sábado, 28 de novembro de 2009

Pintura

Gustave Moureau, pintor simbolista e pós impressionista do séc. XIX.

Poesia


(»Romeu e Julieta» de Tchaikovski sem Shakespeare. Na plateia os jovens beijam-se, lambem o açucar das peles)
Romeu e Julieta
nunca se amaram assim
à Tchaikoviski
com duelos de espadas de papel,
acordes de folhetim,
veneno fácil num frasco perfumado de violeta,
violinos com danças de gestos de mel...
Vejo-os sempre ligados um ao outro,
cães de amor
na cama obscena do mesmo túmulo
- com morte,
sémen
ódio,
dentes,
pele...
De José Gomes Ferreira, in Poesia. IV
Poemas escritos entre 1949-1950

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Bom fim de semana...










Ir ao teatro, poderá a partir de hoje ainda ter mais encanto...
Pobretes mas alegretes...
A magia da côr, a luz, o encanto da noite e a vida dramatizada no belo D. Maria, é sempre motivo para passar pelo Rossio... por mim ou por um de vós...

Eu espero ir ver a Senhora D. Eunice.

Bom fim de semana...

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Allegro appassionato,de Sains-Saens,por J. Du Pré

Em Busca do Tempo Perdido (2)




A mulher pintada e a real

"Essa semelhança conferia lhe uma beleza, tornava-a mais preciosa. Swann acusou-se de ter desconhecido o valor de um ser que teria parecido adorável ao grande Sandro, e felicitou-se pelo facto de que o prazer que ele tinha ao ver Odette encontrasse uma justificação na sua própria cultura estética."
in, O Caminho Guermantes
Proust tem como essência a semelhança e a aparência. Por elas vê as artes, procurando captar o que há de comum entre as formas. Frequentou o Louvre na juventude e fez viagens a Veneza, Pádua, Holanda e Bélgica. Contudo, a sua aproximação à arte vinha de um outro modo: por meio de reproduções, sobretudo fotográficas.

Proust tinha por hábito comparar os seus personagens aos das telas famosas, como é o caso da relação entre Odette de Crécy, paixão de Charles Swann, e Séfora, a rapariga de cabelos dourados e rosto visível na esquerda da tela As Provações de Moisés (detalhe) , de Sandro Botticelli.

(pesquisa na Revista Bravo!, de Março de 2009




quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Em busca do tempo perdido....(1)

(clicando em cima da imagem, aumenta...)
O choque do detalhe
"Ele notou pela primeira vez algumas figurinhas em azul, que a areia era rosa e, finalmente, a preciosa substância do minúsculo trecho de muro amarelo. Sua tontura aumentou; ele fixou o olhar, como uma criança numa borboleta amarela que deseja apanhar"

MARCEL PROUST cita mais de cem obras de arte em "Em busca do tempo perdido". A partir de um livro que analisa o romance, Jorge Coli escreve um ensaio sobre a relação do autor francês com a pintura.
Alguns trechos de Em Busca do Tempo Perdido são verdadeiros manifestos sobre a arte, como aquela em que Proust fala sobre o muro amarelo que aparece no quadro Vista de Delft , de Vermeer.
No quinto volume , A Prisioneira, o personagem Bergotte, um escritor, aprecia o quadro à procura de um detalhe: o pequeno muro amarelo comentado por um crítico da época. Quando se depara com a mancha amarela na extremidade direita do quadro, ele tem um ataque fulminante e morre ali mesmo, no chão do museu.


(pesquisa in Revista Bravo!, de Março de 2009)

De Vermeer de Delft

Gosto do pintor e da cidade...

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Uma pérola...

Na minha pequena/grande livraria de eleição, Galileu, que agora explora a livraria do museu Casa das Histórias, de Paula Rego, há uns meses que tem como um dos livros recomendados, uma pequena pérola que só há tempo descobri e li, DJAMILA, de TCHINGUIZ AITMATOV.
Ao que parece estava desaparecido e foi de novo reeditado.
Das estórias de amor mais lindas que tenho lido e que recomendo a quem não leu, talvez uma minoria…
Sobre ela Aragon, escreveu:
“Nada disto nos explica, porém, que, algures na Ásia Central, um jovem tenha escrito, no início do século XX, uma história que é – juro-o – a mais bela história de amor do mundo. Uma história mais ao menos breve e imensa. Uma história de amor onde não há uma palavra inútil, uma frase que não tenha eco no coração”.

Editada pela RELÓGIO D ÁGUA,

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Insondáveis caminhos do vinho...



Li há dias que a colheita deste ano quente de 2009, vai dar vinhos com os quais podemos começar a sonhar...

Só uma alma latina, temperamental, sabe que tem de beber vinho na estação das rosas, antes que ela passe e as rosas murchem...
Diz-se do sonhador que vive alheado da realidade, que sem o complemento do sonho, a vida é uma seca...

domingo, 22 de novembro de 2009

A escultura e os afectos...

O beijo, de Brancusi

Domingo, 22...



Já não vivi em vão
Já escrevi bem
Uma canção.

A vida o que tem?
Estender a mão
A alguém?

Nem isso, não.
Só o escrever bem
Uma canção.

Fernando Pessoa
(Para si, M. e pela sua alegria de viver..., Parabéns!)

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Olhares...

Fotografia de Herbert Bayer,
"Habitante solitário da grande cidade",

Gosto de Villaverde Cabral como eminente sociólogo que o é.
Foi nomeado Coordenador do Instituto do Envelhecimento e disse, ontem, em entrevista ao Público de ontem:
" A política portuguesa para o envelhecimento é pensões e saúde. Não há mais nada."
" Fazer prolongar a esperança de vida é mais fácil do que convencer as famílias a terem bebés. E Portugal tem pouca política para a infância e para a facilitação da vida das mulheres, das mães jovens que trabalham e que pretendem continuar a trabalhar."
"Não é à toa que se falado da viúva alegre e não do viúvo alegre. As mulheres ,enfim, sobrevivem melhor..."
Tenhamos esperança que não passe de mais um
"instituto".... e que políticas concretas avancem para a "mais valia" que é a idade com qualidade.