O Naturalista Frederic Welwitsch escreveu em 1862 que a liamba era usada "desenfreadamente" pelos nativos angolanos, tal como a cola e dizia mesmo que: "quem come cola fica em Angola".
Ouvi em tempos na Rádio Nacional de Angola que um malanjino fora detido pela polícia por posse de algumas plantas de canabis (liamba) no seu arimbo (lavra) e de ser, ele mesmo, consumidor, em horas esquivas, dos "frutos" desta herbácea.
Não sou daqueles que pactuam com o uso de substâncias entorpecentes, sobretudo, quando o uso da substância se afigure como um mal social. Porém, importa realçar que a liamba nem sempre entorpece. A liamba também cura. E foi por via disso que Estados como a Holanda aprovaram o seu plantio massivo e uso medicinal (apenas para isso). Em minha casa, por exemplo, nos idos tempos do tio-Chico*, ela era usada para curar o galináceo.
Temos liambeiros viciados e que devem ser coibidos. É preciso olhar para as crianças que se drogam, para os vadios que "se liambam". Temos também liambeiros que se anabolizam apenas para melhorar o seu rendimento nos seus afazeres, como contou um conhecido meu que trabalha nas obras de construção civil e o malanjino detido pela polícia.
_ "Eu confirmo sim que fumo liamba e tenho liamba, um bocado só, na minha lavra. Mas eu não faço confusão. Fumo só para me reforçar no trabalho", confessou o detido já próximo da casa dos 50 anos.
Há regiões de Angola onde fumar a liamba numa mutopa é questão tradicional e cultural.
_ Devem ser detidos todos os idosos que fumam liamba nas suas mutopas, no jango dos anciãos?
_ Devem ou não ser detidos todos os plantadores de liamba?
_ E para fins julgados medicinais quem deve plantar a liamba?
* Os contemporâneos do meu pai tratavam-no por António Chico.