou legal, sou professora de português e literatura – consequentemente, chata. E como chata que sou, ainda tenho a esperança de ver nossas feras da literatura nacional sendo verdadeiramente exaltadas, e não transformadas numa simples modinha. Sei que é difícil, especialmente nessa época em que tudo é instantâneo. Se lá atrás, na minha vida de vestibulanda, eu já ouvia as reclamações dos colegas por ter de ler Machado, Veríssimo (o Érico), Cecília Meirelles e muitos outros, imagine agora, em tempos de 140 caracteres? Não é fácil formar leitores. Que fique claro, aliás, que eu não sou dessas que só curte os nossos medalhões – eu leio de tudo: de O Mágico de Oz a Senhor dos Anéis, passando por Artemis Fowl, Percy Jackson e Harry Potter. Ler é tudo de bom, e é exatamente por isso que eu gostaria que os pseudo-fãs conhecessem a obra de Clarice – voltando à nossa personagem principal. Tem muita coisa boa ali: romances e contos dos bons, crônicas de primeira e entrevistas ainda melhores. Ah, pequeno detalhe: Clarice nunca foi poetisa – logo, esses poemas espalhados nos perfis não são dela. Nada que uma boa pesquisa não corrija.
Tenho certeza de que você, leitor, já encontrou algum fã da nossa popstar por aí. E se você, assim como eu, também se incomoda com tal situação, faça-me um favor: divulgue a verdadeira Clarice. Não só ela, mas também Adélia Prado, Drummond, Pedro Bandeira, Rubem Braga, toda essa turma das letras que está espalhada por aí - só esperando a chance de aparecer. Só assim poderemos afirmar: nem só de papa vive o pop.
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
(Des)resoluções do novo ano
Calma, já lhe explicarei o porquê: você é ímpar. E eu não gosto de nenhum ano ímpar. Boa parte das coisas ruins nesses meus 30 anos de existência aconteceram em anos ímpares e com você, certamente, não será diferente. Hein? Tá me dizendo que eu estou enganada? Nunca estarei. Jamais estarei.
Como é que é? Pague pra ver, você está me dizendo? Ora, ora, senhor 2011. Não queira me desafiar. Eu não gosto de perder. E não vai ser pra um aninho ímpar qualquer que eu sofrerei uma derrota.
Vai correr o risco, é? Vai mesmo? Então está bem. Aceito o desafio. O que eu preciso fazer? Uma lista? Rá! 2011, o senhor é um fanfarrão. Quer dizer que é só eu fazer uma lista do que eu quero que aconteça e o senhor irá cumpri-la, à risca? Ótimo! Vamos nessa, então!
Aí estão as minhas metas para você, 2011:
- Não vou confiar em ninguém.
- Vou parar de ser a boa samaritana. Quer ajuda? Procure um padre! Assistencialismo, aqui, não!
- Ganância não faz mal a ninguém. Então, estará no meu vocabulário para esse ano.
- Se eu precisar mentir ou enganar alguém para conseguir algum objetivo, o farei sem dó.
- Não farei novos amigos. E os antigos... bem, o item 1 já diz tudo.
- Vou seguir a cartilha do desapego, e dessa vez sem pular páginas.
- Vou ser mais cautelosa e criteriosa nas minhas escolhas. Chega de fazer besteira.
- Não quero mais ser legal. Vou até mudar o nome do blog.
- Aliás, blog pra que? Coisa de fracassado. Vou deletá-lo.
- Por fim, minha última resolução pra você, 2011: vou fechar os olhos e fingir que você não existiu. Que venha 2012.
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É claro que você, leitor atento (será que ainda tenho algum?) deve ter percebido que todas essas resoluções acima são uma baita mentira. É só um truque para enganar esse ano sabichão, que está dizendo que vai me conquistar. Não vai. Já prevejo que será um ano daqueles. Mas do que posso eu reclamar? Alguém me disse uma vez que a graça da vida é correr riscos, ser muito feliz e sofrer o diabo. Desse modo, lá vou eu para mais 365 dias de alegrias, desilusões, riso, choro e diversão. Bem-vindo, 2011!
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Desapego, o retorno
terça-feira, 30 de março de 2010
Ao mestre, com carinho
quinta-feira, 18 de março de 2010
Pergunte ao oráculo!
Eu sempre fui de muitas perguntas. Desde a infância, quando eu perguntava ao meu avô com quantos paus se fazia uma canoa, sempre que ele me dizia o tal ditado. Pois eis que um dia desses eu sonhei com o oráculo - aquele mesmo, que não é o Malabi¹, mas tudo sabe. E no sonho eu enchi o pobre de questionamentos, dos mais complexos aos mais retardados. E como eu adoro listinhas, cá estou eu com minha lista de perguntas ao oráculo. O mais incrível não é a lista, mas como eu consegui me lembrar de tudo, ao acordar!
1. Qual a probabilidade de eu falar duas vezes com o mesmo atendente de telemarketing, em uma grande central de atendimento?
2. Por que é que eu sempre perco o bingo quando me faltam apenas dois números para fechar a cartela?
3. Quanto tempo eu levaria para cruzar todo o continente americano com minha bicicleta?
4. Por que eu sempre falo alguma sandice no mesmo instante em que o patrão entra na sala?
5. Que fim levou a Tetê Espíndola² ("meu amor, nosso amor está escrito nas estreeeelaaaas")?
6. Por que o Galvão Bueno não se aposenta?
7. Quem diabos inventou a expressão "madeira de dar em doido"?
8. Onde é que vão parar todas as minhas meias, que insistem em desaparecer?
9. Por que o telefone sempre toca quando estamos no banheiro?
10. Por que quando duas pessoas cochicham se tem a sensação de que falam mal da gente (mesmo nunca tendo visto as criaturas antes)?
11. Como funciona o jogo do bicho?
12. Qual é a perna mecânica de Roberto Carlos?
13. Por que todos os fios, cabos, conexões e afins embolam tanto quando estão na mesma bolsa?
14. Quem vai ser o campeão do Brasileirão?
15. E afinal de contas, com quantos paus se faz uma canoa?
Eu já me preparava para mais uma infinidade de questões, mas nesse ponto o sábio oráculo me interrompeu. Disse que nunca havia aparecido alguém com tantas perguntas (eu acho que ele quis falar ‘perguntas imbecis’, mas se segurou). Logo em seguida, parou por uns instantes e começou a me responder. Pensei que ele me daria respostas claras, diretas e objetivas; mas é lógico, estamos falando de um oráculo: resolveu me responder filosoficamente. Algo do tipo “a paciência é uma virtude, gafanhoto”. Quando a coisa estava começando a ficar interessante (ele estava chegando na perna mecânica do Robertão, e teria de ser objetivo), eu acordei. Lá se foram minhas chances de ser a fera das perguntas sem resposta.
Deixe estar, que ainda quebro uma canoa na beira da praia!