Já está. Afinal não doeu nada. Quer dizer...não doeu muito, ou....podia ter doído mais, é isso.
O Natal já passou. As correrias, as fitas, as luzes, os presentes de última hora " Ah merda! Esqueci-me da Tia Antónia, e ela mandou cinco euros para cada um dos gaiatos!!!!", ou " Xiiiii, a Fulana deu-e isto! O que é? Sei lá "praquéque" esta coisa serve! Olha serve de certeza pra me fazer sair de casa, no dia de hoje só pra ir aos chinas comprar a troca!!!!"....e assim.
De resto tudo calmo. Jantar na casa da sogra, Missa do Galo (com um frio do coiso que nem o calor do Senhor conseguiu aplacar), e depois rumar a casa, lareira, chocolates, esfarrapar embrulhos, por entre "ohhhhs" e "ahhhs", excepto a "piquena". A tronga da gajinha precisa de ser limada e polida! É que não se deu por satisfeita com nada, NADA...a não ser uma carteira pequenina da Hanna Montana, uma porcariazinha....Já sei, já sei, mea culpa, mea culpa.
Entretanto, enquanto tudo isto decorria, o meu excelso marido andava às voltas desde as oito da matina com um pássaro, vulgo peru, singelo....pesou a ave galiforme 16 kilitos em bruto.
Entretanto, enquanto tudo isto decorria, o meu excelso marido andava às voltas desde as oito da matina com um pássaro, vulgo peru, singelo....pesou a ave galiforme 16 kilitos em bruto.
Na manhã de 25, lá se levantou o homem, quase de madrugada para enfiar o animal no forno.
Chegou a hora de almoço, e com ela a famelga toda, and i mean TODA!
Os manos, cunhados, sobrinhos, pai, sogra e mais alguns chegadiços, que isto cá em casa na hora da comidinha chega sempre mais um.
A típica mesa Alentejana, muita gente, vinte e um ou vinte e dois, nem sei bem, "munto" pão, "munta" comida, "munto" tinto e gritaria a rodos.
Toda a gente a falar ao mesmo tempo.
-É pá o cozinheiro é um mestre!!!! Isto tá mesmo bom!
- Porra! Belas azeitonas! O quêjo mole é donde? Bom, mêmo bom!
- Ê quero uma perna! Oh mãe ê quero uma perna, oh mãe ê quero uma perna!
- Não querias mais nada!!!!
- Oh mãe Ê quero mais!
- Ai essa cabra anda metida com o vidente!
- Vê lá tu! Um dom! Um dom tem ela na.......
- Oh mãe ê quero a sobremesa, oh mãe, etc.....
Isto tudo, ao mesmo tempo.
Claro que houve um ou outro sopapo "Cala-te!!! O cabrão do gaiato nã se cala!!!!!" toma, um cachação. "Olha lá que estás a entornar a canja pra cima de ti, meu estupor!" toma, uma orelhada
And so on and on and on and............
Lá fora era o diluvio, o que deu azo a que a confusão de assuntos e conversas e coisas dessas se tornasse dolorosa, quase quase a roçar o limite da paciência de algumas pessoas(eu).
Finalmente, e aqui sim, com muita educação: "bora lá beber um café", traduzido à letra: "vamos lá a desamparar a loja que eu tenho mais que fazer!".
Debaixo de uma chuva bíblica, lá foi o cortejo, a correr para dentro dos vários carros, em procissão por todo o Reguengos, em busca de um café aberto no dia de Natal, ou seja, mais ou menos o mesmo que procurar uma nota de 50 euros na minha carteira (ou até de vinte....).
Depois de muito esforço, depois de duas voltas à vila (que por acaso até é cidade) lá encontrámos o tal do café aberto...a Pizzaria que fica aqui atrás de casa....
O bom da coisa é que depois desta demanda pelo café, as pessoas (quase todas as pessoas) voltaram para as suas casinhas. E agora vocês perguntam. O Bom? Mas e então quem te ajudou com as louças? E com a arrumação da casa?
Ninguém, respondo eu! Mentira, fui eu e o meu esposo, os dois side by side, cansados, sim, mas felizes da vida por ver pelas costas aquelas visitas todas.
Há quem diga que as visitas são como o peixe, ao fim do dia já cheiram mal.....verdade, oh Deus que verdade. Aliás nem precisa de chegar ao fim do dia.
Agora já passaram uns dias, até o peru já acabou, sim, porque nem preciso de vos dizer, que as refeições têm sido muito variadas, especialmente na forma, rissóis, empadão, caril, mas muito monótonas na espécie....peru.
Acabou-se o Natal! Viva o Natal.
Não ainda não acabei. Desculpem lá, mas não podia passar sem vos contar. É que recebi um presente tardio de Natal. Pois foi. Este presépio tão lindo, que curiosamente, no lugar do usual burro, tem....um porco e um galinha. Pareceu-me bem.
Quem mo ofereceu, foi uma e-friend (minha e vossa) a quem já decidi há tempos retirar o e-.
Parece então que a moçoila, fanou, limpou, subtraiu, rapou, arrebatou, ou falando português claro: roubou o dito presépio da loja.....da mãe.
Como se não bastasse, ainda me aventou com o dilema "quero ver o que vai agora fazer uma católica como tu, com um presépio roubado por uma herege como eu!"
Ora o que é que eu vou fazer?
Este ano já não vou fazer nada. Já o guardei bem guardadinho, porque a "piquena" ficou muito entusiasmada com os "bonecos", mas no próximo Natal, estará a decorar um qualquer lugar desta casa.
Essa coisa dos roubos e culpas, desculpas e assim, não é decididamente o meu departamento, mas... por sim e por não já rezei uma Avé Maria por ti. E um Pai Nosso. Mais não posso fazer, e não devolvo presentes, ainda por cima tão lindos!
Tu e Ele que se entendam!
Pics cá de casa