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Não se perca ao entrar...

Aqui contém cenas explícitas de minha nudez ao avesso, para melhor visualização feche seus olhos. (Mary Backes)

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Para que te (in)definas


(a vida. um presente. o tempo presente. dois segundos que qualquer coisa que ainda não está resolvida e que, sem ser o que já foi nem o que ainda poderá ser, nos define durante um espaço e um tempo que não se voltam a repetir)


E se me pudesse sentar contigo nesse momento que seria só nosso, repetir-te-ia vezes sem conta que “o essencial é invisível aos olhos” e que, para saberes e te saberes, terás de ir mais fundo e olhar com mais atenção para tudo o que te rodeia e que – de forma mais ou menos acertada – te define e te contextualiza.

(Mónica Aresta - A vida à superfície)

quarta-feira, 11 de julho de 2012

"O TCC é a TPM do Ensino Superior (...) é a greve de existir do jovem."


Um dia frio
 Um bom lugar para estar contigo
 E o pensamento no TCC
Assim eu não consigo
Um dia triste 
O TCC ainda existe 
E o pensamento lá em você 
E tudo me divide ♪ 
(Djavã)

quinta-feira, 5 de julho de 2012

A beleza do homem para além de si mesmo


As pessoas mais bonitas que conhecemos são aquelas que conheceram o sofrimento, conheceram a derrota, conheceram o esforço, conheceram a perda e encontraram seu caminho para fora das profundezas. Essas pessoas têm uma apreciação, uma sensibilidade e uma compreensão da vida que as enche de compaixão, gentileza, e uma profunda preocupação amorosa. Pessoas bonitas não acontecem por acaso. 

(Elisabeth Kübler-Ross)

terça-feira, 26 de junho de 2012

Temos mantido em segredo nossa morte para mantermos nossa vida possível (...) Mas eu escapei disso, Lóri...


E então você não quis mais nada disso. E parou com a possibilidade de dor, o que nunca se faz impunemente. Apenas parou e nada encontrou além disso. Eu não digo que eu tenha muito, mas tenho ainda a procura intensa e uma esperança violenta. Não esta sua voz baixa e doce. E eu não choro, se for preciso um dia eu grito, Lóri. Estou em plena luta e muito mais perto do que se chama de pobre vitória humana do que você, mas é vitória. Eu já poderia ter você com o meu corpo e minha alma. Esperarei nem que sejam anos que você também tenha  corpo-alma para amar. Nós ainda somos moços, podemos perder algum tempo sem perder a vida inteira.Mas olhe para todos a seu redor e veja o que temos feito de nós e a isso considerado vitória nossa de cada dia.Não temos amado, acima de todas as coisas. Não temos aceito o que não entendemos porque não queremos passar por tolos.Temos amontoado coisas e segurança por não termos um ao outro. Não temos nenhuma alegria que já não tenha sido catalogada.Temos construído catedrais, e ficado do lado de fora, pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas.Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos.Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo.Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda.Temos procurado nos salvar, mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes.Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer sua contextura de ódio, de amor, de ciúme e de tantos outros contraditórios.Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar nossa vida possível. Muitos de nós fazem arte por não saber como é a outra coisa.Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada.Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos o que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma gafe.Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses.Não temos sido puros e ingênuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer "pelo menos não fui tolo" e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz. Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos.Temos chamado de fraqueza a nossa candura.Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo.E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia. Mas eu escapei disso, Lóri, e esperarei com a ferocidade com que se escapa da peste, Lóri, e esperarei até você também estar mais pronta.


(Clarice Lispector - Uma aprendizagem ou o Livro dos Prazeres)

sábado, 26 de maio de 2012

Fazes-me falta


Desfiar tua ausência, pois me aflige
tecer sozinha este enternecimento,
e meu corpo é bordado pensamento
de juntar teu desejo ao meu desejo (...)

Musicar tua ausência, que meu sonho
 — em cada gesto que se prenuncia
compõe nas veias pautas de agonia,
acordes dissonantes em meu corpo.

(Yeda Prates Bernis)

sexta-feira, 18 de maio de 2012

...é a mesma falta de sentido que tem a veia que pulsa. E enquanto vivo me estremeço toda.


Fixo instantes súbitos que trazem em si a própria morte e outros nascem - fixo os instantes de metamorfose e é de terrível beleza a sua seqüência e concomitância.
Agora está amanhecendo e a aurora é de neblina branca nas areias da praia. Tudo é meu, então. Mal toco em alimentos, não quero me despertar para além do despertar do dia. Vou crescendo com o dia que ao crescer me mata certa vaga esperança e me obriga a olhar cara a cara o duro sol. A ventania sopra e desarruma os meus papéis. Ouço esse vento de gritos, estertor de pássaro aberto em oblíquo vôo. E eu aqui me obrigo à severidade de uma linguagem tensa, obrigo-me à nudez de um esqueleto branco que está livre de humores. Mas o esqueleto é livre de vida e enquanto vivo me estremeço toda. Não conseguirei a nudez final. E ainda não a quero, ao que parece.

Esta é a vida vista pela vida. Posso não ter sentido mas é a mesma falta de sentido que tem a veia que pulsa.

(Clarice Lispector - Água Viva)