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30 novembro 2019

Diários Antigos...

02/06/1051
Primeiro dia de exames do 2ºCiclo
Prova escrita de Português e de Ciências Naturais.
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03/06/1051
Prova escrita de Francês e Matemática
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04/06/1051
Prova escrita de Inglês e História
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05/06/1051
Prova escrita de Físico-Químicas e Geografia
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06/06/1051
Provas de Desenho à Vista e de Desenho Decorativo
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14/07/1051
Saíram as notas das escritas
Tive
13,4 em Português
12,3 em Francês
13,3 em Inglês
13,0 em História
10,5 em Geografia
16,6 em Ciências Naturais~
  7,3 em Físico-Químicas
12,0 em Matemática e
12,0 em Desenho
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19/07/1051
Fiz duas orais de manhã e duas de tarde.
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20/07/1051
Fiz quatro orais de manhã.
Ao fim da tarde saíram as notas. Tive média de 13 em Letras e de 12 em Ciências.
Já estou no 6ºAno!...

28 novembro 2019

Suspensão coloidal

Um Poema
de António Gedeão!...
 .
António Gedeão
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Suspensão coloidal
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Penso no ser poeta, e andar disperso
na voz de quem a não tem;
no pouco que há de mim em cada versa
no muito que há de tudo e de ninguém.
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Anda o cego a tocar La Violetera,
e eu a vê-lo, e a cegar;
e a pobre da mulher esfregando e pondo a cera,
e eu a vê-la, e a esfregar.
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Que riso perto, que aflição distante,
que ínfima débil, breve coisa nada,
iça, ao fundo, esta draga carburante,
rasga, revolve e asfalta a subterrânea estrada?
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Postulados e leis e lemas e teoremas,
tudo o que afirma e jura e diz que sim,
teorias, doutrinas e sistemas,
tudo se escapa ao autor dos meus poemas.
A ele, e a mim.
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in. "Máquina de fogo"
1961

27 novembro 2019

Não sou só eu a gostar...

... do Vasco Pulido Valente
e mais do seu Diário!...
No Público de ontem, 26 de Novembro,
e escrito por Carlos Duarte, um leitor de Lisboa, numa 
Carta ao Director, encontrei a prova disso...
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Vasco Pulido Valente
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Com o título "O Diário de Vasco Pulido Valente", li com o maior gosto o texto que que aqui deixo:
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"Vasco Pulido Valente consegue dizer em duas linhas aquilo que outros necessitam de uma página inteira, é genial. No sábado adorei o que ele escreveu sobre Catarina Martins, gostei muito daquilo que disse sobre o presidente Marcelo, gostei das observações que fez sobre José Mário Branco, e, nos outros dias da semana desta crónica, tudo são verdades ditas em meia dúzia de palavras, mas que muitos teimam em não querer ver, como aquela dos médicos especialistas, dita em poucas palavras, mas que reproduz a nua e crua  realidade de quem quer -- como a maioria de nós -- estar na Europa.
Ao sábado vale a pena comprar o PÚBLICO, nem que seja só para ler o Pulido Valente e eu acho que devo dizer isto para ele e para o PÚBLICO saberem. Espero sinceramente que o mantenham por muitos e bons anos!"
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Carlos Duarte, Lisboa.

26 novembro 2019

Humor antigo...

... o traço de 
L.G.Biostre
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-- Quando não quiser mais... diga! 

25 novembro 2019

Faz hoje 44 anos...

"Não há 25 de Abril de 1974 sem 25 de Novembro de 1975
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Continuarei à espera da reabilitação do 25 de Novembro de 1975 para poder assinalar verdadeiramente o 25 de Abril de 1974. É que foi Novembro que impediu que se fechasse a porta aberta em Abril.
A partir de agora não irei festejar o 25 de Abril. Não se trata de uma alteração da minha posição face a esse acontecimento histórico, nem de uma decisão definitiva mas só voltarei a fazê-lo quando o 25 de Novembro tiver a mesma importância no calendário português."
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José Milhazes
em 24 de Abril de 2019 
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     António Ramalho Eanes e Jaime Neves  
             Os Homens a quem devemos a Democracia em Portugal.           

24 novembro 2019

Diários antigos...

18 04 1951
Faleceu Sua Ex.ª o Marechal António Óscar de Fragoso Carmona, 
Presidente da República Portuguesa.
Da parte da tarde não houve aulas.
Vai haver 4 (quatro) dias de feriado.

23 novembro 2019

Merece ser destacado...

… no Diário de
Vasco Pulido Valente
no "Público" de hoje, 
23 Novembro 2019.
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Vasco Pulido Valente
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No dia 16 de Novembro, VPV escreveu no seu Diário:
"À velocidade com que fala, é impossível que a Catarina Martins pense no que diz."
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No dia 20 de Novembro, VPV escreveu no seu Diário:
"Lamento não acompanhar o Presidente da República e a "esquerda" indígena na uníssona homenagem a José Mário Branco. Ainda me lembro vividamente do PREC, de que esta personagem foi um dos rostos mais militantes e visíveis. A gente que hoje se abriga à sombra da social-democracia e do Estado de direito não imagina o que lhe teria sucedido em 1975, a título de ser "fascista" e membro da "reacção" para a qual existia "uma só solução": o fuzilamento. "Uma só solução, fuzilar a reacção", uma palavra de ordem que se ouvia incessantemente na rádio entre baladas deste benemérito.
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No dia 21 de Novembro, VPV escreveu no seu Diário:
"A única resposta possível deste Governo à manifestação de hoje, em frente à Assembleia da República, é despedir o ministro Eduardo Cabrita. O Governo de António Costa é responsável por ter dado às forças de segurança motivos plausíveis para descer à rua. E também é responsável por ter permitido que um aventureiro político se tivesse apropriado de um compreensível descontentamento para fins obscuros. O PS e o PSD, ou seja, os partidos constitucionais, foram os únicos que não estiveram no sítio onde deviam estar: cá fora, na escadaria."
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No dia 22 de Novembro, VPV escreveu no seu Diário"
O CDS não resistiu a ir atrás do Chega, na forma do deputado e comentador desportivo Telmo Correia. Deus Nosso Senhor os salve, que mais ninguém pode."

O "post" de hoje é dedicado...

... ao João Frey Roy, um Amigo daqueles tempos que, felizmente "ainda por cá anda", e ainda cheio de vitalidade
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Estamos em Outubro de 1950, no Liceu de Nun'Álvares, em Castelo Branco.
O João Ferreira da Silva, por todos conhecido por Frey Roy, tinha um tio (?) na Argentina, ao qual teria pedido uma "pequena ajuda"... Que lhe oferecesse um equipamento de Futebol, igual àquele que usavam os jogadores do "Old Boys" uma equipa maravilhosa que imperava na Argentina, por aquela altura.
E o tio foi na conversa... 
Embora só tivesse oferecido as camisolas nem por isso deixámos de inaugurar aquele equipamento.
E é uma pena que a foto não seja colorida para pôr em destaque a faixa "amarelo dourado" sobre um fundo azul...
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Aqui deixo a "famosa" linha avançada do "Young Boys", numa foto tirada no dia 15 de Outubro de 1950
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O "quinteto avançado" do Young Boys,
com jjmatos, António dos Santos Tavares, José Amaral Branco dos Santos, Armindo Marques Taborda e Tó Zé Pires Antunes.
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O tio que tinha no Brasil "foi no chorinho" do Frey Roy e enviou-lhe 11 camisolas bonitas, azuis com uma faixa amarela (as cores que, 24 anos mais tarde, o CDS escolheu como suas…). Quanto a calções… o tio do Frey Roy fechou-se em copas.
Um dos campos em que treinávamos tinha lá pelo meio alguns "afloramentos graníticos"... mas, mesmo assim a gente jogava! 
No entanto, lembro-me de termos chegado a jogar no Campo do Vale do Romeiro que é ainda o campo oficial onde joga, actualmente, o Sport Benfica e Castelo Branco.
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Frey Roy era o "nome de guerra" por que era conhecido em toda a parte, o nosso colega João Alberto Ferreira da Silva , oriundo da Covilhã. Era um ou dois anos mais novo do que nós mas estava hospedado numa casa onde os "covilhanenses" mais velhos, do meu ano escolar, estavam hospedados.
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Foto obtida em Abril de 1950 (?)
numa "viagem de estudo" a Castelo de Vide
O João Frey Roy, é o primeiro à esquerda e, entre muitos ainda identifiquei a 
Titina (do Louriçal), o Rafael Gamas, a Maria Irene Folgado Pereira (da Quinta da Polida), o Filipe Juanico (à direita) e a Júlia Cardoso.
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Muitos anos mais tarde, em 15.12.1973,   encontrei o João Ferreira da Silva na cerimónia da inauguração do Bairro da Urbissado, em Setúbal. Foi uma festa...
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... depois, estive muitos mais anos sem o ver!
Só voltei a encontrar este "Amigo de outros tempos"
... agora na época dos "facesbuques"!...
E pela foto que aqui deixo... parece estar em grande forma!...
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Está no ar, em suspenso, um encontro em Setúbal, no Largo da Fonte Nova,mas vamos ter de esperar mais uns mesas, pela época da sardinha...
E espero que possamos ter a companhia do Luís, do Aprígio e do Zé Galvão. Vais ter então a oportunidade de recordar com o Aprígio, o que era viver na "Casa do Velho Inácio".

21 novembro 2019

Reuniões&Passeios...

31.Março.1996
Em Sines... a caminho da
"Ilha" do Pessegueiro.

A "equipa dos horários"
Cortaram a cabeça do Vasco da Gama... e ainda se riem!...
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NB: 
Memórias...

"...Quisemos ver onde ficava a estátua do Vasco da Gama e alguém alvitrou que entrássemos no Castelo. Lá dentro é uma ruína... Um descalabro... O Museu de "História Natural" que ali se encerra vive na mais degradada das instalações que algum dia visitei... A humidade escorre pelas paredes, depois de ter atravessado o telhado e corroído os tetos das salas, talhados em caixão... o que condiz com aquele estado de letargia, ou quem sabe, de "coma nostálgico" em que parecem "viver" os especímenes da fauna alentejana, ali prisioneiros.

Surge, agora, um apontamento delicioso. Ao acabar de tirar uma fotografia à F. que, com muita atenção, observava algumas bonitas conchas de Moluscos de Moçambique, ouço uma zelosa funcionária, menina simpática e educada, que me informa não ser possível tirar fotografias ali, no interior do "Museu" porquanto a luz do flash prejudica a coloração do pêlo dos animais ali expostos...Meu Deus!... No meio de todo aquele abandono a Câmara Municipal de Sines preocupa-se com os danos que a luz do flash pode causar nos pigmentos da pele dos animais!!... Façam o favor de me poupar... se não se importam!!!

Logo em seguida visitámos as ameias do Castelo, com vista magnífica sobre a vila e sobre a costa, o que fizemos aguentando um vento forte e bastante fresco."

31.03.1996 

20 novembro 2019

Humor antigo...

... com o traço 
de Kiraz.
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-- Agora subi de posto!... Acabei o namoro com o caixeiro e comecei um flirt com o chefe de vendas.

19 novembro 2019

Diários antigos...

17 11 1950
Recebi, nas Salas de Estudo, um saquinho de rebuçados... 
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24 12 1950
Assisti pela primeira vez à Missa do Galo.
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21 01 1951
Fiz a Festa de anos, no Arcádia e estiveram presentes o Zé Amaral, o Pires Antunes, o António Salvado e o Armindo Taborda.
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06 04 1951
Recebi como oferta um calendário de secretária, durante um passeio pelo Bairro Económico.

18 novembro 2019

Escrito na pedra...

In “Público
16.11.2019
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A democracia muitas vezes significa o poder nas mãos de uma maioria incompetente.
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Bernard Show
1856 – 1950
compositor e crítico

17 novembro 2019

Merece ser destacado...

… no Diário de
Vasco Pulido Valente
no "Público" de hoje, 
16 Novembro 2019.
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Vasco Pulido Valente
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No dia 10 de Novembro, VPV escreveu no seu Diário:
"Eu, Luís Montenegro, católico, português, resolvi dedicar os próximos 12 anos da minha vida a salvar a Pátria e prometo, pela alma da minha mãezinha, ganhar as próximas eleições, o governo de Portugal, as eleições seguintes, mais quatro anos de governo, o restabelecimento do monopólio da pimenta, a tomada de Ormuz, a descoberta da relatividade, e a minha entrada triunfal na lista de Forbes como a maior fortuna do mundo.
Graças a Deus pelo PSD."
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No dia 13 de Novembro, VPV escreveu no seu Diário:
"O senhor primeiro-ministro decidiu por sua alta recreação que não haveria "chumbos" até ao 9ºano de escolaridade. A isto se chama, no idioma "eduquês", evitar a "retenção". Não me pronuncio sobre o assunto, quanto mais não seja porque neste ponto já errei várias vezes e não há certezas absolutas. Noto apenas que os argumentos que valem para o 9ºano também valem para o 12º, a licenciatura, o mestrado e o doutoramento. Mas António Costa também remeteu Rui Rio para a bibliografia. Parece que o Conselho de Ministros, como José Sócrates, foi a Paris estudar sociologia da educação. E quer transformar a Assembleia num seminário. Vão ser admiráveis as discussões parlamentares sobre os princípios teóricos da "progressão" e da "retenção". Tenho pena de não assistir e mais pena ainda de não participar. Ia ser muito divertido."
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No dia 14 de Novembro, VPV escreveu no seu Diário:
"A ortodoxia política pegou com pinças no episódio da mãe que abandonou o filho num ecoponto. Nos dias que vão correndo, toda a gente sabe que este género de histórias só são aproveitadas pelo Correio da Manhã e pela televisão de cabo. E que as pessoas sérias não gostam de "explorações mediáticas".
Mas, no meio do barulho, lembrei-me d'Os Miseráveis e de como esse panfleto foi politicamente importante para o movimento republicano françês. E de como depois foi copiado em abundância por Eugène Sue (Les Mystères de Paris), por Ponson du Terrail (Les Drames de Paris) e até pelo nosso Camilo (Os Mistérios de Lisboa). Para bem ou para mal, o género ficou: a burguesia gostava de saber o que se passava neste escuro mundo que existia ao lado dela. E ainda hoje o fenómeno se replica com o jornalismo popular. A direita percebeu isto e a esquerda não."

Parabens!... 17 de Novembro

A Maria Regina faz anos hoje.
Aqui fica um abraço amigo...
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Maria Regina Bidarra Santos Silva

16 novembro 2019

Hoje há pintura...

El Greco
Doménikos Theotokópoulos
1541 - 1614
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Santo André e S.Francisco
in. Museu do Prado - Madrid

15 novembro 2019

Eles foram professores do Liceu...

Fernando António Torres de Sá Dantas
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Foi professor eventual do 9ºGrupo (Desenho). Tinha o Curso de Superior de Arquitectura e era casado com a colega de grupo Sílvia de Carvalho. Tomou posse no dia 1 de Outubro de 1959. Voltou ao nosso Liceu, passados cinco anos, como professor efectivo, tendo tomado posse em 2 de Março de 1964.

Fernando Sá Dantas
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NB -
O Arq.Fernando Sá Dantas faleceu, alguns anos após ter deixado o Liceu de Setúbal, num acidente rodoviário, no sul de Espanha.

14 novembro 2019

Humor antigo....

com o traço de
Don Flowers
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- Eu contei até dez, Mãe!... E agora o que é que eu faço?...

13 novembro 2019

Parabéns!... 13 de Novembro.

O Luís faz anos hoje...
Um grande abraço e um dia cheio de coisas boas.
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Arq. Luís Marçal Grilo

12 novembro 2019

Faleceu a Dr.ª Ausenda...

acaba de chegar-me a notícia do falecimento 
da Dr.ª Ausenda Paulino Pereira.
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Dr.ª Ausenda de Carvalho Caetano Paulino Pereira
Alvaiázere 15 de Julho de 1922 - Lisboa 12 de Novembro de 2019
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Que descanse em Paz
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Ao Luís e ao Jorge 
apresento os sentidos pêsames
e um abraço amigo.

Reuniões&Passeios...

Castelo Branco
em 16.06.1979
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No jantar do último dia de uma Romagem de Saudade
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Olímpio Mendes de Matos, António Lobato de Faria e António Lopes Dias.
Foram finalistas no Liceu, em 1949/50

11 novembro 2019

Diários antigos...

13 de Maio de 1952
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...na aula de Trabalhos Práticos de Ciências  pus-me a descobrir pequenas algas e outras plantas que estavam na água do aquário. Arranjei por lá uma "coisa" que nem a Tia Anica soube defenir bem... (a "Tia Anica" era a alcunha da Dr.ª Julieta Neves, nossa professora de Ciências Naturais, uma "quarentona" que considerávamos ser já "velha"...)
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À noite, lá para as 22h30m, fomos ao Lar da Escola Normal, para que as "meninas da Escola do magistério" nos devolvessem as calças e as camisas que lhes havíamos emprestado, para uma récita que levaram a efeito... Fomos muito bem recebidos por uma rapariga da Escola Normal, das mais velhas que toda se desfez em amabilidade e agradecimentos.

10 novembro 2019

Recordações...

...em 27 Set 1970
A Gi com 8 anos.
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Margarida Maria Macedo Mendes de Matos
GI
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... aqui "acompanhada" pelo

...o neto Gonçalinho, com 6 anos.

09 novembro 2019

Merece ser destacado...

… no Diário de
Vasco Pulido Valente
no "Público" de hoje, 
09 Novembro 2019.
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Vasco Pulido Valente
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No dia 02 de Novembro, VPV escreveu no seu Diário:
"O programa do Governo desapareceu sob as saias do assessor de Joacine e a política desapareceu sob a pessoa de Joacine ela própria. Bem sei que a cultura republicana está a desaparecer perante a cultura identitária, mas, para a minha idade, um cidadão continua a ser uma entidade abstracta, sem saias, sem cor e sem gaguez. Todo este espectáculo me repugna e me enfurece.
Quem leu as dezenas de artigos de propaganda que Rui Tavares escreveu tentando convencer as pessoas que o partido, absurdamente chamado Livre, era a esquerda europeia, não pode deixar de ficar embasbacado. O submundo das querelas radicais continua a fervilhar como uma infecção, mesmo quando nós não damos por isso."
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No dia 06 de Novembro, VPV escreveu no seu Diário:
"Duas técnicas da Segurança Social, seja isso o que for, estão acusadas de tirar duas filhas à mãe. Essa mãe era vítima de violência doméstica e fez, em protesto, 26 dias de greve de fome (25 chegavam para matar o adulto médio) e ainda hoje só pode ver as filhas duas vezes por semana: aparentemente o grande crime dela, que não se provou, foi ter abandonado a criança mais velha, de quatro anos, num café.
Uma pessoa pasma que dois funcionários administrativos -- é isso que em última análise as duas "técnicas" são -- possam separar uma família ao seu arbítrio pelo simples exercício de um poder que o Estado lhes conferiu. Mas podem. O jornalismo que por aí se esfalfa a examinar a justiça portuguesa nunca deu por esta barbaridade, que se instalou calada e burocraticamente. Quando a descobri, num noticiário da SIC, tremi de medo. Um dia destes aparece-me um "técnico" em casa, com um papel na mão, declara-me incapaz e mete-me num asilo; nenhum dos nossos políticos vai achar que se tratou de uma violação dos direitos do homem. A Constituição que se lixe."

Faz hoje 30 anos...

...que se iniciou a queda do "Muro de Berlim"
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Com o título
"Quando o deutsche Mark foi ter com os alemães do Leste"
a jornalista
Teresa de Sousa
escreveu hoje, dia 9 de Novembro 
no "Público"

Teresa de Sousa
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As grandes cadeias de televisão do mundo inteiro começavam a instalar-se. Os grandes jornais exibiam os seus espectaculares telefones-satélite para ditar as suas crónicas. Alguns jornalistas já estavam equipados com os primeiros telemóveis, maiores que um tijolo. Eu, claro, tinha apenas um caderno e uma caneta. Não me deixei levar pelo pessimismo. Alguma coisa havia de arranjar. Talvez um táxi, talvez uma cabine telefónica.
Formavam-se as primeiras filas em frente aos bancos. À meia-noite em ponto, abriam-se as portas. Acenderam-se os holofotes das televisões, iluminando a praça. Numa explosão inédita de alegria, os cidadãos da RDA lançaram para o ar as suas moedas sem peso e sem valor.  Foi uma inesperada chuva de estrelas cuja imagem ainda hoje perdura na minha memória. O Bundesbank já se instalara na antiga sede do partido comunista. Em Frankfurt, foram fabricadas 600 toneladas de notas novinhas em folha e 500 toneladas de moedas pesadas e brilhantes.
Faltava enviar a reportagem para o jornal. Começaram os problemas e começou a inveja dos outros jornalistas, fazendo calmamente o seu trabalho. Cabinas telefónicas havia, mas estavam todas avariadas. Táxis nem vê-los. Só restava a longa caminhada para o lado de lá, até reencontrar a animação e as luzes de Berlim Ocidental, entrar no primeiro café cheio de gente a celebrar apesar da hora, pedir para usar o telefone para uma chamada internacional, respirar de alívio diante do sorriso rasgado do empregado que estava ao balcão. Ditar a crónica para Lisboa. Fazer sinal a um táxi, inevitavelmente um Mercedes, para me levar ao hotel. Missão cumprida. Memória inapagável.
No dia seguinte, o mesmo percurso e um cenário totalmente diferente. As montras dos supermercados exibiam tudo o que é possível imaginar num supermercado ocidental.
Longas fila à porta, com os bolsos milagrosamente repletos da moeda mais forte do mundo. Uma senhora de meia-idade mantinha-se parada há demasiado tempo diante de uma montra de iogurtes. As marcas eram tantas, as variedades infinitas, os sabores e as consistências, aromas ou frutas, com ou sem açúcar, que a escolha se transformava numa tarefa complicada. Finalmente escolheu. Um amplo sorriso iluminou-lhe o rosto.
É preciso ter ido a Berlim nesses dias para se sentir na pele o que era a vida do lado de lá. Sem cor, sem escolha, sem liberdade, sem opções, sem futuro, sem expectativa. Sem nada. Uma prisão gigantesca onde era sempre conveniente olhar por cima do ombro, porque a Stasi era omnipresente.”
Agora, estava tudo em aberto. Mas Khol não se enganara sobre o sentido inelutável da História acabada de entrar em súbita aceleração. Enquanto SPD de Oskar Lafontaine se opunha à reunificação política e económica, o presidente honorário do partido, Willy Brandt, apoiava o chanceler em toda a linha.
Era impossível fazer parar o comboio da História, que nesse dia tomava mais uma vez o caminho certo, abrindo as portas para a unificação de um continente dividido pela guerra, pela ideologia e pela vida.
Hoje, os salários dos alemães que trabalham nos antigos Lander da RDA são 85% dos ocidentais. E do Muro apenas resta a memória numa cidade vibrante, renascida e cosmopolita, que deixou de estar no extremo oriental de uma Europa livre e democrática para passar a estar no seu centro.
Kohl também ofereceu à Europa o poderoso deutsche Mark como testemunho de uma Alemanha que queria continuar a ser europeia, afastando os fantasmas de uma Europa alemã. Nasceu o euro, sobre o qual a União Europeia continuou a edificar-se. Foi bom. Espera-se que continui a ser. Mais uma vez, muita coisa está em aberto.
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NB - Apenas reproduzimos um excerto do artigo de Teresa de Sousa.