Uma tarde, um documentário.
No Direction Home: Bob Dylan realizado por Martin Scorsese, realizador de ascendência italiana que, desde 1999, tem dedicado algum do seu tempo à feitura de documentários.
Dylan é um mundo. Fazer o histórico da sua vida social e musical implicaria não 3h30 de filme mas, possivelmente o triplo.
A "espinha" do documentário será o momento negativo que Bob Dylan atravessou por alturas do seu primeiro registo eléctrico. Pegando em imagens de concertos dos anos 1965/66, nos quais era apupado, Martin Scorsese faz uma larga pesquisa dos músicos que ouvia, que admirou e que o influenciou. Faz também um relato dos momentos que marcaram os primeiros 30 anos de vida.
A última hora e meia do documentário foca a questão interessante do Bob Dylan transformado e transtornado pelas críticas de fãs. É curioso visionar que a questão "o artista mudou: ele é falso" repete-se ao longo da história criativa cultural.
Mais, repete-se como o principal valor que leva ao artista mudar: estagnar não é futuro. Assim, procurar novos sons, novas formas de se exprimir e se sentir realizado é a ordem natural das coisas. Tal como é natural a resistência de quem aprecia a cadência de Bob Dylan folk e acústico ao vê-lo a tocar com o poder do eléctrico. Os comentários dos fãs eram reveladores: "vendeu-se à Pop", "é um hipócrita", "é um falso".
Afinal, aquela frase do "death to false Metal", bem como o conceito que encerra, não é tão original como pensava que fosse...