Nunca fui apologista de publicar a minha vida na internet.
Escrevo aqui e no Facebook alguns "flashes" que considero que não invadem a minha/ nossa privacidade.
Não publico fotos dos meus filhos, mas chamo-os pelos nomes.
Não publico fotos com o meu marido, mas todos os meus amigos sabem quem ele é.
Só aceito pedidos de amizade de pessoas que realmente conheço.
Mas hoje estou a precisar de escrever para mim e no final decidirei se posso ou não publicar.
Licenciei-me com 21 anos. (Era uma criança!)
Trabalhei os primeiros anos na minha área (Marketing) e aprendi muito.
Juntei algum (pouco) dinheiro que depois, com 23 anos, "enterrei" na minha primeira sociedade falhada!
Felizmente percebi cedo o tamanho do erro e mudei de rumo.
Voltei ao mercado de trabalho, casei, nasceu a minha filha e decidi - porque na altura pude dar-me a esse luxo - ficar com ela até aos dois anos e meio e acompanhá-la na primeira infância.
Findo esse tempo senti necessidade de voltar ao trabalho.
Já não me sentia realizada no Marketing. Antes da Maria nascer cheguei a trabalhar 15 horas por dia na empresa onde estava! E isso já não fazia sentido.
Organizei eventos, tirei um curso profissional de Contabilidade e trabalhei depois algum tempo nessa área.
Durante uma temporada trabalhei em casa. Não tinha horários para nada. Chegava a desligar o computador às 4 da manhã e às 7 já estava a ligá-lo novamente.
Também não ficaria aqui muito mais tempo.
Aos fins-de-semana rumava ao Porto onde tirei uma Pós-Graduação em Gestão de Ginásios e Health-Clubs e depois disso fui "abrir" um ginásio.
Mais tarde nasceu o meu filho e, mais uma vez, fiz uma pausa para ficar com ele.
Apaixonada por crianças, já trabalhei como auxiliar de acção educativa só pelo prazer da "profissão".
Antes disso tirei a carta de condução de carrinhas de transporte de crianças.
O meu CV tem de tudo; já experimentei fazer imensas coisas. Sempre estive à procura do meu caminho.
Ganhei alguns prémios em exposições de pintura e fotografia (antes de entrar na faculdade e quando pensava que se podia viver da arte em Portugal), e sempre estive ligada às artes.
E eis que, com 33 anos, e questionando tudo mais uma vez, entrei no mundo dos bolos, do cake design, e apaixonei-me.
Quis aprender mais. Tirei vários cursos profissionais com excelentes formadoras. Investi em mim e nesta área. Dedico-me. Procuro. Leio. Treino.
Mas como toda a gente tenho contas para pagar, tenho dois filhos, a mais velha estuda num colégio privado e eu não estou a trabalhar.
Há muito tempo que não viajo. E que saudades tenho! E que falta nos faz!
Mas sabem o que me custa mais do que ter de cortar nas férias?
É não poder dar-me ao luxo de gastar 650€ nesta formação, que embora me fosse enriquecer muitíssimo mais que o valor gasto, não teria retorno. Não em Portugal. Não aqui, onde as smart shops abrem como cogumelos mas quem quer vender bolos não consegue legalizar-se.
E mais uma vez tenho de tomar uma decisão...