a Zila (in memórian)
Em caixa guardado
sozinha furtei
retrato amado
pra ele olhei.
A vejo de perto
de olhos tristonhos
olheiras pintadas
escondem seus sonhos.
Cabelos sedosos
nos ombros caindo
contornam a face
amada - que lindo!
Seu vulto menina
faceiro, risonho
- embora bem longe
falava de sonho.
Fecho meus olhos:
de musgos molhada
vejo outra face
no mar encantad!
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Tributo a Zila
Se você estivesse entre nós, eu cantaria uma canção, como seu canto de amor à terra, com versos de flor do campo; faria ume coroa de girassóis amarelos e do vermelho do milharal em flor, para lhe adornar... Mas, "procuro em vão os milharais vermelhos, de vermelhas papoulas adornando as vaidosas tranças das espigas, bonecas brancas, minha meninice"...que ficou distante de nós, escorregou nas águas, voou com as palavras, perdeu-se no tempo... [...]
Se você estivesse esperado mais, teria visto do alto de sua janela, naquela manhã, que a chuva estava com seu véu finíssimo prestes a escorregar das nuvens, e o sol continuava oculto. O mar, então, não recebia seus raios coloridos, cheios de magia e encantamento... nem suas ondas beijavam as areias, languidamente... A suave brisa do mar estava fria e as areias molhadas - antes quentes e fofinhas -, não ofertavam o lugar ideal ao exercício de seu corpo e de sua mente, em tempos de conversas com versos... Mas, você estava ansiosa por liberdade - pelo passeio nas areias da praia; pelo encontro matinal com seus amigos-poetas; pelo abraço à imensidão do mar e pela suavidade e carinho de suas águas ecorregando em seu corpo...
E você partiu cheia de graça antecipada. Sua alma, impregnada de lirismo, em canto de amor ao mar, como você anunciou em sua canção: "Quero abraçar, na fuga, o pensamento da brisa, das areias, dos sargarços; quero partir levando nos meus braços a paisagem que bebo no momento". E agora, o sussurro de sua voz: "Empossei-me dos caminhos convergentes para o mar... Fui areia, agora búzios chamando os ventos do mar... Agora nascida estrela, algas, recifes coral, não me contentam areias nem me prende litoral... Sou como o sal das salinas pois fui nascida no mar"...
E junto aos irmãos, à família, aos amigos, à natureza - parceiros de seu caminhar no mundo - minha voz se eleva neste canto de amor!
ZILA, DEUS LHE ABENÇOE!
(Texto publicado em 20 de outubro de 2008, no Diário de Natal, atualizado em outubro de 2009,
homenageando minha irmã Zila Mamede, pela data de 13 de dezembro de 1985, quando o mar a levou de nosso convívio).
Se você estivesse esperado mais, teria visto do alto de sua janela, naquela manhã, que a chuva estava com seu véu finíssimo prestes a escorregar das nuvens, e o sol continuava oculto. O mar, então, não recebia seus raios coloridos, cheios de magia e encantamento... nem suas ondas beijavam as areias, languidamente... A suave brisa do mar estava fria e as areias molhadas - antes quentes e fofinhas -, não ofertavam o lugar ideal ao exercício de seu corpo e de sua mente, em tempos de conversas com versos... Mas, você estava ansiosa por liberdade - pelo passeio nas areias da praia; pelo encontro matinal com seus amigos-poetas; pelo abraço à imensidão do mar e pela suavidade e carinho de suas águas ecorregando em seu corpo...
E você partiu cheia de graça antecipada. Sua alma, impregnada de lirismo, em canto de amor ao mar, como você anunciou em sua canção: "Quero abraçar, na fuga, o pensamento da brisa, das areias, dos sargarços; quero partir levando nos meus braços a paisagem que bebo no momento". E agora, o sussurro de sua voz: "Empossei-me dos caminhos convergentes para o mar... Fui areia, agora búzios chamando os ventos do mar... Agora nascida estrela, algas, recifes coral, não me contentam areias nem me prende litoral... Sou como o sal das salinas pois fui nascida no mar"...
E junto aos irmãos, à família, aos amigos, à natureza - parceiros de seu caminhar no mundo - minha voz se eleva neste canto de amor!
ZILA, DEUS LHE ABENÇOE!
(Texto publicado em 20 de outubro de 2008, no Diário de Natal, atualizado em outubro de 2009,
homenageando minha irmã Zila Mamede, pela data de 13 de dezembro de 1985, quando o mar a levou de nosso convívio).
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
Dança da libélula
Percorri os caminhos das ciências dos homens
- animais, plantas, terra, água, céus, mas nunca vi
uma dança no ar. Mas, a libélula,de asas diáfanas, doiradas de sol,
movimentava-se como as bailarinas clássicas, rodopiando, rodopiando,
tal pião solto do fio... Sempre apressada, trocava de lugar através do mimetismo
entre caules e folhagens verdes e amarelas... Eram imagens
e ecos da disputa entre uma libélula e um sapo.
Ouvi falas de animais, de homens, do vento, da chuva
mas nunca escutei a música da dança da libélula
- bater de asas girando, girando com rapidez -, ao som
da orquestração de besouros e cigarras,
ludibriando sapo asqueroso com seus gestos.
Vi o teatro da natureza - serras azuis -, cortina verde
em palco cheio de flores, muitas flores, animais,
ouvindo-se o canto do sabiá. Mas, nunca vi uma libélula,
numa dança, em instantes, abrir incisão em talo verde:
aí, escondeu seus ovos da língua fina e afiada dum sapo.
Num labor constante, este queria roubar-lhe,
em ágeis movimentos, seu maior tesouro,
gerado do amor materno.
Somente o tempo e a ciência encontraram a conclusão...
(Postado por Maria José Mamede Galvão, inspirada em programa de televisão sobre o tema: "Coisas que meus olhos não alcançam").
- animais, plantas, terra, água, céus, mas nunca vi
uma dança no ar. Mas, a libélula,de asas diáfanas, doiradas de sol,
movimentava-se como as bailarinas clássicas, rodopiando, rodopiando,
tal pião solto do fio... Sempre apressada, trocava de lugar através do mimetismo
entre caules e folhagens verdes e amarelas... Eram imagens
e ecos da disputa entre uma libélula e um sapo.
Ouvi falas de animais, de homens, do vento, da chuva
mas nunca escutei a música da dança da libélula
- bater de asas girando, girando com rapidez -, ao som
da orquestração de besouros e cigarras,
ludibriando sapo asqueroso com seus gestos.
Vi o teatro da natureza - serras azuis -, cortina verde
em palco cheio de flores, muitas flores, animais,
ouvindo-se o canto do sabiá. Mas, nunca vi uma libélula,
numa dança, em instantes, abrir incisão em talo verde:
aí, escondeu seus ovos da língua fina e afiada dum sapo.
Num labor constante, este queria roubar-lhe,
em ágeis movimentos, seu maior tesouro,
gerado do amor materno.
Somente o tempo e a ciência encontraram a conclusão...
(Postado por Maria José Mamede Galvão, inspirada em programa de televisão sobre o tema: "Coisas que meus olhos não alcançam").
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